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Para o NY Times, o futuro do jornalismo é móvel e global

Arthur Sulzberger Jr., publisher do New York Times, fala sobre o futuro do jornalismo e adianta seus planos para a criação de um noticiário em português

Arthur Sulzberger Jr. participa da 68ª Assembleia Geral da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), em São Paulo (Maurício Grego / EXAME.com)

Arthur Sulzberger Jr. participa da 68ª Assembleia Geral da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), em São Paulo (Maurício Grego / EXAME.com)

Maurício Grego

Maurício Grego

Publicado em 15 de outubro de 2012 às 16h06.

São Paulo — O jornalismo do futuro está nas plataformas móveis e na web, e é global. E não é admissível que tenha qualidade inferior à dos tradicionais jornais impressos. Quem diz isso é Arthur Sulzberger Jr., o chairman da New York Times Company, dona de 19 jornais, e publisher do New York Times. O jornal nova-iorquino acaba de anunciar que terá um site em português na web em 2013, dirigido aos brasileiros.

Sulzberger, 61 anos, falou sobre o futuro do jornalismo nesta segunda-feira, durante a 68ª Assembleia Geral da Sociedade Interamericana de Imprensa, em São Paulo. O evento acontece apenas duas semanas depois da morte de seu pai, que dirigiu o New York Times antes dele. “Meu pai transformou um jornal local num jornal nacional. Meu desafio é torná-lo global”, disse.

A companhia que Sulzberger dirige já avançou bastante nesse caminho. Um de seus jornais, o Internacional Herald Tribune, é impresso em 38 locais diferentes e distribuído em 160 países. O próprio New York Times já tem um terço dos seu público total e 10% dos assinantes fora dos Estados Unidos. Boa parte desse público lê o jornal e seu noticiário online em tablets e smartphones.

O New York Times foi o primeiro grande jornal não especializado a fazer uma transição bem sucedida do papel para os meios digitais. O jornal está presente na internet desde 1996. Em 2011, passou a oferecer todo o seu conteúdo na web mediante o pagamento de assinatura. O acesso gratuito a um número limitado de matérias é permitido.

São 2 milhões de assinantes pagantes, somando aqueles que leem o conteúdo no jornal e em meios digitais. “Quem assina a edição impressa também tem acesso ao conteúdo digital”, diz Sulzberger. Esse modelo de negócio, conhecido como “paywall” poroso, vem sendo imitado por outros periódicos. O Times também tem apps para tablets, smartphones e PCs. Há duas semanas, liberou um novo aplicativo baseado na web, exclusivo para assinantes que possuem um iPad.


No momento, Sulzberger está empenhado em expandir o jornal para outros idiomas, além do inglês. Sua primeira iniciativa nessa direção foi a abertura de um site em chinês neste ano. O site publica notícias do New York Times traduzidas e outras produzidas na China, onde tem uma equipe de quase 40 pessoas. Esse noticiário está em fase de testes e deve ser inaugurado oficialmente em novembro.

O segundo passo,  anunciado neste domingo, é a criação de um site de notícias em português, dirigido aos brasileiros. Sulzberger diz que ele deve ir ao ar no segundo semestre de 2013. Como no caso do noticiário chinês, dois terços do conteúdo serão traduzidos da edição americana e um terço serão notícias produzidas no Brasil. O projeto prevê a publicação de 30 a 40 matérias por dia.

“No Brasil, não teremos os problemas de censura que enfrentamos na China. Lá, tomamos a decisão de publicar todas as notícias, mesmo que possam incomodar o governo. Mas às vezes eles nos bloqueiam”, conta Sulzberger. “Aqui, temos uma democracia estável e vibrante, e um jornalismo local de excelente nível”, acrescenta ele.

Como acontece na China, o noticiário brasileiro terá acesso gratuito. Sua fonte de receita será a publicidade. “Este é o momento certo para investir no Brasil. Queremos chegar a todos os estados brasileiros”, diz ele.

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