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Rival do Instagram, Mobli quer criar nova forma de pesquisar imagens

Empresa recebeu investimento de 60 milhões de dólares de Carlos Slim

Mobli (Divulgação)

Mobli (Divulgação)

Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 10 de fevereiro de 2014 às 14h40.

Após receber um investimento de 60 milhões de dólares de Carlos Slim, da América Móvil (detentora da Claro), o concorrente do Instagram chamado Mobli quer criar uma nova forma de pesquisar imagens na internet. Em vez de usar apenas tags, a empresa israelense busca um método de pesquisar fotografias sem depender apenas de palavras ou nomes de arquivos. A ideia é que um algoritmo, aliado a um software, seja capaz de analisar imagens e exibi-las nos resultados. Por exemplo, se a foto de um iPhone não tiver a palavra "smartphone", ele seria exibido nessa busca.

A empresa já conta com mais de 2 milhões de usuários no Brasil e tem um funcionamento similar ao do Instagram: seu aplicativo móvel é uma rede social de compartilhamento de fotos. Mas, em vez de seguir apenas outros usuários, é possível seguir hashtags. Nesse caso, todas as imagens marcadas com a palavra fun (diversão) são exibidas, mas apenas se o internauta que compartilhou a fotografia tiver um perfil público.

O Brasil é o segundo país com mais usuários do Mobli, atrás apenas dos Estados Unidos, mas é onde há maior quantidade de postagens e curtidas. Apesar de não possuir um escritório em território nacional, ao menos por enquanto, a empresa contratou recentemente uma funcionária brasileira para trabalhar em Israel, outra região importante para a companhia.

INFO conversou com Yaron Talpaz, vice-presidente de conteúdo do Mobli. Confira a entrevista abaixo.

Qual é o principal objetivo do Mobli?
Criar o melhor feed das redes sociais.  Não apenas seguindo os seus amigos, mas também hashtags. E na sua linha do tempo é exibido apenas o que é revelante para você. Esse é o nosso desafio e é algo em que estamos trabalhando. Vamos lançar uma versão muito mais inteligente do nosso app nos próximos meses com melhorias nessa área. A ideia é que você possa quebrar o seu círculo de amigos padrão e expandi-lo de acordo com os seus interesses, seguindo as atualizações por meio das hashtags.

Quantos usuários existem no Brasil atualmente?
São pouco mais de 2 milhões. Essa é uma comunidade muito importante para nós, assim como para todas as redes sociais. É um nação que compartilha mais na web. Estou no Brasil no mês do Carnaval porque temos planos para esse evento, assim como para a Copa do Mundo.

O investimento da America Móvil não poderia prejudicar o relacionamento da empresa com outras operadoras, já que ela é a detentora da Claro?
Em geral, as redes sociais não precisam ter um relacionamento com as operadoras.No nosso caso, aconteceu porque eles se mostraram interessados em investir. Mas não acredito que isso nos prejudicará. É possível até mesmo que a Claro comece a divulgar o nosso aplicativo.

Como seria essa divulgação? É parte da parceria?
Eles têm a possibilidade de enviar SMS aos seus clientes. Mas nossa parceria quer evitar qualquer abordagem que seja prejudicial aos clientes da operadora. É possível que nosso aplicativo seja embarcado em aparelhos da Claro, mas isso não está determinado.

Quantas fotos são publicadas por dia no Mobli?
Cerca de um milhão por dia. Não é um número comparável ao do Instagram ou ao do Twitter, mas buscamos aumentar esse número.

Vocês pensam em investir no público jovem para isso?
Sim, teremos filtros de fotos exclusivos para o Carnaval, bem como hashtags para agregar esses conteúdos.Também buscamos entender mais o que o mercado brasileiro precisa. Por isso contratamos uma brasileira recentemente.

A empresa tem planos de abrir um escritório no Brasil?
Temos que analisar a nessecidade disso. Não é uma meta para nós neste momento.

O Mobli permite a publicação de vídeos sem limite de tempo. Vocês estão preparados para um grande aumento de publicações?
Sim, estamos preparados em termos de infraestrutura. Não estamos preocupados com isso. Estamos acostumados a lidar com picos de compartilhamentos.

Quais são os países mais importantes para o Mobli?
São quatro: Brasil, Estados Unidos, México e Israel. Apesar de termos mais usuários nos Estados Unidos, os brasileiros são mais ativos.

Há alguns meses, o Instagram bloqueou a API que permitia importar conteúdos do Instagram para o Mobli. Você encarou isso como um golpe duro? O Mobli estaria incomodando o Instagram?
Foi decisão deles fazer isso, nós fomos alertados. Mas para nós, é outra oportunidade para nos dedicarmos aos usuários: criamos um recurso que permite o download das informações do perfil. Acreditamos que o que você posta é seu e pode ser levado para onde você quiser. A liberdade para usuário é uma das bandeiras do Mobli. Não foi um golpe para nós. Não ficamos felizes de não oferecer mais isso, mas seguimos em frente e continuamos buscando melhorar a experiência do usuário. Coincidentemente, o anúncio do Instagram foi feito pouco depois do investimento de Carlos Slim. Não quero insinuar nada, mas esses são os fatos.

O Mobli pretende lançar um recurso para compartilhar fotos privadas, como o Instagram?
Não é o nosso foco no momento, nem vejo isso acontecendo em um futuro próximo. Mas se identificarmos que esse é um pedido dos nossos usuários, sim, criaremos algo do gênero.

Não há muita competição no segmento de compartilhamento de vídeos no ambiente móvel e o recurso de upload do Mobli chega a ser mais rápido que o do YouTube. Você pretendem se posicionar como um YouTube das plataformas móveis?
Sim, nós temos o recurso de vídeos desde o começo. Acredito que isso já esteja acontecendo. Ainda há algumas pessoas que têm um bloqueio mental em publicar vídeos longos a partir de celulares. Mas a ideia é que, por exemplo, um cantor publique o resultado de sua música ou clipe no YouTube, mas um ensaio pode ser compartilhado no Mobli. O YouTube é mais voltado para conteúdos refinados. Mas você não precisa estar limitado a 15 segundos de vídeo nas plataformas móveis.

Como vocês lidam com a proliferação da pornografia no Mobli, comum em todas as startups de imagens?
É um desafio para todos. A pornografia é o que levou a internet a ser o que é. Eles realmente sabem o que estão fazendo. Mas temos uma equipe de monitoramento, um sistema inteligente de denúncia e um algoritmo adequado, conseguimos lidar com isso. Isso serve também para conteúdos sensuais demais. Se uma pessoa compartilha uma imagem inadequada, a publicação será apagada e ela será notificada. Se ela continuar com esse comportamento, o perfil será apagado.

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