São Paulo - Se o Brasil quiser ser forte na cena mundial de robôs, o momento de investir é agora. Quem defende a ideia é Fernando Osório, doutor em Ciência da Computação pelo Institut Polytechnique de Grenoble e professor de Sistemas de Computação da USP.
Envolvido na organização do JCRIS 2014, congresso de robótica que acontece em outubro na USP de São Carlos, Osório é um dos autores de Robótica Móvel - livro lançado recentemente que compila estudos e artigos sobre o tema assinados pelos principais especialistas no assunto do país.
Em entrevista a EXAME.com, ele afirmou que políticas públicas podem ajudar o Brasil a sair na frente em um mercado que só vem crescendo nos últimos 10 anos. A seguir, veja os melhores trechos do bate-papo.
EXAME.com - O que impede que a produção de robôs decole no Brasil?
Fernando Osório - Uma dificuldade é a dependência de componentes importados. Nossa indústria de hardware é basicamente montadora. No Brasil, não são fabricados microprocessadores, sensores nem câmeras. A gente depende muito da importação e isso se torna um problema que derruba a nossa competitividade. Por outro lado, são dificuldades que nos obrigam a criar soluções diferentes.
EXAME.com - Que futuro o senhor enxerga para a robótica em nosso país?
Fernando Osório - É preciso compreender a importância da robótica. Trata-se de um mercado que será muito importante no futuro. Precisamos de investimentos e políticas públicas no setor. Só assim o Brasil vai deixar de ser um país agrícola e passar a contar com uma indústria de alto nível. Na computação, telefonia e outros setores, os produtos são montados aqui, mas criados por estrangeiros.
EXAME.com - Mas há casos como a Embraer. O que dizer sobre eles?
Fernando Osório - A Embraer é um exemplo de uma área de tecnologia de ponta extremamente competitiva em que o Brasil deu certo. Muito por causa de políticas públicas de incentivo - assim como aconteceu com a Petrobrás. Não é algo que se criou da noite pro dia. O momento para uma política de desenvolvimento da robótica é agora. Só assim poderemos colher resultados a partir da próxima década.
EXAME.com - E por que o momento é agora?
Fernando Osório - As robóticas móvel e inteligente deram um salto na última década. Um exemplo disso é o boom dos smartphones. Com o barateamento dos sensores, essa tecnologia se tornou acessível. Hoje, incluir recursos numa máquina resulta em um custo que vale para o consumidor. Essa é a era da robótica e a tendência é que os robôs saiam do mundo da ficção e entrem no noso dia a dia.
EXAME.com - Como isso vai acontecer?
Fernando Osório - Robôs humanóides são uma tendência natural. Até porque o mundo é feito para os humanos e o ideal é que os robôs tenham forma humana também e consigam abrir uma porta, subir uma escada. Eles devem prevalecer a médio e longo prazo, mas ainda têm custo e complexidade altos. Colocar um desses para caminhar ainda sai mais caro do que instalar uma base móvel com rodinhas.
EXAME.com - Robôs podem se tornar companheiros dos homens no futuro, mais ou menos como acontece no filme Ela?
Fernando Osório - No futuro, os robôs podem ocupar esse espaço também. Não é absurdo pensar num robô que proporcione ao usuário amizade e algo mais. É bom lembrar que a ficção de Hollywood é feita com base em consultores. Então, o que aparece ali não é tão impossível assim de acontecer. É uma questão de tempo para que a ficção se transforme em realidade.
EXAME.com - Quais sãs as principais aplicações da robótica no Brasil?
Fernando Osório - Diversas escolas vêm adotando robôs como ferramenta de ensino, na chamada robótica educacional. Além disso, temos a robótica acadêmica, com universidades realizando um belo trabalho que mostra a maturidade do setor no Brasil. E ainda, a indústria robótica, desenvolvida por empresas. Só aqui em São Carlos, seis companhias atuam na área.
EXAME.com - E que projetos se destacam no cenário atual do setor no Brasil?
Fernando Osório - Aqui na USP, criamos o CaRINA, um carro robótico inteligente de navegação autônoma. Para tirá-lo do papel, desenvolvemos tecnologias de localização, navegação e mapas. Deu tão certo que um recurso de detecção de obstáculos baseado em câmeras criado para o carro terminou sendo aproveitado por uma empresa local no desenvolvimento de uma pulverizadora autônoma.
EXAME.com - Qual a importância do seu livro para a robótica no Brasil?
Fernando Osório - O livro e o congresso são o primeiro passo de uma importante mobilização em favor da robótica. O Brasil tem condição de fazer bonito nessa área e está desenvolvendo projetos, que precisam de mais incentivo para marcar presença.
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1. Garçons
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1/20 (REUTERS/Sheng Li)
Em Harbin, no norte da China, um restaurante tem graçons de várias cores, como azul e verde-limão. São todos robôs. São capazes de reproduzir até 10 expressões faciais diferentes e de receber clientes com diversas frases de boas-vindas. Além dos garçons, a equipe conta com cozinheiros e lavadores de louças
robôs.
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2. Motoristas
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2/20 (Divulgação/Divulgação)
Automóveis autônomos -- capazes de se autoguiar graças a um conjunto de câmeras e sensores e a um potente computador de bordo -- estão em fase experimental. Mas vão se tornar comuns dentro de alguns anos. O Google é uma das empresas que vêm desenvolvendo esses veículos. Um estudo mostrou que
eles se saem melhor nas ruas que os carros normais.
