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Prisão do fundador da Kakao abala mercado de k-pop

Kim Beom-su é acusado de manipulação de ações na disputa pela SM Entertainment

Kim Beom-su, também conhecido como Brian, foi preso nessa terça-feira (Bloomberg/Getty Images)

Kim Beom-su, também conhecido como Brian, foi preso nessa terça-feira (Bloomberg/Getty Images)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 23 de julho de 2024 às 06h51.

Kim Beom-su, o bilionário fundador da gigante tecnológica Kakao, foi detido na terça-feira, 23, sob suspeita de manipulação de preços de ações vinculadas ao investimento da empresa em uma das maiores agências de k-pop da Coreia do Sul. As informações são do The New York Times.

Uma disputa acirrada emergiu no início do ano passado em torno da agência SM Entertainment. Procuradores alegam que a Kakao manipulou o preço das ações da agêcia para bloquear a Hybe, responsável pelo BTS, de adquirir a companhia, que representa artistas como Girls’ Generation, NCT e Aespa. No ano passado, procuradores indiciaram o diretor de investimentos da Kakao, Bae Jae-hyun, e a própria empresa por acusações de manipulação de ações. O Tribunal Distrital do Sul de Seul confirmou que Kim, de 58 anos, também conhecido como Brian, foi preso na manhã de terça-feira sob suspeitas semelhantes.

Embora Kim não tenha sido formalmente acusado, o tribunal emitiu um mandado de prisão para permitir que os procuradores o interrogassem sob custódia, por temerem que ele pudesse destruir provas ou fugir. Kim negou as acusações.

Queda na fortuna e acusações

Kim é o primeiro da nova geração de líderes tecnológicos da Coreia do Sul a enfrentar acusações criminais sérias. O líder de terceira geração da Samsung, Lee Jae-yong, foi condenado por suborno em 2021 antes de ser liberado em liberdade condicional no mesmo ano. Lee, agora presidente executivo do conglomerado, foi absolvido de acusações separadas de manipulação de ações no início deste ano.

A Kakao tem enfrentado um rigoroso escrutínio regulatório nos últimos anos, à medida que seus negócios se expandem. A prisão impactou as ações da empresa, que caíram mais de 5% na terça-feira. A empresa perdeu um terço de seu valor este ano. A cultura corporativa da Coreia do Sul desencoraja desafiar a autoridade, acrescentou, e os conselhos de administração frequentemente não atuam como um controle eficaz sobre os executivos.

Kim, fundador da Kakao, foi celebrado por sair da pobreza e construir uma das principais empresas de tecnologia da Coreia do Sul. Ele foi o primeiro de cinco irmãos a frequentar a universidade. Em 2010, ele desenvolveu um aplicativo de mensagens chamado KakaoTalk, que se tornaria a base de seu império na internet. Em determinado momento, ele ultrapassou Lee como a pessoa mais rica da Coreia do Sul, com um patrimônio líquido de mais de US$ 13 bilhões (aproximadamente R$ 72,54 bilhões), segundo a Bloomberg.

O conjunto de aplicativos da Kakao serve como infraestrutura crucial na Coreia do Sul, abrangendo serviços bancários, pagamentos, transporte, mapas e jogos. O KakaoTalk está instalado em mais de 90% dos telefones no país. A empresa tem um valor de mercado de cerca de US$ 12 bilhões (cerca de R$ 66,96 bilhões), dos quais Kim detém uma participação de 24%.

No entanto, a Kakao tem enfrentado dificuldades nos últimos anos e, com isso, a fortuna de Kim caiu para US$ 3,6 bilhões (cerca de R$ 20,09 bilhões). Em 2022, um incêndio em um centro de dados da Kakao causou uma interrupção nacional de vários dias, levantando preocupações sobre monopólio e levando o presidente Yoon Suk Yeol da Coreia do Sul a ordenar uma investigação. Um executivo sênior da Kakao renunciou após assumir a responsabilidade.

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