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Película ecológica para telhados pode substituir ar-condicionado

Enquanto refresca você, o ar-condicionado produz gases que deixam a Terra mais quente. Mas esta invenção com ares futuristas pode aposentar o velho aparelho

Ar condicionado (Thinkstock/Thinkstock)

Ar condicionado (Thinkstock/Thinkstock)

Claudia Gasparini

Claudia Gasparini

Publicado em 11 de fevereiro de 2017 às 15h54.

Última atualização em 11 de fevereiro de 2017 às 16h26.

São Paulo — Diante das altas temperaturas do verão, são raras as pessoas que deixam de usar aparelhos de ar-condicionado, se contam com essa possibilidade. O problema é que, se o luxo é caro para os consumidores, seu preço é ainda mais alto para o meio ambiente.

É um paradoxo: enquanto refresca você, a máquina deixa a Terra mais quente. O motivo está na emissão de dois tipos de gases estufa, ligados ao aquecimento global — o dióxido de carbono, liberado pelas geradoras de energia elétrica, e os hidrofluorcarbonetos (HFC), usados na refrigeração em si.

Segundo artigo publicado nesta semana pela revista acadêmica "Science”, dois pesquisadores da Universidade do Colorado encontraram uma alternativa “verde” para refrigerar ambientes sem esquentar o resto do planeta.

A invenção de Ronggui Yang e Xiaobo Yin soa futurista: uma película capaz de refrescar prédios sem usar nenhum tipo de gás refrigerador — e, o mais impressionante, sem gastar energia.

De acordo com a revista “The Economist”, o filme pode ser produzido com métodos tradicionalmente empregados pela indústria e com custo em torno de 50 centavos de dólar por metro quadrado.

Como funciona?
O poder da película desenvolvida por Yang e Yin tem a ver com um processo chamado de refrigeração radiativa. O princípio parte de um dado natural: a atmosfera da Terra permite que certos comprimentos de onda infravermelha, que carregam calor, escapem para o espaço sem obstáculos. O que os cientistas fizeram foi converter o calor indesejado em radiação infravermelha no exato comprimento de onda que o planeta manda para fora.

O método não é novo. Em 2014, pesquisadores da Universidade de Stanford criaram um material à base de silício que cumpria a mesma função. O problema é que ele era muito mais caro e difícil de fabricar.

Já o filme inventado pelos pesquisadores da Universidade de Colorado é feito de polimetilpenteno, um plástico transparente e disponível comercialmente, com a adição de pequenas pedrinhas de vidro. O material é transformado em lâminas com espessura de 50 micrômetros ou milionésimos de metro, e revestido de prata em apenas um dos lados.

Ao colocar a película sobre o telhado de uma casa, o lado prateado deve ficar por baixo. A luz solar é refletida pela face prateada através do plástico, o que impede o aquecimento da casa. Além disso, o calor interno é liberado para a atmosfera graças a uma complexa relação entre o diâmetro das pedrinhas de vidro e o comprimento das ondas que escapam para o espaço.

Segundo a revista "The Economist", o poder de refrigeração da película é de 93 watts por metro quadrado, em caso de incidência direta de luz solar. À noite, o efeito é mais potente. De acordo com os pesquisadores, cerca de 20 metros quadrados do filme são suficientes para manter a temperatura de uma casa comum em 20°C num dia em que os termômetros marcam 37°C.

O sistema não precisa de eletricidade, embora exija um complemento que não funciona sem força. Para regular os níveis de refrigeração, seria necessário incluir um encanamento para carregar o calor da casa para o filme e assim manter a temperatura interna estável. As bombas de água provavelmente exigiriam energia elétrica, mas em pequena quantidade.  

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