Tecnologia

Criador explica por que não vendeu Snapchat por US$ 3 bi

Evan Spiegel disse à revista Forbes, em primeira entrevista exclusiva à imprensa, que acredita ter a chance de alterar a hierarquia das redes sociais

Evan Spiegel: ele explicou porque recusou oferta de US$ 3 bi do Facebook (Wikimedia Commons)

Evan Spiegel: ele explicou porque recusou oferta de US$ 3 bi do Facebook (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 8 de janeiro de 2014 às 09h11.

São Paulo – Há menos de dois meses, Evan Spiegel e Bobby Murphy deixaram o mundo dos negócios de boca aberta ao rejeitar uma oferta de venda de 3 bilhões de dólares por parte de ninguém menos que o Facebook.

Em recente entrevista à revista Forbes, Spiegel, um dos criadores e diretor executivo do Snapchat, explicou o motivo: “poucas pessoas no mundo têm a chance de construir um negócio como este. Trocar isso por algum ganho de curto prazo não é muito interessante”, disse.

Para se ter uma ideia do tamanho deste ganho: a empresa foi avaliada recentemente por 2 bilhões de dólares, 1 bilhão a menos que o oferecido. Além disso, Spiegel e Murphy são donos de cerca de 25% das ações da empresa cada um, o que faz com que a venda rendesse a cada um deles 750 milhões de dólares. Acontece que Spiegel está convencido de que pode bagunçar a hierarquia das redes sociais e, quem sabe, ultrapassar o Facebook. A média de idade dos usuários do Snapchat é 18 anos, enquanto que a do o Facebook é de 40. 

O Snapchat é um serviço de envio de fotos entre usuários, com um diferencial: as fotos desaparecem depois de um tempo pré-determinado por quem a mandou. Assim, a preocupação de que pais, familiares ou futuros empregadores vejam suas postagens desaparece. E, por buscar amigos apenas entre os contatos de telefone, o usuário só troca fotos com pessoas que realmente fala.

Rusgas
Há outro motivo, menos importante, mas não menos curioso, pelo qual Spiegel e Murphy esnobaram a oferta de Zuckerberg: o criador do Facebook tentou esmagá-los. No fim de 2012, Zuckerberg os convidou para um encontro para mostrá-los a nova ferramenta de sua rede social, o Poke. Tratava-se de uma cópia quase fiel ao que o Snapchat oferecia.

No dia do lançamento, Zuckerberg ainda enviou um e-mail a Spiegel, perguntando o que ele havia achado da nova ferramenta. Mas o Poke não pegou. Em vez disso, mais e mais pessoas baixaram o Snapchat. Alguns meses depois, o dono do Facebook os convidou novamente para conversar, desta vez com a proposta de compra. E ouviu um sonoro não.

Do começo

Apesar das disputas, Zuckerberg e os criadores do Snapchat têm muito em comum. Como o Facebook, o Snapchat foi criado dentro dos dormitórios de uma universidade americana. E como o Facebook, seus principais criadores enfrentam hoje um processo movido por um dos amigos que ajudaramo projeto a sair do papel.

Reggie Brown foi quem originalmente teve a ideia de criar um site “que mandasse fotos que desaparecessem”. De acordo com um depoimento de Brown, Spiegel havia dito que esta era “uma ideia de um bilhão de dólares”. Os dois procuraram Murphy para ser o desenvolvedor, Spiegel seria o CEO e Brown ficaria responsável pelo marketing.

Na entrevista à Forbes, Spiegel confirma o diálogo, mas não a frase do bilhão. Brown haveria, também, dado o primeiro nome ao aplicativo, Picaboo, e dado vida ao hoje mundialmente conhecido logo do fantasminha. Ele pede 30% de participação na empresa e “pelo menos 1 bilhão de dólares” de reparação, dizem seus advogados. O julgamento deve ocorrer ainda este ano.

A dúvida, agora, é se o Snapchat será o próximo Facebook. Nesse caso, seus criadores tomaram a decisão certa de não vender seu aplicativo. Ou se será mais uma empresa de tecnologia que decola e desaba na mesma rapidez, como o MySpace. Spiegel, de 23 anos, e Murphy, de 25, têm tempo de sobra para descobrir. 

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