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Uber quer seduzir Chile após trajetória bem-sucedida na América Latina

O Uber, aplicativo que põe em contato passageiros e motoristas particulares, quer continuar sua expansão na América Latina com a conquista do mercado chileno

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Da Redação

Publicado em 24 de agosto de 2015 às 15h28.

Após uma bem-sucedida chegada a Brasil, México e Colômbia, o Uber, aplicativo que põe em contato passageiros e motoristas particulares, quer continuar sua expansão na América Latina com a conquista do mercado chileno.

A empresa americana oferece seus serviços em Santiago há um ano e meio e aumentou consideravelmente o número de usuários e de motoristas associados.

"Os usuários aumentaram em 350% no último ano, os motoristas associados em 600%, e percorremos três milhões de quilômetros", afirmou à Agência Efe María Argüello, gerente de expansão do Uber no Chile.

Como na maioria das cidades onde opera, o Uber conta na capital chilena com a oposição dos taxistas e não tem apoio das autoridades, mas planeja continuar crescendo e se apresenta como um complemento às opções de mobilidade urbana existentes.

Soledad Lago, gerente de comunicações para o Cone Sul, destacou à Efe que a experiência do Uber em mais de 300 cidades de 59 países demonstra que o aplicativo desestimula o uso do automóvel particular.

"Isso em uma cidade como Santiago tem um impacto na congestão veicular e nos níveis de poluição", ressaltou Lago, acrescentando que no Chile a empresa pretende quintuplicar até o final de ano seu atual volume de negócios.

Fundado em 2009 em San Francisco (EUA), o Uber se estendeu por todo o mundo, com uma boa recepção também na América Latina, onde opera em cidades de Brasil, Colômbia, México, Chile, Peru e Panamá.

O aplicativo para telefones celulares permite aos usuários entrar em contato com motoristas registrados em seu sistema. As tarifas dependem da distância percorrida e do tempo, como nos táxis tradicionais, e quando termina o trajeto, o preço é debitado no cartão de crédito do usuário.

Para a gerente de comunicações do Uber, as principais vantagens são a comodidade de pagamento e a segurança dos usuários, que têm informações sobre o motorista e sabem como ele foi avaliado por outros passageiros.

Os requisitos para ser motorista é um dos pontos mais controvertidos. Para o serviço mais econômico, é preciso ter carteira de habilitação e um veículo de quatro portas em bom estado e com documentação em dia.

Também se exige do motorista um certificado de antecedentes criminais e avaliações psicológicas e médicas presenciais.

O Uber tornou-se uma lucrativa opção para motoristas profissionais que têm horários flexíveis ou como segundo emprego para os que desejam melhorar sua renda.

Leonel Gómez é motorista associado desde praticamente quando o Uber chegou ao Chile. Ele trabalhou muitos anos em uma empresa de segurança e transporte de políticos e diplomatas, mas decidiu dar uma reviravolta profissional para dedicar mais tempo à família.

"Agora só presto serviços ao Uber. Escolho meu horário, mas sou constante porque tenho dois filhos, um na universidade, e este é meu trabalho", contou ele à Efe.

Leonel viu crescer o perfil dos usuários do Uber. Se no início, 90% eram jovens profissionais, agora há usuários de diferentes idades, em sua maioria de classes média e alta.

A entrada em cena do Uber pôs em pé de guerra os taxistas e as autoridades nos países onde o serviço se estabeleceu, e o Chile não é exceção.

Luis Pérez, presidente da Confederação Nacional de Táxis do Chile, pede às autoridades que adotem linha dura com o Uber, cujo serviço ele classifica como "degradante", e não descarta organizar protestos contra a empresa, como ocorreu em outros países.

Por sua vez, o governo chileno considera que o Uber oferece um serviço "informal" porque os veículos não estão inscritos no Registro Nacional de Transporte Público, disse à Efe o subsecretário de Transportes, Cristián Bowen.

De acordo com ele, os usuários de Uber "põem em risco sua integridade" e não têm certeza de que o motorista seja um profissional. Por isso, as autoridades reforçaram a fiscalização dos serviços 'piratas' de transporte que operam em Santiago.

Segundo Paula Flores, chefe de fiscalização da Subsecretaria de Transportes, em 2014 foram realizadas 19.000 fiscalizações, e mais de 2.200 veículos que transportavam passageiros foram retirados de circulação, mas não se pôde confirmar se trabalhavam com o Uber ou eram táxis ilegais.

Flores explicou à Efe que aumentou o número de multas aos motoristas que levam passageiros sem estarem registrados legalmente, embora a legislação não permita sancionar empresas como o Uber.

A companhia argumenta que oferece uma "solução tecnológica" e espera provocar mudanças nas normas chilenas tal como ocorreu no México, onde o governo da capital anunciou recentemente que regulará as empresas de serviço privado de passageiros que usam aplicativos para smartphones.

"O Uber não pode estar no mesmo pacote de uma empresa de transporte tradicional", opinou Soledad Lago.

"É preciso que a regulação evolua e se adapte às novas tecnologias que mudam o modo como as pessoas vivem e são transportadas", concluiu.

 

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