Limpa-folha-do-nordeste: ele foi encontrado pela última vez na natureza em 2011 (Ciro Albano)
Da Redação
Publicado em 27 de agosto de 2014 às 17h50.
São Paulo - A fauna da Mata Atlântica nordestina acaba de perder três espécies nativas.
Esta é a conclusão de ornitólogos brasileiros e estrangeiros, divulgada em julho por uma publicação do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP).
A corujinha caburé-de-pernambuco (Glaucidium mooreorum) e dois parentes do joão-de-barro, o gritador-do-nordeste (Cichlocolaptes mazarbarnetti) e o limpa-folha-do-nordeste (Philydor novaesi) - na foto acima - são considerados extintos porque não foram vistos na natureza há muito tempo.
Os últimos registros oficiais da corujinha caburé-de-pernambuco foram feitos através de seu canto em 1990 e a coleta de dois indivíduos em 1980.
Já o limpa-folha-do-nordeste foi encontrado pela última vez na natureza em 2011 e o gritador- do-nordeste somente na Reserva Natural no Nordeste, em 2005.
“As três espécies são as primeiras aves nativas do Brasil consideradas como potencialmente extintas”, afirma Luís Fábio Silveira, doutor em Ciências Biológicas pela USP e um dos autores do artigo sobre a extinção dos pássaros.
O habitat destas aves era uma estreita faixa de Mata Atlântica ao norte do Rio São Francisco, entre os estados de Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte.
Segundo os pesquisadores, a principal causa do desaparecimento das espécies é o avanço do desmatamento na região.
“Fatores como o avanço das usinas de álcool, bastante comuns no Nordeste, a poluição, as queimadas e a caça de animais silvestres prejudicaram muito os ambientes naturais nativos da Mata Atlântica nordestina”, diz Silveira.
A possível extinção destas espécies provoca um desequilíbrio ambiental, já que as aves são importantes para a polinização de flores, dispersão de sementes, controles de pragas e até a relação com outros animais.
Para os cientistas, a criação de Unidades de Conservação (UCs) e corredores ecológicos é uma estratégia importante para proteger a fauna e flora nos pequenos fragmentos de áreas nativas restantes da Mata Atlântica nordestina.