dengue (Carlos Bassan)
Da Redação
Publicado em 5 de fevereiro de 2015 às 05h25.
Do início de janeiro até o dia 24, a cidade de São Paulo registrou 1 304 casos de dengue notificados, dos quais 120 autóctones (originados na própria região).
No mesmo período do ano passado, foram 495 notificações e 45 casos autóctones, com aumento de 163% nos números totais. Também foram registrados três casos de febre chikungunya na capital paulista, segundo dados divulgados hoje (4) pela Secretaria Municipal de Saúde.
Estima-se que, se esse ritmo persistir, os registros de dengue na cidade de São Paulo este ano ultrapassem os números de 2014, quando a doença afetou 28 995 pessoas e fez 14 vítimas. A quase totalidade (97,7%) dos casos foi no primeiro semestre.
Para tratar de estratégias de combate à dengue haverá uma reunião, no próximo dia 12, entre representantes da secretaria, diretores de postos de saúde e agentes com o objetivo de alertar os profissionais para o protocolo de sinais e sintomas, de modo a facilitar o diagnóstico, o mais rápido possível, evitando a evolução da doença, que é branda, mas pode apresentar complicações se não for tratada adequadamente. A vacina contra a dengue está em desenvolvimento pelo Instituto Butantã, mas só deve ficar pronta em 2017.
De acordo com o secretário adjunto de Saúde, Paulo Puttini, todos os profissionais dos postos serão orientados para identificar rapidamente os sinais e sintomas por meio de uma classificação de risco determinada pela secretaria.
Essa é uma medida que pode acelerar o atendimento nos pronto-socorros. Tudo depende do volume de procura, mas estamos preparados para o atendimento, que deverá ser distribuído em nossa rede. Todos os hospitais estão obrigados a atender o paciente com suspeita de dengue, afirmou.
Puttini lembrou que a dengue não exige internação, e sim acompanhamento ambulatorial. Ele explicou que a administração municipal implantará medidas emergenciais de combate com os 2,5 mil agentes de zoonoses, mas a principal colaboração deve vir da população. É possível evitar que a incidência seja tão alta. Nenhum país conseguiu erradicar a dengue sem envolver a sociedade. É preciso ficar atento aos criadouros, que podem ser qualquer coleção de água limpa, na qual a larva do mosquito possa se transformar.
O primeiro semestre do ano, normalmente, é um período em que a doença prolifera, devido às altas temperaturas do verão, mas outra preocupação da administração pública é o fato de as pessoas armazenarem água, diante a possibilidade de rodízio no abastecimento.
A cidade virou um berçário de mosquitos devido ao calor, que nunca foi tão intenso, como tem sido. Ao mesmo tempo, as pessoas armazenam água em recipientes, em casa, o que não é problema, mas é preciso cobrir esse reservatório com tela ou tampa, enfatizou.
Puttini ressaltou que, embora a nebulização de veneno mate o mosquito, não elimina as larvas. Podemos fazer a nebulização, mas temos que agir contra as larvas. Só utilizamos a fumaça quando vemos que há alto grau de transmissão naquela região.
Ele também lembrou que não há produtos que se coloque na água para evitar a proliferação de larvas. A cloração da água é importante para a potabilidade dela, mas não mata larva. Tem que tampar, reforçou.
Para confirmar a doença, é preciso fazer um exame de sangue cujo resultado fica pronto em três dias. Os sintomas são: febre alta, dores de cabeça, no fundo dos olhos, no corpo, além de dores articulares muito intensas e mal-estar. No caso da febre chikungunya, os sintomas são os mesmos, porém mais intensos.