Tecnologia

Steve Jobs: de marginalizado a visionário da Apple

Filho de uma jovem solteira, Jobs foi adotado, largou a faculdade sem diploma e viveu uma vida permeada por muitos sucessos e poucos fracassos. Morreu no topo

Steve Jobs em 2011 (Justin Sullivan/Getty Images)

Steve Jobs em 2011 (Justin Sullivan/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 6 de outubro de 2011 às 00h25.

O cofundador da Apple, Steve Jobs, é uma lenda do Vale do Silício, o homem que deu ao mundo não um, mas quatro produtos que se transformaram em ícones de uma era.

Jobs, o visionário por trás do computador Macintosh, o iPod, o iPhone e o iPad, morreu nesta quarta-feira aos 56 anos de idade devido a um câncer, apenas 42 dias depois de renunciar como presidente executivo da Apple, a companhia que colocou na vanguarda da revolução tecnológica dos últimos anos, depois de ter permanecido durante sete meses em licença médica.

Nascido em 24 de fevereiro de 1955 em San Francisco, de uma mãe solteira e adotado por um casal de Mountain View com apenas uma semana de vida, Jobs cresceu na área que um dia viria a ser converter no centro tecnológico que atualmente é conhecido como Silicon Valley, o Vale do Silício.

Como estudante secundarista, assistir a conferencia em Hewlett-Packard, na vizinha Palo Alto, e trabalhou durante um verão com Steve Wozniak, o engenheiro com quem anos mais tarde viria a fundar a Apple.

Jobs deixou o Reed College de Portland, Oregon, depois de um único semestre, mas continuou tendo aulas, incluindo uma de caligrafia, que citou como o motivo dos Macintosh serem desenhados com múltiplas tipografias.

Quando tinha 20 anos, fez uma viagem espiritual à Índia e voltou com a cabeça raspada e usando trajes indianos tradicionais.

Conseguiu trabalho como técnico dos videogames Atari e participava em um clube de garagem chamado "Homebrew Computer Club" (Clube dos Computadores Caseiras) com Wozniak, que, como Jobs, deixou os estudos.

Jobs tinha 21 e Wozniak 26 quando fundaram a Apple Computer na garagem da família Jobs em 1976.


Enquanto a Microsoft vendia licenças de seu software para fabricantes de computadores com preços populares, a Apple manteve sua tecnologia em privado e a oferecia para pessoas desejosas de pagar caro por um desempenho superior.

Sob a direção de Jobs, a companhia introduziu seus primeiros computadores Apple e depois o Macintosh, que se tornou muito popular nos anos 1980.

As inovações da Apple incluem o "mouse" para facilitar os usuários na ativação dos programas e a abertura de arquivos.

Jobs foi elevado a um status de ídolo pelos devotos da Macintosh, muitos dos quais se viram a si mesmos numa espécie de aliança rebelde contra o poderoso império da Microsoft, construído com seu onipresente sistema operacional Windows.

Jobs, que se transformou no garoto propaganda da Apple, passou de seus dias de célebre solteiro, que incluíram uma relação com a cantora folk Joan Baez, a de chefe de família com residência em Palo Alto.

Em 1991 se casou num cerimônia presidida por um monge budista. Teve três filhos com sua esposa e uma filha com mulher com quem manteve uma relação anterior a seu casamento.

Deixou a Apple em 1985 depois de uma luta de poder interna e iniciou a companhia NeXT Computer, especializada em terminais de trabalho sofisticadas para empresas.

Em 1986, cofundou a Pixar, que ganhou vários prêmios Oscar de animação, a partir de uma ex-unidade de gráficos por computador de Lucasfilm que, segundo boatos, comprou do cineasta George Lucas por 10 milhões de dólares.

Com isso construiu um estúdio responsável por superproduções campeãs de bilheteria como "Toy Story" e "Procurando Nemo".

A Apple caiu no ostracismo depois da partida de Jobs, mas os dois se reconciliaram em 1996, quando a companhia de informática comprou a NeXT por 429 milhões de dólares e Jobs subiu mais uma vez a seu trono.


Em 1997, Jobs substituiu Gil Amelio à frente da Apple. Foi quando o arqui-rival Microsoft investiu 150 milhões de dólares na companhia.

Desde então, fortaleceu-se mais do que nunca, reformando a linha Macintosh, lançando o reprodutor mp3 iPod, em 2001, e a loja de música on-line iTunes, em 2003.

Submeteu-se em 2004 a uma operação de câncer de pâncreas, mas voltou três anos mais tarde cm o iPhone e sua popular tela de touch.

A Walt Disney Co. comprou a Pixar por 7,4 bilhões de dólares em 2006, deu a Jobs um lugar em sua direção e o converteu no maior acionista unitário do gigante do entretenimento.

Jobs saiu novamente de licença médica em janeiro de 2009, mas voltou ao trabalho em junho desse mesmo ano, depois de submeter-se a um transplante de fígado. Seu aspecto físico sofreu profundas alterações, mas ele insistia em declarar-se saudável.

Em janeiro de 2010, revelou sua última criação, o iPad, que fixou os padrões dos tablets.

Sob sua direção, a Apple tornou seus sistemas Macintosh mais compatíveis com os programas para PC do Windows e aumentou sua porção em um mercado amplamente dominado por computadores com software da Microsoft.

Em maio do ano passado, superou a Microsoft como a maior companhia tecnológica americana em termos de valor de mercado.

Conhecido por suas camisas de gola rolê, seus jeans e seus tênis, Jobs adorava fazer comentários com referencias musicais que envolviam seus ídolos, os Beatles e Bob Dylan.

Ao revelar em fevereiro passado seu último problema de saúde (sem dar detalhes), JObs disse que continuaria sendo o titular executivo e ficaria "envolvido nas grandes decisões estratégica da companhia".

"Amo demais a Apple e espero regressar tão logo possa ", afirmou na ocasião, consciente de que seus problemas de saúde preocupavam os investidores, que associavam o bom andamento da empresa à sua presença.

"Sempre disse que, se chegasse o dia em que não pudesse cumprir com meus deveres e expectativas como diretor da Apple, seria o primeiro a dizer. Assim me demito como diretor-geral da Apple", admitiu, em uma carta ao conselho de administração em 24 de agosto passado, ao apresentar sua renuncia no que acabou se convertendo em sua saída definitiva.

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