Instagram interrompe desenvolvimento de versão infantil em meio a críticas
Rede social está na berlinda após reportagens apontarem que empresa sabia do impacto negativo que tinha na vida de adolescentes
Thiago Lavado
Publicado em 27 de setembro de 2021 às 10h22.
O diretor do Instagram , Adam Mosseri, anunciou em uma entrevista nesta segunda-feira, 27, que está interrompendo o desenvolvimento de uma versão do Instagram para crianças . O anúncio acontece depois que a rede social recebeu severas críticas nos últimos dias sobre o impacto que causa na vida de adolescentes.
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Uma série de reportagens do jornal americano The Wall Street Journal mostrou, recentemente, que o Facebook tem dados que mostram que o Instagram torna a vida de alguns de seus usuários pior — garotas adolescentes, por exemplo. As matérias foram feitas com base em dados vazados ao jornal e mostram, em resumo, que a plataforma está ciente dos efeitos negativos — como depressão e ansiedade — que é capaz de causar, na pressão pela "vida perfeita".
O Facebook e o Instagram vinham trabalhando no desenvolvimento de uma versão da rede para menores de 13 anos — idade em que é permitido usar redes sociais com coleta de dados nos EUA. A ideia era que não houvesse publicidade e a versão permitisse monitoramento dos pais.
"Eu ainda acredito que é uma boa ideia construir uma versão do Instagram que seja segura para adolescentes, mas nós queremos ter mais tempos para falar com pais e pesquisadores e especialistas em segurança e conseguir maior consenso sobre como devemos seguir em frente", disse Mosseri ao programa Today.
Quando notícias surgiram de que o Instagram trabalhava em uma versão para crianças, em março, mensagens internas da empresa afirmavam que a empresa havia identificado a necessidade de um "pilar juvenil" como prioridade.
A reportagem do WSJ sobre saúde no Instagram repercutiu com gravidade nos EUA, e colocou Mosseri em uma posição defensiva. O chefe do Instagram foi, posteriormente, criticado por uma declaração em que comparava mortes em acidentes de carros com o uso problemático das redes sociais."Acredito que qualquer coisa que for usada em escala terá resultados positivos e negativos. Carros têm resultados positivos e negativos. Nós entendemos isso. Sabemos que mais pessoas acabam morrendo porque existem acidentes de carro. Mas em geral, os carros criam muito mais valor no mundo do que destroem. E eu acho que as redes sociais são similares", disse Mosseri.
Atualmente a política do Instagram proíbe contas de pessoas com menos de 13 anos — e a plataforma remove esses perfis. Essa postura está em linha com oAto de Proteção da Privacidade Online de Crianças (COPPA, na sigla em inglês) estabelece que é necessária autorização parental antes que um aplicativo ou serviço, o que inclui as redes sociais, colete dados de usuários menores de 13 anos.
A lei estabelece que, se uma empresa tem conhecimento que um usuário é menor de 13 anos, fica obrigada a conseguir o consentimento dos responsáveis ou deletar as informações pessoais.