Quanto custa um único smartphone para o Planeta? É 'salgado'
Um único aparelho consome quase 13 mil litros de água, além de outros recursos naturais preciosos. Mas a um custo ambiental e humano salgados, revela estudo.
Smartphone: um único aparelho consome quase 13 mil litros de água, além de outros recursos naturais. Mas a um custo ambiental salgado.
(Thinkstock)
Vanessa Barbosa
Publicado em 13 de maio de 2015 às 17h22.
São Paulo – O mercado global de smartphones não para de crescer. Com quase um bilhão de aparelhos produzidos por ano, estes pequenos computadores de bolso revolucionam a forma como vivemos. Apesar do tamanho diminuto, eles também requerem grande quantidade de matérias-primas para serem produzidos, além de água, terra e outros recursos naturais.
Segundo a pesquisa, a produção de um smartphone genérico demanda nada menos do que 18 metros quadrados de terra e 12.760 litros de água (o equivalente a cerca de 160 banhos pelos cálculos da ONG).
Dois quintos do impacto da água deve-se à poluição nas fases de fabricação e montagem de componentes, e outra parte para a produção de embalagens. A "pegada da terra" leva em conta as áreas de exploração de materiais utilizados para fabricar o aparelho e suas embalagens.
Tomar consciência a respeito desses fatores ocultos, que não são expostos nas embalagens e nem nos anúncios publicitários, é uma forma de pressionar a indústria de eletroeletrônicos a se tornar mais eficiente no consumo de insumos e na geração de resíduos.
Matérias-primas
Analisar a pegada da cadeia de fornecimento dos smartphones é uma tarefa complexa e alguns dos dados são difíceis de obter. Para estimar a pegada ambiental de um smartphone, a Trucost trabalhou com base em dados disponíveis das 10 maiores fabricantes do aparelho.
Além da água e da terra, as matérias-primas em um smartphone incluem minerais, tal como o lítio, tântalo e cobalto e metais raros, a exemplo da platina.
Ulet Ifansasti/Friends of the Earth
Mineração em Bangka: quase um terço da oferta mundial de estanho, componente-chave para produção de eletroeletrônicos, vem da Indonésia
Muitos dos principais componentes utilizados em smartphones são também usados para uma variedade de dispositivos eletrônicos, fazendo com que a pegada ambiental desses aparelhos represente, apenas, uma pequena parte da demanda por recursos do setor.
Elementos raros da terra (um grupo de dezessete elementos químicos que ocorrem juntos na tabela periódica), por exemplo, são utilizados para a fabricação de ímãs, baterias, luzes LED, alto-falantes, placas de circuito e vidro polido de telas.
O mercado global de elementos raros é dominado pela China, onde as minas deixam uma marca pesada sobre o meio ambiente na forma de resíduos.
A pesquisa destaca o arsênico, bário, chumbo, cádmio, fluoretos e sulfatos, e uma tonelada de minérios que geram milhares de litros de águas residuais ácidas, grandes quantidades de gases residuais e até mesmo resíduos radioativos.
Custo humano
Um trabalho de investigação da ONG em campos de mineração de estanho em torno de Bangka Island, na Indonésia, revelou taxas de mortalidade e de lesões terríveis para os trabalhadores envolvidos.
O estanho é um componente-chave em smartphones e outros aparelhos eletrônicos, e quase um terço da oferta mundial vem da Indonésia.
“A mineração de estanho é, contudo, uma atividade devastadora do meio ambiente local, destruindo florestas costeiras, contaminando a água potável e degradando o solo", diz o relatório.
A pesquisa também destaca que a mineração no mar danifica os recifes de coral, afetando populações de peixes e forçando muitos pescadores a voltar-se para a mineração para se sustentar.
Mineração em Bangka: quase um terço da oferta mundial de estanho, componente-chave para produção de eletroeletrônicos, vem da Indonésia
Condições impróprias de trabalho
Smartphones e outros dispositivos eletrônicos, geralmente, têm fabricação terceirizada para fábricas na China, Filipinas, Singapura e Taiwan, onde tem havido inúmeras alegações de má condições de trabalho, utilização de mão de obra infantil e abuso dos trabalhadores.
No final de 2012, a empresa anunciou que estava movendo um pouco de sua produção para o Estados Unidos, embora grande parte da produção ainda permaneça além mar.
São Paulo - Com 1001 utilidades, o grafeno promete ser um dos principais materiais por trás das tecnologias do futuro. Tendência no mundo da ciência, a forma super-resistente do carbono tem aplicações que vão de raquetes de tênis a preservativos. A seguir, veja algumas delas.
Em seu site, a fabricante de raquetes de tênis HEAD anuncia um modelo que conta com grafeno em sua composição. Segundo a empresa, o material permite a melhor distribuição do peso e dá mais velocidade ao saque de jogadores como o sérvio Novak Djokovic.
Um estudo de cientistas da Rice University identificou que o óxido de grafeno tem entre suas propriedades a capacidade de remover material radioativo de água contaminada.
