Tecnologia

"Quero ser o maior em serviços", diz Steve Ballmer

Para o presidente mundial da Microsoft, empresa deve perseguir a liderança no segmento de serviços online

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 12h41.

Leia os principais trechos da mesa-redonda com Steve Ballmer, o presidente da Microsoft, realizada no evento de lançamento do Windows Vista, em Nova York, no final de novembro.

Os serviços online têm cada vez mais importância. Como a empresa vai reagir a essa tendência?
Steve Ballmer - Acreditamos que serviços baseados na internet e o software tradicional são complementares. Não acredito que o software vá desaparecer, nem os serviços. Muita gente gosta de falar no fim de "X" e no começo de "Y". Não é verdade. Os clientes querem o melhor dos dois mundos. A realidade é que as empresas querem a segurança, privacidade e gerenciamento do software de PC. Se eu dissesse que todas as reportagens que você escreve no Word serão lidas por nossos servidores para a inclusão de anúncios, isso não pegaria bem no seu departamento de tecnologia. Vamos liderar a combinação do melhor do software e o melhor dos serviços. Ainda há muito a fazer com respeito ao futuro do Windows. Com o Windows Live (serviços oferecidos pela internet), desenvolvido e oferecido separadamente, vamos incrementar a experiência dos nossos usuários. E, do ponto de vista regulatório, são produtos diferentes.

A propósito, o senhor pode comentar a situação do processo antitruste em andamento na Europa?
Ballmer -  Passamos muito tempo nos certificando de que o Windows Vista poderia ser vendido na Europa. Estamos vendendo uma versão sem o Windows Media Player. Estamos confiantes de que o Vista está de acordo com as leis européias. Ainda recorremos de decisões relativas ao Windows XP.

O senhor fala em ser líder em serviços. Como será medida essa liderança?
Ballmer - Queremos ser líderes tanto no uso quanto em receitas. Acredito que tanto as assinaturas quanto a publicidade serão grandes negócios. Quero ser o maior em ambos.

Este é o último grande lançamento do Windows?
Ballmer - Não. Não é o último grande lançamento do Office. Não é o último grande lançamento do Windows. Grandes inovações são importantes, assim como inovações rápidas. Haverá ciclos curtos e ciclos longos de inovação. Posso dizer que não demoraremos outros cinco anos antes de lançar uma nova versão do Windows. Quanto tempo? Estamos estudando. Mas posso garantir que não serão cinco anos.

Quando as divisões de serviços online e entretenimento vão dar dinheiro para a empresa?
Ballmer - Temos cinco áreas de negócios. Windows é muito lucrativo. Office é muito lucrativo. Nossa área de servidores é muito lucrativa. A unidade online foi lucrativa, mas decidimos fazer investimentos e, portanto, ela teve perdas. Não posso fazer previsões específicas, mas já indicamos que a divisão do Xbox deve gerar lucros em um horizonte próximo.

Como a saída de Bill Gates afeta a empresa?
Ballmer - Jamais poderemos substituir Bill. Ele é Bill Gates, uma pessoa excepcional, o fundador da Microsoft, o homem mais rico do mundo. Ele ainda vai estar envolvido, mas eu preciso pessoalmente assumir o papel de líder da inovação, além de manter o olho nos nossos principais líderes. Ray Ozzie e Craig Mundie vão cuidar do lado da arquitetura e da visão. J. Allard e Steven Sinofsky vão cuidar da engenharia e das inovações.

E a questão da pirataria em países emergentes?
Ballmer - Eu digo para esses países: se você pode comprar a máquina, pode comprar o software. Nos países menos ricos, as pessoas pobres não estão comprando computadores. A maior parte do negócio está nos consumidores que têm mais recursos. Mas temos iniciativas de financiamento, como (o PC pré-pago) no Brasil.