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3. Músicos
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3/20 (Divulgação)
A
Z-Machine é uma banda diferente. Ashura, o baterista, consegue tocar com 21 baquetas ao mesmo tempo e é quatro vezes mais veloz que qualquer humano. Além de tocar teclado, Cosmo solta raios laser pelos olhos. E Mach, o guitarrista cabeludo, tem 78 dedos e toca com 12 palhetas. Desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Tóquio, o grupo fez sua estreia numa feira de tecnologia no Japão.
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4. Marinheiros
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4/20 (Divulgação/Rolls-Royce)
Popeye e seus colegas de profissão que se cuidem. Recentemente, a
Rolls-Royce anunciou um projeto de navios não-tripulados que pode extinguir a profissão. Com câmeras em diversos pontos, as embarcações seriam monitoradas à distâncias por grupos quatro vezes menores que as atuais tripulações. Por enquanto, a proposta ainda não pode ser posta em prática por conta da legislação vigente.
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5. Enfermeiros
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5/20 (Divulgação)
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6. Estoquistas
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6/20 (Reprodução)
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7. Tenistas de mesa
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7/20 (Divulgação)
Em 11 de março, o campeão alemão de tênis de mesa Timo Boll joga contra Agilus, robô da empresa alemã Kuka considerado o mais rápido do mundo. Transmitido pela internet, o jogo acontece na China e pretende divulgar a primeira fábrica da companhia europeia no país -
onde o esporte é bastante popular.
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8. Jogadores de futebol
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8/20 (AFP)
Em junho, seleções de todo o mundo vêm ao Brasil disputar a Copa do Mundo de futebol. Um mês depois, a cidade paraibana de João Pessoa vai abrigar um torneio parecido - mas só de robôs. Batizado
Robocup, o campeonato anual é realizado desde 1997 e, no ano passado, reuniu 410 times em várias categorias. Ao todo,
participaram da disputa mais de 2 mil pessoas.
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9. Médicos
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9/20 (Getty Images)
Em São Paulo, o Instituto do Câncer conta, desde fevreiro, com uma nova ferramenta para cirurgias: um robô.
A máquina entrou em ação pela primeira vez no último dia 7 e deve operar 500 pessoas nos próximos três anos. Por enquanto, o robô funciona como mero auxiliar para um médico humano. Mas, no futuro, cirurgiões robóticos poderão ter mais autonomia.
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10. Faxineiros
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10/20 (Divulgação)
Quem tem cachorro, gato ou outros bichos em casa sabe o quanto é complicado manter tudo sempre limpinho. Pensando nisso, os engenheiros da empresa iRobot desenvolveram a linha de robôs aspiradores Roomba. Eles percorrem sozinhos o ambiente, aspirando partículas de pó e sujeira.
A máquina pode ser programada para entrar em ação sozinha.
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11. Dançarinos
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11/20 (Reprodução/Exame.com)
Aos acordes do refrão de Gangnam Style, hit do cantor sul-coreano PSY, Charli-2 é capaz de reproduzir a clássica coreografia do "cavalinho". Com 1,41 metro de altura e 12 quilos, o dançarino desenvolvido por cientistas da Universidade Virgina Tech pode caminhar a uma velocidade de 1,4 quilômetro por hora, dar chutes e jogar os bracinhos para o alto com muito suíngue. Como se vê,
o simpático robô é mais que um mero dançarino.
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12. Policiais
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12/20 (Divulgação / Sony Pictures Entertainment / Agência Febre)
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13. Bancários
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13/20 (Cauã Taborda/Info Online)
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14. Apresentadores
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14/20 (Koichi Kamoshida/ Getty Images)
Carisma, simpatia e entusiasmo são características indispensáveis ao bom apresentador de eventos. E os três aspectos não faltaram à dupla Mirata e Kirobo, que apresentou a candidatura de Tóquio a sede dos Jogos Olímpicos de 2020 no ano passado. Na ocasião, Mirata arriscou golpes de esgrima e Kirobo mandou lembranças do espaço -- onde se encontrava.
Os dois robôs foram desenvolvidos pela Universidade de Tóquio.
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15. Babás
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15/20 (Reprodução)
Aconteceu em Nova York. Cansado de ter de levar o filho até o ônibus escolar, o editor da revista IEEE Spectrum Paul Wallich resolveu o problema com uma babá eletrônica voadora. O drone acompanha, do alto, o menino no trajeto de 400 metros entre sua casa e o ônibus. Equipado com bússola e um pequeno GPS,
o robô é monitorado via smartphone pelo pai preguiçoso.
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16. Cinegrafistas
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16/20 (Divulgação)
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17. Arqueólogos
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17/20 (Ronaldo Schemidt/AFP)
Três câmaras subterrâneas foram localizadas no Templo da Serpente Emplumada em Teotihuacan, cidade pré-colombiana nas cercanias da Cidade do México. A descoberta foi feita pelo robô
Tláloc II-TC, que percorreu os 20 metros de um túnel sem se incomodar com a poeira. Tláloc é comandado por humanos. Mas isso é só o começo. Com o tempo, robôs assim deverão tomar cada vez mais decisões por conta própria.
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18. Entregadores
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18/20 (Amazon)
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19. Jornalistas
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19/20 (Getty Images)
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20. Agora, veja 10 máquinas que estão expandindo os limites da robótica:
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20/20 (NASA)