Diferencial do equipamento é a precisão, que fica próxima do chamado “padrão-ouro” (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 23 de novembro de 2012 às 07h55.
São Paulo - Pesquisadores do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, desenvolveram um equipamento de avaliação corporal que mede o percentual de gordura nas pessoas de forma mais rápida, precisa e confortável do que outros métodos existentes no mercado. O All Body Scan 3D escaneia o corpo inteiro em 30 segundos, e gera um modelo tridimensional do paciente. O equipamento tem aplicação tanto em clínicas de fisioterapia como em academias de ginástica.
A pesquisa teve início há dez anos e, segundo o coordenador Mario Gazziro, a ideia era apenas substituir as fitas métricas na avaliação de circunferências corporais. Porém, ao longo de seu desenvolvimento — que contou com o apoio de especialistas clínicos — o projeto ampliou essas possibilidades. “Foi assim que chegamos ao equipamento de hoje, que realiza a avaliação de composição corporal completa e também análise postural”, diz o pesquisador.
Para fazer o escaneamento completo do corpo, o equipamento utiliza a tecnologia do Kinect, sensor presente em videogames, que por meio de um trilho circular dá uma volta de 270 graus em torno do paciente, moldando o corpo em 3D e transferindo os dados volumétricos para o software no computador. “São trinta segundos para escanear o corpo inteiro, mais dois minutos para processamento no computador. O tórax, porém, é escaneado nos primeiros sete segundos, tornando o equipamento confortável para uso, pois é necessário prender a respiração. Após este processo, o equipamento realiza o escaneamento da pélvis e pernas”, explica Gazziro.
Precisão
Além da rapidez, o diferencial do All Body Scan 3D para outros equipamentos de avaliação corporal já existentes é a precisão, que chega próxima ao que especialistas chamam de “padrão-ouro”. Trata-se do mais preciso método de medição de gordura corporal, por pesagem hidrostática em tanque d’água. A margem de erro nos resultados fica próxima a 1,5%, inferior aos 5% dos demais métodos. O software também armazena, exibe e permite exportar esses dados para outros sistemas.
Ainda segundo Gazziro, a geração de modelos 3D do corpo humano está apenas no começo de sua exploração. “A utilização em saúde é uma das primeiras aplicações, mas o futuro reserva utilização em jogos para criação de avatares, ou provadores de roupas digitais, por exemplo. Não é de se admirar que um dia os scanners 3D sejam tão comuns quanto são as balanças de peso nas farmácias. Tendo em mente as diversas aplicações, essa área demonstra um enorme potencial industrial de mercado além de prestação de serviços”, conclui o pesquisador.
O fator multidisciplinar é outro ponto alto do projeto, que conta com a colaboração de especialistas da área de computação, biomedicina e engenharia. A parte de análise estatística é estudada por Alexandre Delbem, também docente do ICMC. José Hiroki Saito, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), orientou o projeto entre 2003 e 2005. Já a validação clínica é feita por Marco Tulio de Mello, da Escola Paulista de Medicina (Unifesp). A análise postural é realizada por Soraia Raupp Musse, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). A pesquisa também tem a participação de alunos de graduação e de pós-graduação dessas instituições.