Como o senhor vê a Microsoft em cinco anos?
Ballmer -  Uma empresa de pessoas motivadas e altamente talentosas. Uma empresa capaz de inovar em um largo espectro de interesses dos clientes. E uma empresa que tenha visão de longo prazo. Não se consegue sucesso do dia para a noite em todas as áreas. Seremos líderes em software e serviços de internet. Vamos dar mais lucro e aumentar o valor da ação. Esse é meu trabalho, e vou garantir que isso tudo aconteça.

Quais serão as taxas de adoção do Windows Vista?
Ballmer - Muitos milhões vão comprar um upgrade para seus PCs atuais, mas a maioria das pessoas vai comprar o Vista comprando uma nova máquina, com o sistema já instalado. Acreditamos que, em um ano, teremos 200 milhões de computadores utilizando ou o novo Vista ou o novo Office. Temos quase 1 bilhão de PCs em utilização no mundo hoje. Quando chegaremos à metade deles? Mais de um ano. Alguns anos. Não serei mais preciso que isso.

O senhor espera que a adoção do Vista na América Latina tenha o mesmo ritmo dos Estados Unidos?
Ballmer - Qualquer empresa de tamanho equivalente na América Latina e nos Estados Unidos adotará o novo sistema na mesma velocidade. É claro que há mais empresas pequenas na América Latina, então no geral a adoção será mais lenta. Mas, por exemplo, os bancos brasileiros têm infra-estrutura muito sofisticada e adotam as novas tecnologias com muita rapidez.

Por que decidiu-se lançar o Zune primeiro nos Estados Unidos?
Ballmer - Decidimos lançar o Zune antes nos Estados Unidos porque queríamos investir bem nossa verba de marketing e porque precisávamos ganhar escala na produção. Mas, como dizem, o mundo é plano, e a tecnologia iguala as condições. Também é verdade que a tecnologia está se tornando mais acessível e disponível em todo o mundo. Quando fui, por exemplo, ao Brasil pela primeira vez, não havia mainframes. Existiam barreiras que não permitiam que a tecnologia chegasse ao país. Agora, as tecnologias estão disponíveis simultânea e globalmente.

A Microsoft recentemente anunciou um acordo de cooperação com a Novell envolvendo o sistema Linux. Algo mais será anunciado?
Ballmer -  Anunciamos um acordo de interoperabilidade entre o Windows e o Linux. Isso foi feito porque nossos clientes querem usar o sistema Unix em máquinas Intel. Estamos ouvindo os nossos clientes que têm ambientes com diversas tecnologias.

Com Zune e Xbox, a Microsoft está entrando cada vez mais no mercado de hardware. O que esperar no futuro?
Ballmer -  Quando tivermos o que anunciar, vocês saberão. Mas, por exemplo, pense no setor de saúde. Em muitos mercados, é o setor da economia que mais cresce. Como poderemos usar a tecnologia para cortar custos nos hospitais? Imagino que haverá uma gama enorme de equipamentos que as pessoas terão em casa para reduzir os custos com os tratamentos médicos. Não sei se vamos estar nesse tipo de mercado, mas tudo pode acontecer nos próximos dez anos.

Qual forma de pagamento será a predominante no mundo online: publicidade ou assinatura?
Ballmer -  Acredito que existam quatro maneiras de ganhar dinheiro com software, e nós temos receitas com todas elas. A primeira é a venda de programas para PCs. A segunda são as licenças em grandes volumes para as empresas. A quarta é com o software que vai embutido em equipamentos como o Zune e o Xbox. E a quarta é a publicidade. Somos muito fortes em duas dessas maneiras, e somos bastante grandes em publicidade online: vendemos mais de 2 bilhões de dólares por ano. Estamos começando o negócio do hardware e ainda temos de provar ao mundo que podemos ganhar dinheiro com isso - e tenho certeza de que vamos fazê-lo.

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais de Tecnologia

Coração artificial de titânio é implantado pela primeira vez em um humano

Conheça a WikiFauna, as criaturas fantásticas que mantêm a Wikipedia viva

Aplicativos de namoro perdem popularidade enquanto solteiros buscam experiências offline

Google aposenta Chromecast e lança TV Streamer com IA

Mais na Exame