A Cisco, gigante americana que fornece tecnologia para as maiores empresas do mundo, quer sair dos bastidores. Dentro de seis meses, a companhia irá oferecer seus produtos não apenas para o mercado corporativo, mas também para as famílias. O novo portfólio inclui, por exemplo, aparelhos de TV e de DVD que se conectam à internet.

"O IP [sigla para Internet Protocol] está saindo das empresas para invadir as residências", diz o diretor de canal da Cisco Systems no Brasil, Marco Sena. Em outras palavras, as conexões em rede e outras vantagens que só a alta tecnologia é capaz de oferecer estão cada vez mais viáveis - tanto em preço como em diversidade de produtos - para o consumidor final.

Uma das razões para tal mudança é a popularização da banda larga. É ela que vem permitindo a difusão de uma enxurrada de novos produtos e serviços via web. A Cisco percebeu isso. Em 2003, pagou 500 milhões de dólares pela Linksys, uma pequena empresa americana especializada em produtos sem fio para pequenas empresas. No ano passado, foi a vez de arrematar a canadense Kiss, essa verdadeiramente voltada para o entretenimento doméstico. Entre os seus produtos estão aparelhos de DVD que gravam e reproduzem independentemente; aparelhos que permitem a reprodução de um mesmo DVD em mais de um televisor, além de uma linha com memória em disco rígido para que filmes e músicas possam ser salvos. A empresa custou 61 milhões de dólares à Cisco.

Outros 6 bilhões de dólares foram pagos, no final do ano passado, pela Scientific Atlanta, fabricante de set-op boxes (aquelas pequenas caixas usadas pelas empresas de TV a cabo). O aparelho parece inofensivo, mas é ele que permitirá às empresas oferecer serviços melhores (e mais caros) como filmes sob demanda e gravação digital de vídeo. "Nos últimos 20 anos, a Cisco já comprou mais de 100 empresas. Faz parte do perfil da companhia estar de olho em pequenas empresas que tenham know-how em segmentos específicos", diz Sena.

Segundo o executivo, a revenda da Cisco para pequenas e médias empresas também será intensificada. Na prática, o processo é o mesmo: tirar o foco do mercado de grandes clientes, já consolidado, para buscar os menores. "Pretendemos contratar 1 000 novas revendas", diz Sena.