Tecnologia

TJSP condena Google a indenizar Rubens Barrichello em R$ 200 mil

Empresa já havia sido responsabilizada por manter perfis falsos e comunidades difamatórias no Orkut em 2009 e recorreu, mas voltou a ser condenada

Rubinho voltou a vencer o Google na Justiça brasileira (Mark Thompson/Getty Images)

Rubinho voltou a vencer o Google na Justiça brasileira (Mark Thompson/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 25 de outubro de 2010 às 18h38.

São Paulo – Depois de perder em primeira instância, o Google voltou a ser condenado a indenizar o piloto de Fórmula 1 Rubens Barrichello, desta vez em decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), por danos morais. No processo que move desde 2006, Rubinho acusa a empresa de manter perfis falsos e comunidades difamatórias no Orkut, mesmo após solicitar a remoção das páginas.

Na primeira condenação, proferida pela 15ª Vara Cível de São Paulo em novembro de 2009, o valor estipulado para a indenização foi de R$ 850 mil. O Google ainda foi condenado a pagar multa diária de R$ 1 mil para cada página indicada pelo piloto que fosse mantida no ar. A companhia recorreu ao TJSP, alegando que não é responsável pelo conteúdo criado pelos usuários da rede social e afirmando que “não pode exercer o papel de polícia ou de juiz em relação aos internautas”.

Entre outros argumentos, a defesa do Google dizia que a definição do caráter ofensivo dos conteúdos publicados dependia de critérios subjetivos, que não cabiam à empresa avaliar. No novo julgamento, realizado na última quinta-feira (21), no entanto, os desembargadores Francisco Lourenço, Ênio Zuliani e Carlos Teixeira Leite confirmaram por unanimidade a responsabilidade da empresa, embora tenham reduzido o valor da indenização para R$ 200 mil.

Advogada de Barrichello, Carolina Lyra Ranieri Amorim de Souza explica que todos os conteúdos indicados pelo piloto para remoção eram claramente ofensivos e contavam inclusive com palavras de baixo calão. Ela afirma ainda que já havia sido feito o pedido de remoção das páginas antes mesmo da abertura do processo judicial, mas que a empresa teria se negado a atender à solicitação. “Já ocorreu problema semelhante com outra rede social, caso em que o conteúdo foi retirado imediatamente do ar, sem a necessidade de encaminhamento à Justiça”, diz.

Em uma rápida busca no Orkut na tarde desta segunda-feira (25) era possível encontrar dezenas de perfis que utilizavam o nome e fotos de Rubens Barrichello, além de 91 comunidades que o citavam, a maioria em homenagem ao automobilista e algumas em tom pejorativo.

Rubinho não tem conta no Orkut nem em outras redes sociais, como o Facebook. O único cadastro oficial que o piloto mantém na internet é uma conta no site de microblogs Twitter (@rubarrichello). Segundo o piloto, todo o dinheiro recebido com a indenização será encaminhado para o Instituto Barrichello Kanaan, entidade que oferece apoio técnico a organizações sociais e escolas públicas.

Google vai recorrer ao STJ

Procurada pela reportagem de EXAME.com, o Google informou, em nota, que vai recorrer da sentença ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). A empresa diz que oferece “a plataforma tecnológica sobre a qual milhões de pessoas criam e compartilham seus próprios conteúdos", mas reafirma que não é responsável pelas informações publicadas na rede social por parte dos usuários. No texto, a companhia diz ainda que “espera que o STJ tenha um entendimento diverso sobre o tema”.

Leia a nota do Google, na íntegra:

“A respeito do processo movido por Rubens Barrichello, a empresa vem a público esclarecer que vai recorrer da decisão de segunda instância e que espera que o STJ tenha um entendimento diverso sobre o tema.

Cabe esclarecer que o Google não é o responsável pelo conteúdo publicado na Internet, mas oferece uma plataforma tecnológica sobre a qual milhões de pessoas criam e compartilham seus próprios conteúdos e acredita que essa liberdade de expressão é um dos fatores que tornam a Internet tão rica e útil para a sociedade. Os casos de uso indevido dessas plataformas serão removidos desde que plenamente identificados, mas o Google não exerce controle prévio sobre os conteúdos criados pelos usuários nem fará o papel de polícia ou de juiz em relação aos conteúdos criados pelos internautas.”

Acompanhe tudo sobre:EmpresasEmpresas americanasEmpresas de internetempresas-de-tecnologiaGoogleInternetOrkutRedes sociaisSitesTecnologia da informação

Mais de Tecnologia

União Europeia prepara novas acusações antitruste contra Microsoft

Apple pode ter primeira greve de sua história com funcionários do varejo

Professores gerados por inteligência artificial dão aulas em universidade de Hong Kong

Executiva da Baidu faz publicação polêmica no TikTok e pede demissão logo depois

Mais na Exame