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Pinterest entra no e-commerce – sem perder a inspiração

A rede social que conecta usuários a referências visuais agora terá conexão com lojas virtuais por meio da expansão de uma parceria global com a Shopify. Líder de crescimento da empresa conta detalhes em entrevista; confira

Pinterest: rede social entra na mira do Paypal, segundo agência de notícias (Gabby Jones/Bloomberg via Getty Images/Getty Images)

Pinterest: rede social entra na mira do Paypal, segundo agência de notícias (Gabby Jones/Bloomberg via Getty Images/Getty Images)

Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 21 de abril de 2021 às 07h00.

Última atualização em 21 de abril de 2021 às 13h34.

O Pinterest anunciou, há algumas semanas, a chegada da sua rede de anúncios ao Brasil, que permite às marcas mostrarem seus produtos aos usuários. Hoje, a companhia expande sua atuação comercial para o e-commerce, por meio da internacionalização de uma parceria com a empresa canadense Shopify que fornece uma plataforma de criação de lojas virtuais com foco em pequenas e médias empresas.

O Pinterest tem 46 milhões de usuários no Brasil e a empresa surfa na onda de uma tendência de uso de redes sociais. Segundo a consultoria GlobalWebIndex, o tempo médio mundial que os internautas passam nesse tipo de site ou aplicativo no terceiro trimestre de 2020 foi de duas horas e 25 minutos, um salto de 0,4% em relação ao período anterior de 2019, e de 49% ante o mesmo trimestre em 2015. O levantamento aponta que os brasileiros são a terceira nação que mais utiliza as redes sociais, passando três horas e 42 minutos por dia nelas.

A procura por referências ou novas ideias é o sexto motivo mais popular para acessar a internet, atrás de atividades como encontrar informações, conectar-se com amigos e família e leitura de notícias. Nesse contexto, o Pinterest se posiciona em um mercado sólido com uma proposta única: ser a fonte de inspiração para diferentes atividades, seja para decorar a casa, escolher um novo visual ou preparar uma festa de casamento.

Assim como Uber e Airbnb, o Pinterest faz parte de uma leva de empresas que crescem queimando capital para, no futuro, tornarem-se lucrativas. O Pinterest tem chegado mais perto dessa realidade. A empresa perdeu 128 milhões de dólares em 2020, 91% menos do que em 2019, quando o prejuízo foi de 1,36 bilhão. Além disso, a companhia vem crescendo. O salto no faturamento foi de 48% de um ano para o outro, indo de 1,1 bilhão de dólares para 1,69 bilhão. Com a expansão para o mercado brasileiro, a companhia tem uma nova oportunidade de conectar marcas a consumidor e lucrar nesse processo.

Em entrevista para a EXAME, André Loureiro, líder de crescimento e operações para Brasil e América Latina, diz que a companhia não deixará de ser um dos poucos refúgios no ritmo acelerado da internet nem deixará de ser uma rede voltada a inspirar seus usuários. Confira a seguir.

EXAME: Qual é a importância do mercado brasileiro na estratégia do Pinterest?

André Loureiro: O Brasil é um mercado muito importante do ponto de vista de volume de usuários e, além disso, temos expandido a rentabilização com o recurso de publicidade. Em 2019, começamos na Europa e agora a América Latina foi o passo seguinte, começando pelo Brasil. O Pinterest é uma rede social inspiracional. E isso está relacionado às descobertas das pessoas. Em geral, essa novidade está conectada com projetos que as pessoas já estão executando. Isso faz com que o Pinterest seja uma plataforma com uma alta intenção de realização. São referências que culminam em uma ação. O consumidor se pergunta: onde eu compro? Os anúncios ajudam a fechar o ciclo do seu projeto. Com isso, os anúncios trazem uma relevância enorme para os usuários.

Como tem sido a aceitação dos anúncios no Pinterest e por que a escolha do Brasil para esse lançamento em 2021?

Fizemos um teste antes do lançamento. Nele, vimos nossa capacidade de entrega e geração de performance de vendas. Fizemos a campanha do smartphone Galaxy S21, com a Samsung, e testamos a experiência de colocar o produto no carrinho e comprar. Temos uma integração de vitrine. Geramos uma conexão das imagens do e-commerce com o feed {linha do tempo]. O usuário visualiza a sua vitrine lá dentro. Sobre a escolha do Brasil, a empresa já tem alcance global de usuários e anúncios. Por isso, buscamos um grande volume de usuários e anunciantes. O Pinterest tem 46 milhões de usuários no Brasil e continuamos crescendo.

Em pouco tempo, vocês escolheram novamente lançar uma novidade no Brasil, a parceria com a Shopify, para e-commerce. Por quê?

A expansão internacional da parceria com o Shopify permitirá colocar sua vitrine no Pinterest com três cliques. Conectando com ferramentas de marketing digital para encontrar o público interessado, você poderá unir a jornada de descoberta com a compra. O Shopify é uma internacionalização em 20 países, e o Brasil entra nesse rol de países. Em relação à América Latina, a dimensão motivou a escolha para o lançamento inicial dos anúncios. Metade das oportunidades da América Latina estão aqui. Por isso, escolhemos o Brasil como um ponto central para a região.

Há uma tendência entre as empresas de redes sociais venderem produtos para consumidores. Por que optaram por isso em vez de um modelo de assinatura, por exemplo?

O Pinterest é diferente de uma rede social. Ele oferece uma experiência pessoal. Ele é menos sobre conexão com pessoas e mais com ideias. Temos interesses em comum entre usuários, claro, mas não temos necessariamente essa relação entre as pessoas, ela é mais forte com as ideias. O Pinterest já é naturalmente uma plataforma onde você tem experiência de inspiração e compra. Nessa jornada de descoberta, você está em uma jornada que passa por uma decisão de compra. Abrindo a possibilidade de saber quais são as marcas e produtos para poder comprar, isso não é interrupção da sua experiência na plataforma. É complementar e gera mais valor para o usuário. O shopping é um dos pilares da experiência na plataforma. Temos ferramentas de experiência com produtos globalmente que são centrais para o usuário, como a experimentação de maquiagem com Realidade aumentada, que temos nos EUA.

Historicamente, redes sociais têm problemas com privacidade. Como o Pinterest lida com a privacidade dos usuários?

Seguimos a cartilha da privacidade e buscamos uma atuação segura na internet. O Pinterest é entendido pelos usuários como um canto seguro na internet. As pessoas entram no Pinterest para ter uma experiência pessoal e encontram um local fora da loucura que acontece em outros lugares da internet. Legalmente, estamos totalmente adequados às normas de privacidade.

Para uma rede como o Pinterest, a pandemia ajudou ou atrapalhou os negócios?

O contexto tem ajudado a impulsionar o Pinterest. As pessoas estão buscando experiências mais ricas digitalmente. O boom do digital está ligado a digitalização de categorias que não eram tão endêmicas na internet. Elas precisavam, em muitos casos, de experiências mais ricas. Nossa plataforma está conectada com isso. A inspiração é muito única para o Pinterest por ser escassa na web. Ocupamos um espaço que é uma necessidade dos consumidores e de marcas e categorias de produtos que não estão apenas focados nas vendas, mas também na experiência de compra.

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