Tecnologia

Software em ritmo industrial

A fábrica de software da Datasul foi o último projeto tocado por Jorge Steffens antes de sua indicação para a presidência da empresa. Trata-se de um indicativo sintomático. A idéia de automatizar a produção de software ainda é nova no Brasil - mas será decisiva para as empresas que quiserem competir no mercado mundial. Fábrica […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 12h29.

A fábrica de software da Datasul foi o último projeto tocado por Jorge Steffens antes de sua indicação para a presidência da empresa. Trata-se de um indicativo sintomático. A idéia de automatizar a produção de software ainda é nova no Brasil - mas será decisiva para as empresas que quiserem competir no mercado mundial.

Fábrica de software é um conceito ainda pouco compreendido por aqui. Por maior que seja o glamour de uma empresa de tecnologia, entre a concepção de um programa e sua versão final, há muito trabalho "braçal" a ser feito. É aí que entram as fábricas de software. A idéia básica por trás desse tipo de negócio é automatizar as tarefas repetitivas do processo, especialmente na hora de escrever o código e testar o programa. As especificações técnicas - o que o programa vai fazer e como vai fazê-lo - são passadas pelo cliente. À fábrica cabe produzir o programa da maneira mais rápida e eficiente possível.

"A indústria de software está vivendo uma grande transformação", diz Steffens. "Conhece aquela frase do Henry Ford: Os clientes podem comprar qualquer carro, desde que seja um Modelo T preto? Hoje é assim que se vende software. Mas isso vai acabar."

Steffens se refere a uma nova técnica, conhecida no jargão da informática como "programação orientada a objeto". Imagine blocos de montar, como Lego. De acordo com essa nova técnica, os programas são formados a partir da junção de vários pequenos pedaços pré-montados. Ganha-se em rapidez, flexibilidade - e, acima de tudo, em lucratividade. "O grande potencial de uma fábrica de software é sua capacidade de reaproveitar pedaços de programas", afirma Steffens.

Vale dizer que o grande motivo do sucesso da indústria de tecnologia da Índia são as fábricas de software. Contratadas principalmente por empresas americanas, as fábricas indianas fazem todo o trabalho pesado da produção do software. Seria esse um bom caminho para o Brasil?

Steffens diz que há restrições. A principal delas é a língua. "Além de escrever o código, a fábrica precisa entregar uma extensa documentação junto com o produto. Além disso, há contatos constantes entre cliente e fornecedor para esclarecer dúvidas. A língua é uma barreira importante."

A fábrica de software da Datasul (cujo nome ainda não foi escolhido) será mais uma integrante da rede de franquias da empresa. A idéia, mais uma vez, é criar uma relação de cliente e fornecedor dentro do grupo. "Esse formalismo vai melhorar a qualidade do produto", diz Steffens. Outra característica importante do projeto é que a Datasul vai aos poucos migrar seus produtos para a linguagem Java. Hoje, o ERP da empresa é feito em Progress, uma linguagem que pertence a uma empresa e não é compatível com a técnica de programação por objetos. Nas palavras de um concorrente da Datasul, a linguagem Progress é uma das grandes vulnerabilidades da empresa.

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