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Pioneiro da internet no Brasil morre aos 74 anos

O professor Alberto Courrege Gomide especificou o software para receber na FAPESP o primeiro sinal da internet no Brasil, em janeiro de 1991

 (Reprodução/Reprodução)

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Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 22 de outubro de 2018 às 12h50.

Última atualização em 22 de outubro de 2018 às 13h51.

O professor Alberto Courrege Gomide, um dos pioneiros da internet no Brasil, morreu no dia 17 de outubro, em decorrência de complicações de uma cirurgia pulmonar, aos 74 anos.

Foi Gomide quem especificou o software para receber na FAPESP o primeiro sinal da internet no Brasil, em janeiro de 1991. Engenheiro eletricista formado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, em 1972, e mestre em Matemática Aplicada pela mesma instituição, em 1981, era o gerente de informática adjunto da FAPESP na equipe de Demi Getschko – atualmente diretor presidente do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) – que administrava várias redes acadêmicas existentes naquele momento, antes da internet.

Um ano antes de o Fermi National Accelerator Laboratory (Fermilab) entrar na internet – existia uma conexão direta da FAPESP com esse laboratório de física de altas energias nos Estados Unidos, por onde trafegava a comunicação acadêmica com o mundo, Gomide foi até lá conhecer a nova rede e suas configurações. Em 1990, Gomide integrava também a An Academic Network of São Paulo (ANSP), criada pela FAPESP para administrar as redes de informática com as universidades e institutos paulistas.

Alberto Gomide participou da preparação para receber o primeiro sinal de internet no país, em 1991 na FAPESP

Alberto Gomide participou da preparação para receber o primeiro sinal de internet no país, em 1991 na FAPESP (Mariana Passos/NIC.BR/Reprodução)

 

Quando o software chegou à FAPESP, meses depois da visita ao Fermilab, Gomide configurou o software em uma das suas paixões, os computadores da marca Digital. “A única mudança que senti foi a efetivação do domínio ponto br para os e-mails”, disse Gomide em reportagem na revista Pesquisa FAPESP. Como eram muitas redes, a internet não trouxe grandes novidades para Gomide e seus colegas de profissão na FAPESP.

Quando a internet começou a crescer, conta Getschko, “os pedidos chegavam à FAPESP e o Gomide olhava um por um e dizia: Quem é você? É provedor? Então não pode ser acadêmico, vai ser .com.br. Os primeiros registros .com.br foram realizados por Gomide à mão. Não precisava de um software. Ele examinava caso a caso e fornecia o número IP [Protocolo Internet que identifica cada computador, ou hoje também, celular, TV etc]”. Esse registro logo mudou para um software específico. Gomide foi, nos primeiros anos da internet no Brasil, o responsável pelo registro .br e pela conectividade e roteamento da saída International da rede.

Antes da FAPESP, Gomide trabalhou no Centro de Computação Eletrônica da USP, de 1974 a 1983, onde conheceu Getschko, e no Centro de Computação e Informática da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Também foi analista e consultor na Companhia de Processamento de Dados do Município de São Paulo (Prodam), Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo (Prodesp), Companhia Energética de São Paulo (Cesp) e Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP), além das empresas Grupo Eldorado, Ford, Unysys e Bolsa de Valores de São Paulo. A partir de 2005, foi professor no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP) e Instituto Sumaré de Educação Superior.

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