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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 12h37.
No rastro do crescimento da internet brasileira, escondem-se outros serviços, de potencial ainda maior. O fenômeno mais claro está no varejo online. Enquanto o número de internautas domiciliares cresceu apenas 5% em 2004, o de compradores virtuais passou de 2,5 milhões para 3,2 milhões de pessoas - ou seja, um salto de 30%.
"Não é euforia. O potencial de expansão do varejo online é inegável", diz Tânia Sztamfater, analista de internet do Unibanco, que nesta semana começou a acompanhar as ações do Submarino, na Bovespa.
A iniciativa do Unibanco pode ser um grande indício de que o mercado, finalmente, está perdendo o trauma da famosa bolha da internet. As previsões astronômicas - para daqui a 10, 20, 30 anos - deram lugar a uma análise real dos balanços das empresas. O Submarino, por exemplo, entrou no ano azul em 2004. Dos 52 milhões de reais de prejuízo apresentados em 2000, a empresa registrou lucro líquido de 6,3 milhões de reais no ano passado.
Segundo a analista do Unibanco, mesmo adotando uma posição conservadora, foi possível recomendar um "buy" (compra) paras os papéis do Submarino nessa semana. Tânia aposta em um preço-alvo de 23,80 reais por ação, enquanto nos últimos dias o preço médio tem sido de 15 reais. "O crescimento pode não ser explosivo, mas a tendência de expansão do comércio eletrônico é certa", diz a analista.
Devagar e sempre
O número de compradores online, no Brasil, ainda é pequeno. Estima-se que, do total de internautas, apenas 15% tenham o costume de comprar pela web. No Uruguai, essa parcela é de 35%. Nos Estados Unidos, chega a 70%.
Existiria algum problema específico ao mercado brasileiro? Cid Torquato, presidente da Câmara e-Net, acha que não. "Nossa internet é modelo no mundo, estamos no caminho certo", diz. Ele admite que o país tem limitações sócio-econômicas, mas que ainda assim existe um público com poder aquisitivo suficiente para participar do varejo online. "É apenas uma questão de tempo", completa Torquato.
As vendas pela internet no Brasil - excluindo automóveis, leilões e turismo - movimentaram 1,7 bilhões de reais em 2004, segundo a consultoria e-Bit. CDs e DVDs ainda lideram a preferência do internauta, mas já é possível identificar novas tendências de consumo virtual. No final do ano passado, os eletrônicos ultrapassaram os livros como o segundo grupo de artigos mais comprados. O motivo? Câmeras digitais. A vedete dos eletrônicos atraiu a atenção do internauta, ajudando a derrubar o mito de que o brasileiro compra apenas objetos de baixo valor pela internet. Prova de que, dependendo da oferta, o internauta é capaz de abrir exceções.