Que empresas o Facebook pode atrapalhar com suas buscas
Concorrer com o Google é algo que nem o Facebook sonha, no momento, mas outras companhias podem sofrer desde já
Da Redação
Publicado em 16 de janeiro de 2013 às 18h41.
São Paulo - Na tarde de ontem, o Facebook anunciou com pompa e circunstância uma nova ferramenta de buscas, capaz de vasculhar resultados com base nos milhões de dados submetidos pelos usuários. Por trás da chamada Graph Search e da possibilidade de receber respostas para indagações como "as pizzarias que meus amigos visitaram no último mês", está a aposta do time de Mark Zuckerberg em um mercado bilionário, no qual a empresa mantém uma presença tímida.
Para se ter uma ideia, a maior fonte de renda do Google vem do seu sistema de buscas. De acordo com a consultoria eMarketer Inc, a empresa deverá receber 13 bilhões de dólares com publicidade nesse segmento apenas nos Estados Unidos, abocanhando sozinha cerca de 75% desse mercado no acumulado de 2012.
Destronar um gigante desse porte não é tarefa fácil. O próprio Facebook admitiu na coletiva de ontem que a ideia, a princípio, será incrementar a experiência para o usuário antes de transformá-la em um potencial negócio. Hoje, os ganhos do Facebook com publicidade devem-se, em sua maioria, à venda de espaços para anunciantes no site.
Seja como for, os impactos da Graph Search para outras empresas deverão se fazer sentir, ainda que aos poucos. Por ora, a ferramenta segue com acesso limitado e sem previsão para se tornar um recurso universal. Mas o Facebook, com mais de 1 bilhão de usuários e 1 trilhão de conexões existentes, parece ter poder de fogo para oferecer resultados cada vez mais precisos para as tais buscas personalizadas, aumentando seu apelo e relevância com o tempo.
Veja as companhias que podem ser ameaçadas primeiro:
Yelp
Na apresentação do novo mecanismo, Zuckerberg discorreu sobre as possibilidades de receber avaliações dos amigos a respeito de inúmeros estabelecimentos - ponto nevrálgico para o Yelp. Com ações negociadas em bolsa, o Yelp fornece justamente resenhas de serviços em cidades nos Estados Unidos e na Europa a partir da visão de usuários sobre restaurantes, bares, boates e lojas.
Caso a adesão à Graph Search se confirme, a companhia seria ameaçada pela preferência que as pessoas poderiam dar à recomendação dos conhecidos ao invés da de internautas em geral. Não por menos, as ações da empresa caíram mais de 7% ontem. E abriram a bolsa também no vermelho.
Peixe Urbano
No ano passado, o site que se consagrou pelos cupons de compras coletivas decidiu diversificar os negócios. Uma das apostas foi em um guia de estabelecimentos de 100 cidades, nos moldes do que faz o Yelp no exterior. Por consequência, o Peixe também poderia sofrer com a investida do Facebook.
OkCupid e Match.com
"Amigos de amigos formados em Engenharia", "amigos solteiros que gostam de seriados" e "amigos que praticam yoga" são apenas alguns dos inúmeros resultados de busca com potencial de serem entregues pela Graph Search. São, sobretudo, formas de encontrar pessoas com interesses em comum. E poderiam, com isso, diminuir o acesso a sites de relacionamento como o OkCupid, que já foi classificado como uma espécie de "Google do namoro virtual", e o Match.com, que também mantém atividades no Brasil.
Tom Stocky, egresso do Google e um dos líderes no projeto da Graph Search, pontuou que a novidade pode ser uma "poderosa ferramenta de recrutamento". Como será possível refinar a busca com critérios como formação, empresa atual e proficiência em línguas, por exemplo, o Facebook ganhará mais atributos para invadir a praia do LinkedIn (os papéis deste último caíram ligeiramente depois do anúncio, mas fecharam o pregão em leve alta).
É inegável que o LinkedIn sai na frente por oferecer uma série de outras possibilidades aos usuários, voltadas unicamente para as relações de trabalho. Mas o Facebook, que já é abertamente usado por recrutadores na avaliação dos candidatos, poderá, com o tempo, ofuscar a dominância do novo rival nesse quesito.
Os anúncios que aparecem nas buscas do Google foram a grande tacada da companhia para ganhar dinheiro. Caso as consultas feitas pelo Facebook se popularizem, também é provável a companhia enverede pelo mesmo caminho. Da mesma forma que uma empresa de e-commerce paga para aparecer primeiro entre os resultados do Google, será possível repetir a dose para ficar acima dos resultados referendados pelos amigos no Facebook.
Em suma, a Graph Search confere um verniz mais comercial à gigantesca base de dados reunida pela rede social e espontaneamente engordada pelos seus usuários. Como o Bing, buscador da Microsoft, será usado para as perguntas que ficarem sem resposta dentro do Facebook, o Google também poderá ser marginalmente afetado. Analistas do setor, por outro lado, reforçam que tudo isso depende do sucesso da empreitada de Zuckerberg. E ainda é cedo para avaliar seu fôlego.
