Twitter fecha milhares de contas acusadas de fake news ao redor do mundo
"De acordo com nossa política sobre a manipulação em nossa plataforma, suspendemos permanentemente todas essas contas", anunciou o Twitter
AFP
Publicado em 20 de setembro de 2019 às 17h36.
O Twitter informou nesta sexta-feira (20) que fechou milhares de contas em todo o mundo por divulgarem notícias falsas, entre elas mais de mil relacionadas ao partido Alianza PAÍS, do presidente equatoriano, Lenin Moreno, e mais de 200 operadas pelo Partido Popular espanhol.
"De acordo com nossa política sobre a manipulação em nossa plataforma, suspendemos permanentemente todas essas contas", anunciou o Twitter.
A lista inclui 1.019 contas equatorianas - a maioria falsas - vinculadas ao partido político do governo Alianza PAÍS, que "disseminou principalmente conteúdo sobre a administração do presidente Moreno, concentrando-se em questões relacionadas às leis equatorianas sobre liberdade de expressão, censura, governo e tecnologia", afirmou a rede social.
"As táticas mais usadas foram a manipulação de 'hashtags' e o encaminhamento de 'spam'", acrescentou.
Também eliminou 259 contas originárias da Espanha que "artificialmente impulsionaram a opinião pública" no país.
"Operadas pelo Partido Popular, elas consistiam, principalmente, em contas falsas com um comportamento de 'spam', ou que faziam retuítes para aumentar a interação", explicou o Twitter.
A medida é a última de uma série de ações dos gigantes das redes sociais, como Facebook e Twitter, que vêm tomando medidas contra a manipulação perpetrada com frequência por entidades controladas pelo estado que disfarçam suas contas.
No mês passado, uma decisão similar do Facebook eliminou contas falsas com sede no Egito, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos por publicarem informações errôneas sobre alguns pontos do conflito do Oriente Médio e outras com "comportamento inautêntico coordenado" enfocado em Hong Kong.
Arábia Saudita e Hong Kong
O Twitter também suspendeu 4.258 contas que "operavam exclusivamente com base nos Emirados Árabes, visando principalmente ao Catar e ao Iêmen". Essas contas publicavam informações falsas sobre a guerra no Iêmen, onde Riad ajuda militarmente o governo desde 2015 na luta contra os rebeldes huthis. O grupo tem o apoio do Irã.
Outras 267 contas "interconectadas" originárias dos Emirados Árabes Unidos e do Egito foram fechadas após a detecção de que era "uma operação de informações multifacetadas dirigida principalmente contra o Catar e outros adversários, como o Irã".
O restante da lista inclui seis contas "vinculadas ao sistema de mídia estatal da Arábia Saudita", que "foram apresentadas como mídia independente enquanto tuitavam favoravelmente sobre o governo daquela nação", assim como a conta de Saud al-Cahtani, ex-conselheiro do príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman na corte real, "por violações de nossas políticas de manipulação".
Por fim, o Twitter anunciou a publicação de dados sobre 4.302 contas falsas que participaram da rede de 200.000 contas, "tentando semear discórdia sobre o movimento de protesto em Hong Kong" e foram identificadas em agosto.
O Twitter e o Facebook são proibidos na China continental. Hong Kong registrou meses de protestos nos quais os cidadãos se manifestavam contra o que afirmam ser uma redução das liberdades sob o controle de Pequim.
Enquanto Pequim não interveio diretamente, sua poderosa máquina de meios aumentou uma guerra de palavras.
As tentativas de silenciar as contas administradas pela China no Twitter e no Facebook foram recebidas com protestos e denúncias de hipocrisia no continente.