Sundar Pichai: presidente do Google depõe no banco das testemunhas (Mateusz Wlodarczyk/Getty Images)
Repórter
Publicado em 31 de outubro de 2023 às 13h51.
Última atualização em 31 de outubro de 2023 às 14h35.
Sundar Pichai, CEO da Alphabet, prestou depoimento em um dos mais significativos julgamentos antitruste dos últimos 25 anos. Durante sua declaração na segunda-feira, 31, Pichai admitiu a relevância dos acordos que tornam o motor de busca do Google padrão em smartphones e navegadores. Segundo ele, esses acordos, quando "feitos corretamente", podem fazer diferença.
O executivo destacou a importância desses acordos, indicando que, em determinados cenários, os padrões podem ser extremamente valiosos, trazendo benefícios também para os usuários.
Mas esse é o lado do Google. Para o governo dos Estados Unidos o Google manteve ilegalmente um monopólio, pagando por acordos que garantem a presença proeminente de seu motor de busca em smartphones e navegadores. O grupo nega as acusações, argumentando que enfrenta forte concorrência e que sua participação de mercado é resultado da força de seu produto, escolhido pelos consumidores.
Informações divulgadas anteriormente pelo Departamento de Justiça dos EUA indicam que o Google gasta mais de 10 bilhões de dólares por ano em acordos que garantam sua hegemonia. No entanto, uma testemunha-chave revelou na sexta-feira, 27, que a Alphabet desembolsou 26,3 bilhões de dólares em tais negócios em 2021.
Pichai é a testemunha mais proeminente até agora no julgamento, que entra em sua sétima semana.
Outro importante nome foi Satya Nadella, CEO da Microsoft, que trouxe o dilema a Pichai. A Microsoft aparece no julgamento como a principal empresa de tecnologia desafiando a dominância do Google na pesquisa na internet, por meio de seu motor de busca Bing.
Nadella entende bem o que é ser escrutinado por práticas anticompetitivas. Em 1999, a Microsoft foi a primeira grande empresa de tecnologia a sofrer um processo antitruste pela dominância forçada do seu navegador Internet Explorer.
Os promotores alegam que o Google está utilizando as mesmas práticas que criticou quando a Microsoft boicotou o navegador Chrome. Meagan Bellshaw, advogada do DoJ, citou uma carta do Google enviada enquanto a Microsoft se preparava para lançar uma nova versão de seu navegador Internet Explorer naquela época.
O Google ameaçou com ação legal porque o motor de busca da Microsoft se tornaria padrão no novo navegador, sem que os usuários fossem solicitados a fazer uma escolha.
Pichai argumentou que a Microsoft na época não estava "honrando" a preferência do usuário, pois as configurações padrão do Internet Explorer eram ocultas. Já o Google, segundo o CEO, não proíbe a escolha do usuário, "mas se você está fazendo um acordo comercial, estamos pagando por uma promoção aprimorada".