Outro trabalho, agora da universidade inglesa de Manchester, mostrou que o grafeno é impermeável a tudo, exceto uma coisa: água - o que pode ajudá-lo a filtrá-la.
Um papel anti-bactérias para embalar alimentos foi criado na Universidade de Xangai. Feito à base de grafeno, ele só é permeável à água e inibe o crescimento de micro-organismos.
Dois projetos de preservativo feitos a partir de grafeno estão sendo financiados pela Fundação Bill e Melinda Gates. A escolha do material se deve à sua impermeabilidade.
Que tal tatuar em um dente um sensor de grafeno capaz de monitorar sua saúde bucal? Na Princeton University, está sendo desenvolvido um estudo para pôr a ideia em prática.
Na universidade americana de Columbia, engenheiros usaram o grafeno para desenvolver o menor transmissor de frequência modulada (FM) de que se tem notícia.
Cientistas da Nanyang Technological University, em Singapura, usaram a sensibilidade à luz do grafeno para criar um sensor para câmeras 10 vezes melhor que os atuais.
No futuro, compósitos plásticos feitos a partir de grafeno podem ser úteis para reparar danos em carros e aviões - em função da resistência e leveza deste material. Quem afirma é a universidade de Manchester.
Em função da baixa densidade e da enorme resistência, o grafeno pode ser usado na confecção de fones de ouvido capazes de reproduzir o som com altíssima qualidade. Foi o que apontou um estudo desenvolvido pela Universidade da Califórnia.
A Nokia ganhou em janeiro um prêmio de 1,3 bilhão de dólares para desenvolver pesquisas com grafeno. Espera-se que a empresa use o material no acabamento de smartphones.
Ricarhd Kaner, pesquisador da Universidade da Califórnia, desenvolveu a partir do grafeno baterias para smartphones e notebooks que são inteiramente recarregadas em cinco e 10 segundos, respectivamente.
Baterias de lítio com eletrodos de grafeno armazenam 10 vezes mais carga do que o normal. A constatação é de pesquisadores americanos da Northwestern University.
Interruptores ópticos feitos a partir de grafeno aumentaram em 100 vezes a velocidade da transmissão de dados em experimentos nas universidades inglesas de Bath e Exeter.
Na Universidade da Flórida, pesquisadores usaram o grafeno para confeccionar um painel que capta energia solar. Experiências do tipo também alcançaram sucesso em Oxford.
A capacidade de armazenar amônia e outros gases torna o grafeno útil na detecção de vazamentos. A utilidade foi descoberta por pesquisadores de China e EUA em parceria.
Como explosivos geralmente exalam gases e substâncias químicas, cientistas americanos da Rensselaer Polytechnic Institute têm usado grafeno para detectar ameaças do tipo.
Tão efetivo quanto os revestimentos usados normalmente para evitar ferrugem, o grafeno é cinco vezes mais fino. Quem fornece o dado é a Vanderbilt University, dos EUA.
Estudo da Chalmers University of Technology, na Suécia, revelou que aplicar uma camada de grafeno esfria e, por isso, estende a vida útil de componentes eletrônicos.
Circuitos invisíveis podem ser feitos de grafeno, que é transparente e bom condutor. Na Universidade de Exeter, foi criado um material baseado nisso para espelhos inteligentes.
Pesquisadores da universidade americana Georgia Tech estão desenvolvendo uma antena de grafeno capaz de transferir um terabyte de dados em apenas um segundo.
As propriedades do grafeno permitiram a cientistas da Swinburne University of Technology desenvolver um disco capaz de armazenar três vezes mais dados que um Blu-ray.
Uma parceria entre China e Dinamarca deu origem a um suporte microscópico capaz de armazenar dados. Nele, o grafeno funciona como "papel" e os eletróns, como "tinta".
Engenheiros da Universidade do Michigan usaram o grafeno para desenvolver lentes ultra-finas capazes de capturar imagens em infravermelho - revelando assim áreas de calor em ambientes comuns.
Em testes realizados com células animais na Polônia, o grafeno apresentou bons resultados no combate ao glioma (tipo de tumor que aparece no cérebro e na espinha). Ao formar uma rede em torno da célula doente, o grafeno cortava seu suprimento de oxigênio e nutrientes - terminando por levá-la à morte.
Um estudo das universidades da California e do Michigan mostrou que o uso do grafeno em implantes cardíacos permite que pacientes vivam tomando menos anticoagulantes.
Combinado a um filme elástico de polímero, o grafeno pode ser uma boa matéria-prima para músculos artificiais - de acordo com pesquisas da Duke University, nos EUA.
Células da retina foram substituídas por tecido feito a partir de grafeno em testes realizados por pesquisadores alemães da Technical University of Munich.
Usando água, eletricidade, DNA e grafeno, pesquisadores da universidade de Harvard e do MIT desenvolveram um novo método para sequenciar o material genético.
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Localizado por um telescópio da NASA em algumas áreas do espaço, o grafeno pode ajudar a responder importantes questões relativas ao surgimento da vida na Terra.
34. Agora, saiba mais sobre outra maravilha contemporâneazoom_out_map