Portugal Telecom (Reuters)
Da Redação
Publicado em 4 de julho de 2014 às 05h52.
Os controladores da Oi estão pressionando a Portugal Telecom para encontrar uma solução para a crise gerada pela descoberta de um investimento de quase 900 milhões de euros feitos na Rioforte, holding do Grupo Espírito Santo (GES), empresa que passa por dificuldades financeiras.
Os sócios brasileiros nem cogitam a hipótese de arcar com uma possível perda gerada pela transação e, segundo fontes, já decidiram que se o prejuízo ocorrer irão cobrar uma redução da fatia do grupo português na CorpCo, empresa que surgirá da fusão entre as duas operadoras.
A reação negativa dos acionistas controladores da Oi levou a companhia a divulgar um comunicado em que informa ter pedido explicações à Portugal Telecom sobre o investimento. No documento, a operadora brasileira garante que irá defender seus interesses tomando "as medidas necessárias".
A Oi argumenta que não foi informada nem participou das decisões que levaram às aplicações na Rioforte e ressalta que ocorreram "anteriormente à subscrição e integralização do capital da Oi pela Portugal Telecom".
O Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, apurou que os controladores estão perplexos por essa dívida não ter sido identificada por auditores ou pelo Santander Brasil, responsável pelo laudo de avaliação dos ativos da PT, que foram usados no recente aumento de capital da Oi.
Com o episódio, Otávio Azevedo, presidente do grupo Andrade Gutierrez, e Fernando Magalhães, da Jereissati Participações, representantes da Oi no conselho da PT, renunciaram ao cargo.
As atenções agora estão voltadas para o vencimento da dívida. Dos 897 milhões de euros, a maior parte vence no dia 15 (847 milhões de euros) e o restante no dia 17. Segundo fontes, a maior preocupação é em relação ao pouco tempo que a Rioforte tem para levantar os recursos para fazer o pagamento.
A preocupação dos investidores com os possíveis impactos na Oi dos investimentos da PT fizeram as ações da companhia brasileira a amargarem perda de 2,76% nesta quinta-feira, 3, na BM&FBovespa. Na Bolsa de Lisboa, os papéis da Portugal Telecom fecharam em queda de 7,29% hoje, a maior queda porcentual desde setembro de 2002. Com a desvalorização para 2,29 euros, o papel atingiu o menor nível desde 1995.
Em uma tentativa de acalmar o mercado, a operadora portuguesa também divulgou comunicado em que diz que tem prestado à Oi toda a informação solicitada e "está fortemente empenhada na resolução" da questão.
No comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), de Portugal, a PT diz que as duas empresas e o Grupo Espírito Santo "serão capazes de encontrar as soluções adequadas para proteger os interesses dos acionistas". Além disso, informou que está prestando suporte à Oi nas diligências necessárias para garantir à empresa brasileira "a máxima proteção da aplicação de tesouraria em papel comercial da Rioforte".
PDVSA
Segundo reportagem do jornal português Público, o governo da Venezuela pode assumir uma posição relevante no Grupo Espírito Santo. Junto com a Portugal Telecom, a estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA) é um dos principais credores do grupo dono do Banco Espírito Santo (BES).
O jornal afirma que a PDVSA pode entrar "na Rioforte ou na Espírito Santo International, dona da Rioforte, por meio de conversão da dívida em capital ou por novos investimentos que possibilitariam à petrolífera venezuelana assumir uma participação relevante, ainda que inferior a 50%".
Na quarta-feira, o site de notícias português Económico afirmou que o Conselho Superior da família Espírito Santo estava reunido para discutir um plano de reestruturação do grupo e debater uma alteração nas propostas que serão votadas na assembleia-geral marcada para o dia 31 de julho. (Colaborou Danielle Chaves)