São Paulo - Na tarde de ontem, o Facebook anunciou com pompa e circunstância uma nova ferramenta de buscas, capaz de vasculhar resultados com base nos milhões de dados submetidos pelos usuários. Por trás da chamada Graph Search e da possibilidade de receber respostas para indagações como "as pizzarias que meus amigos visitaram no último mês", está a aposta do time de Mark Zuckerberg em um mercado bilionário, no qual a empresa mantém uma presença tímida.
Para se ter uma ideia, a maior fonte de renda do Google vem do seu sistema de buscas. De acordo com a consultoria eMarketer Inc, a empresa deverá receber 13 bilhões de dólares com publicidade nesse segmento apenas nos Estados Unidos, abocanhando sozinha cerca de 75% desse mercado no acumulado de 2012.
Destronar um gigante desse porte não é tarefa fácil. O próprio Facebook admitiu na coletiva de ontem que a ideia, a princípio, será incrementar a experiência para o usuário antes de transformá-la em um potencial negócio. Hoje, os ganhos do Facebook com publicidade devem-se, em sua maioria, à venda de espaços para anunciantes no site.
Seja como for, os impactos da Graph Search para outras empresas deverão se fazer sentir, ainda que aos poucos. Por ora, a ferramenta segue com acesso limitado e sem previsão para se tornar um recurso universal. Mas o Facebook, com mais de 1 bilhão de usuários e 1 trilhão de conexões existentes, parece ter poder de fogo para oferecer resultados cada vez mais precisos para as tais buscas personalizadas, aumentando seu apelo e relevância com o tempo.
Veja as companhias que podem ser ameaçadas primeiro:
Yelp
Na apresentação do novo mecanismo, Zuckerberg discorreu sobre as possibilidades de receber avaliações dos amigos a respeito de inúmeros estabelecimentos - ponto nevrálgico para o Yelp. Com ações negociadas em bolsa, o Yelp fornece justamente resenhas de serviços em cidades nos Estados Unidos e na Europa a partir da visão de usuários sobre restaurantes, bares, boates e lojas.
Caso a adesão à Graph Search se confirme, a companhia seria ameaçada pela preferência que as pessoas poderiam dar à recomendação dos conhecidos ao invés da de internautas em geral. Não por menos, as ações da empresa caíram mais de 7% ontem. E abriram a bolsa também no vermelho.
Peixe Urbano
No ano passado, o site que se consagrou pelos cupons de compras coletivas decidiu diversificar os negócios. Uma das apostas foi em um guia de estabelecimentos de 100 cidades, nos moldes do que faz o Yelp no exterior. Por consequência, o Peixe também poderia sofrer com a investida do Facebook.
OkCupid e Match.com
"Amigos de amigos formados em Engenharia", "amigos solteiros que gostam de seriados" e "amigos que praticam yoga" são apenas alguns dos inúmeros resultados de busca com potencial de serem entregues pela Graph Search. São, sobretudo, formas de encontrar pessoas com interesses em comum. E poderiam, com isso, diminuir o acesso a sites de relacionamento como o OkCupid, que já foi classificado como uma espécie de "Google do namoro virtual", e o Match.com, que também mantém atividades no Brasil.
Tom Stocky, egresso do Google e um dos líderes no projeto da Graph Search, pontuou que a novidade pode ser uma "poderosa ferramenta de recrutamento". Como será possível refinar a busca com critérios como formação, empresa atual e proficiência em línguas, por exemplo, o Facebook ganhará mais atributos para invadir a praia do LinkedIn (os papéis deste último caíram ligeiramente depois do anúncio, mas fecharam o pregão em leve alta).
É inegável que o LinkedIn sai na frente por oferecer uma série de outras possibilidades aos usuários, voltadas unicamente para as relações de trabalho. Mas o Facebook, que já é abertamente usado por recrutadores na avaliação dos candidatos, poderá, com o tempo, ofuscar a dominância do novo rival nesse quesito.
Os anúncios que aparecem nas buscas do Google foram a grande tacada da companhia para ganhar dinheiro. Caso as consultas feitas pelo Facebook se popularizem, também é provável a companhia enverede pelo mesmo caminho. Da mesma forma que uma empresa de e-commerce paga para aparecer primeiro entre os resultados do Google, será possível repetir a dose para ficar acima dos resultados referendados pelos amigos no Facebook.
Em suma, a Graph Search confere um verniz mais comercial à gigantesca base de dados reunida pela rede social e espontaneamente engordada pelos seus usuários. Como o Bing, buscador da Microsoft, será usado para as perguntas que ficarem sem resposta dentro do Facebook, o Google também poderá ser marginalmente afetado. Analistas do setor, por outro lado, reforçam que tudo isso depende do sucesso da empreitada de Zuckerberg. E ainda é cedo para avaliar seu fôlego.