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Pesquisadores lançam plataforma com falas de crianças

Mais de 400 horas de gravações foram digitalizadas e transcritas. Material é usado para estudos sobre aquisição da linguagem

Crianças: falas foram gravadas em situações cotidianas como almoço ou jantar, momentos de brincadeira ou contação de histórias, em interação com pais, irmãos e amigos (Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 10 de dezembro de 2013 às 10h49.

São Paulo – O Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas (IEL/ Unicamp ) digitalizou 423 horas de falas de oito crianças brasileiras com idades entre 11 meses e 5 anos, gravadas em situações cotidianas como almoço ou jantar, momentos de brincadeira ou contação de histórias, em interação com pais, irmãos e amigos.

“O diferencial da Plataforma de Documentos Sonoros que estamos lançando – primeiramente na intranet do IEL e em breve para o público geral – é oferecer gravações na íntegra, sem nenhum tipo de edição prévia. Isso permite que o material sirva como base empírica a estudos sobre aquisição da linguagem feitos sob a ótica de diferentes modelos teóricos e metodológicos”, disse Maria Fausta Pereira de Castro, pesquisadora do IEL que coordenou, no Centro de Documentação Alexandre Eulálio (Cedae), o processo de digitalização das falas.

A maior parte dos dados foi coletada entre 1976 e 1981, durante o Projeto de Aquisição de Linguagem, criado e coordenado pela pesquisadora Cláudia Thereza Guimarães de Lemos, também do IEL, até 1995. Naquela época, a iniciativa teve financiamento da FAPESP por meio do projeto Relações entre desenvolvimento cognitivo e desenvolvimento pré-linguístico e linguístico em crianças brasileiras.

“Capturadas com gravadores de rolo, a melhor tecnologia disponível então, as falas estavam em processo de deterioração, mesmo mantidas em ambiente e temperatura adequados”, disse Castro à Agência FAPESP. Para que o material não fosse perdido e, ao mesmo tempo, pudesse ser acessado via internet, a equipe do IEL buscou financiamento para a digitalização.

As verbas foram obtidas por meio de um auxílio do Programa de Apoio à Infraestrutura de Pesquisa do Estado de São Paulo da FAPESP, solicitado pelo Cedae, e de verbas do Programa de Excelência Acadêmica (Proex) da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).


Boa parte das gravações também já foi transcrita, dando forma a 14 mil páginas de diálogos infantis. “O trabalho de digitação foi feito por alunos da Unicamp com bolsa do Serviço de Apoio ao Estudante (SAE). De 2006 a 2013 contratamos e treinamos 14 estagiários para a execução da tarefa, que, dessa forma, ganhou, além de alcance acadêmico, uma função social”, afirmou Castro. Os usuários poderão ouvir os arquivos de áudio e ler as transcrições, acessíveis por meio de filtros como idade e dia de gravação.

De acordo com a pesquisadora, o material já serviu de base empírica para trabalhos acadêmicos, dissertações de mestrado e teses de doutorado sobre a aquisição da linguagem pela criança – inclusive de autoria da equipe que, por anos, esteve sob a orientação da professora Lemos.

“Eu, por exemplo, trabalhei com argumentação. Minhas colegas Ester Miriam Scarpa, Maria Cecília Perroni e Rosa Attié Figueira, com prosódia, narrativa e causatividade, respectivamente – temas bastante recorrentes nos estudos de aquisição de linguagem. Mas esses são apenas alguns exemplos de trabalhos que podem ser desenvolvidos, em especial no âmbito do interacionismo, ou seja, sobre as relações estruturais entre as falas das crianças e dos adultos”, explicou Castro.

Outra característica das gravações foi a coleta feita ao longo do tempo, durante diferentes fases da criança, o que, de acordo com a pesquisadora, “permite ao investigador pensar a mudança da relação da criança com a fala do outro e com a língua”.

A equipe está finalizando a coleta das autorizações para a divulgação externa do material e prevê que o acesso será liberado ao público geral até o fim deste ano.

