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'Relógios inteligentes deveriam ser smartphones de pulso', diz cofundador da Apple

Wozniak diz ter devolvido um Samsung Galaxy Gear após menos de um dia de uso

Woz (Getty Images)

Lucas Agrela

Publicado em 5 de junho de 2014 às 13h17.

Steve Wozniak, cofundador da Apple Computers e atual cientista-chefe da Fusion-io, uma empresa que se dedica à produção de tecnologia de memórias flash, criticou a abordagem das companhias no segmento de dispositivos vestíveis, em especial os relógios inteligentes. “Alguém precisa descobrir a fórmula dos smartwatches e eu acredito que seja ter um smartphone completo no seu pulso. Ele tem que ser ergonômico, talvez precise de uma tela dobrável ou retrátil, mas há muitas tecnologias de engenharia que podem tornar um smartwatch possível. Alguma companhia criará o produto certo, mesmo que ele tenha uma tela de 1 polegada, e todos vão perceber que a empresa conseguiu fazer algo tão avançado que eles realmente acertaram. Claro que eu espero que essa empresa seja a Apple quando isso acontecer”, declarou durante o CIAB 2014, Congresso e Exposição de Tecnologia da Informação das Instituições Financeiras que é realizado anualmente pela Febraban, em São Paulo.

Wozniak se disse desapontado com os relógios inteligentes disponíveis no mercado atualmente. “Um deles eu realmente devolvi, um Samsung Galaxy Gear, fiquei com ele menos de um dia, nunca tinha feito isso com um produto. Ele é só um aparelho com Bluetooth que reflete as notificações do celular, é melhor você pegar o smartphone do bolso e usá-lo normalmente. Esses aparelhos são como os headsets Bluetooth que as pessoas compravam mesmo antes dos smartphones. Você os usa por uma semana e depois os deixa de lado porque eles não são muito úteis”, afirmou.

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Para Woz, a melhor forma de criar um smartwatch seria dar a ele todas as funções de um smartphone — apesar de admitir não saber como uma empresa poderia fazer isso. A única companhia brasileira que anunciou um produto semelhante ao citado por Wozniak é a Locke, mas o produto foi originalmente desenvolvido na China (país onde é possível encontrar até mesmo relógios inteligentes com sistema Android completo, tela sensível ao toque e suporte a dois chips).

Wozniak também afirmou acreditar que a chave para o futuro dos dispositivos vestíveis está na inteligência artificial e na capacidade de uma máquina realmente compreender a linguagem natural, comandos de voz, mesmo em ambientes barulhentos. “Muitas vezes essas tecnologias entendem uma palavra ou frase, mas não entendem o que você quis dizer”. Ele também citou a assistente pessoal do iPhone, a Siri. “Fico feliz que a Apple tenha disponibilizado a Siri em diversos idiomas porque isso é importante”, declarou.

Sobre o Google Glass, os óculos conectados da gigante das buscas, o cientista-chefe declarou que ele não é ainda um produto revolucionário, sendo que ainda depende muito de um smartphone no bolso do usuário.

3D e BYOD - Woz também falou sobre a tendência chamada de Bring Your Own Device, quando as pessoas usam dispositivos pessoais no ambiente de trabalho, e descreveu esse movimento como algo natural especialmente com a chegada das gerações Y e Milennials (nascidas respectivamente nos anos 1990 e 2000) ao mercado de trabalho, uma vez que essas pessoas cresceram em um mundo muito conectado, com diversos aparelhos potentes ligados à web.

Wozniak também apontou a impressão 3D como uma tecnologia importante para o futuro próximo, mas não crê que esses equipamentos serão levados às casas das pessoas, mas para as empresas. A não ser que uma fabricante consiga disponibilizar um produto de baixo custo que possa criar protótipos coloridos.

Apesar do CIAB ser voltado para o mercado bancário brasileiro, Wozniak não falou muito sobre o tema em si, mantendo o foco na sua história de vida, contando com orgulho evidente e com um ritmo de fala frenético como conseguiu criar um computador pessoal buscando peças adequadas que dessem conta do serviço sem que fosse necessário gastar muito dinheiro. E essa foi uma das principais dicas aos profissionais de TI dessa área, buscar alternativas mais inteligentes sem seguir a risca o que se aprende nos livros. A ideia é driblar os empecilhos da “cultura corporativa”. “Quando você faz isso, passa a ser não uma pessoa que lê, mas, sim, a que escreve os livros”, disse Wozniak. “Eu era um gênio da eletrônica e ninguém queria falar comigo [na infância]”.

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