Protesto na web critica cultura de estupros no Brasil
No Facebook, mulheres de todo o Brasil se organizaram para protestar contra o resultado da pesquisa.
Da Redação
Publicado em 29 de março de 2014 às 09h25.
Um dia depois de uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgar uma pesquisa que revela que 65% dos brasileiros acham que mulheres que usam roupas curtas merecem ser atacadas, as redes sociais se tornaram palco de protestos e debates.
No Facebook, mulheres de todo o Brasil se organizaram para protestar contra o resultado da pesquisa. "Você não concorda com isso? Nem eu! Então bora mostrar o corpo pra mostrar o quão revoltadas estamos?", convocava o texto publicado na página do evento na rede social. Até as 21h desta sexta-feira, 28, a manifestação virtual teve adesão de 16 mil pessoas.
"A ideia é que a gente tire a roupa e se fotografe, da cintura para cima, com um cartaz tampando os seios com os dizeres Eu também não mereço ser estuprada e postemos, todas juntas, ao mesmo tempo, online", explicava a organizadora do ato, a jornalista Nana Queiroz. Ela estimulava as mulheres a postarem fotos da maneira que se sentissem à vontade: "de burca, de roupa de futebol ou de biquíni", exemplificava.
Com a hashtag #EuNãoMereçoSerEstuprada, as pessoas começaram a postar suas fotos às 20h. Reunidas, sozinhas, velhas, novas e até amamentando, as mulheres exibiram seus cartazes. Homens também aderiram ao protesto.
"Canso de escutar que se uma mulher usa roupa curta é pedir pra ser estuprada. E quanto a homens sem camisa? Eles também estão pedindo isso?", escreveu Eduardo Winther de Medeiros, que exibia um cartaz com os dizeres: "Roupa curta não justifica estupro". Johannes Antonius Wiegerinck também apoiou a causa: "Se eu vir você abusando de uma mulher, eu vou quebrar o seu pescoço - fisicamente, verbalmente ou moralmente".
Apesar da grande adesão, algumas mulheres se sentiram intimidadas com comentários machistas em seus posts. "Em um movimento virtual que tem como objetivo o respeito às mulheres, eu publico uma foto e sou xingada. É como ser rotulada e julgada", reclamou uma manifestante. As outras a apoiaram: "Não dê ouvidos a eles. Nos enjoa ver gente que pensa assim".