“Acreditamos que, em português, trata-se do único conjunto de gravações com estas características: falas de crianças brasileiras, em situações cotidianas e sem qualquer edição prévia – o que o torna bastante promissor”, disse Castro.

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São Paulo – O Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas (IEL/ Unicamp ) digitalizou 423 horas de falas de oito crianças brasileiras com idades entre 11 meses e 5 anos, gravadas em situações cotidianas como almoço ou jantar, momentos de brincadeira ou contação de histórias, em interação com pais, irmãos e amigos.

“O diferencial da Plataforma de Documentos Sonoros que estamos lançando – primeiramente na intranet do IEL e em breve para o público geral – é oferecer gravações na íntegra, sem nenhum tipo de edição prévia. Isso permite que o material sirva como base empírica a estudos sobre aquisição da linguagem feitos sob a ótica de diferentes modelos teóricos e metodológicos”, disse Maria Fausta Pereira de Castro, pesquisadora do IEL que coordenou, no Centro de Documentação Alexandre Eulálio (Cedae), o processo de digitalização das falas.

A maior parte dos dados foi coletada entre 1976 e 1981, durante o Projeto de Aquisição de Linguagem, criado e coordenado pela pesquisadora Cláudia Thereza Guimarães de Lemos, também do IEL, até 1995. Naquela época, a iniciativa teve financiamento da FAPESP por meio do projeto Relações entre desenvolvimento cognitivo e desenvolvimento pré-linguístico e linguístico em crianças brasileiras.

“Capturadas com gravadores de rolo, a melhor tecnologia disponível então, as falas estavam em processo de deterioração, mesmo mantidas em ambiente e temperatura adequados”, disse Castro à Agência FAPESP. Para que o material não fosse perdido e, ao mesmo tempo, pudesse ser acessado via internet, a equipe do IEL buscou financiamento para a digitalização.

As verbas foram obtidas por meio de um auxílio do Programa de Apoio à Infraestrutura de Pesquisa do Estado de São Paulo da FAPESP, solicitado pelo Cedae, e de verbas do Programa de Excelência Acadêmica (Proex) da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).


Boa parte das gravações também já foi transcrita, dando forma a 14 mil páginas de diálogos infantis. “O trabalho de digitação foi feito por alunos da Unicamp com bolsa do Serviço de Apoio ao Estudante (SAE). De 2006 a 2013 contratamos e treinamos 14 estagiários para a execução da tarefa, que, dessa forma, ganhou, além de alcance acadêmico, uma função social”, afirmou Castro. Os usuários poderão ouvir os arquivos de áudio e ler as transcrições, acessíveis por meio de filtros como idade e dia de gravação.

De acordo com a pesquisadora, o material já serviu de base empírica para trabalhos acadêmicos, dissertações de mestrado e teses de doutorado sobre a aquisição da linguagem pela criança – inclusive de autoria da equipe que, por anos, esteve sob a orientação da professora Lemos.

“Eu, por exemplo, trabalhei com argumentação. Minhas colegas Ester Miriam Scarpa, Maria Cecília Perroni e Rosa Attié Figueira, com prosódia, narrativa e causatividade, respectivamente – temas bastante recorrentes nos estudos de aquisição de linguagem. Mas esses são apenas alguns exemplos de trabalhos que podem ser desenvolvidos, em especial no âmbito do interacionismo, ou seja, sobre as relações estruturais entre as falas das crianças e dos adultos”, explicou Castro.

Outra característica das gravações foi a coleta feita ao longo do tempo, durante diferentes fases da criança, o que, de acordo com a pesquisadora, “permite ao investigador pensar a mudança da relação da criança com a fala do outro e com a língua”.

A equipe está finalizando a coleta das autorizações para a divulgação externa do material e prevê que o acesso será liberado ao público geral até o fim deste ano.

“Acreditamos que, em português, trata-se do único conjunto de gravações com estas características: falas de crianças brasileiras, em situações cotidianas e sem qualquer edição prévia – o que o torna bastante promissor”, disse Castro.

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