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O X (Twitter) contra o tempo: o que pode acontecer às 20h, e qual o futuro da rede no Brasil

STF impõe prazo de 24 horas para X nomear representante no Brasil e evitar suspensão; saiba como funcionaria o bloqueio de um site dessa dimensão

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 29 de agosto de 2024 às 16h30.

Última atualização em 29 de agosto de 2024 às 16h44.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que Elon Musk, dono da rede social X, antigo Twitter, indique um representante legal no Brasil no prazo de 24 horas. Caso a ordem não seja cumprida, a rede social poderá ser suspensa no país no prazo limite de 20h desta quinta-feira, 29. Além disso, Moraes exige o pagamento de multas por descumprimento de ordens judiciais anteriores.

Musk é alvo de investigações no STF por acusações de obstrução à Justiça, organização criminosa e incitação ao crime. Ele também foi incluído no inquérito das milícias digitais, que envolve outros investigados.

“As redes sociais não são terra sem lei; não são terra de ninguém”, declarou Moraes na decisão, criticando postagens de Musk que, segundo o ministro, fazem parte de uma “campanha de desinformação” que estimula a desobediência e obstrução à Justiça.

Após a intimação, Musk postou imagens comparando Moraes a vilões de Star Wars e Harry Potter, e criticou a decisão judicial como um ataque à liberdade de expressão.

Esse confronto entre Moraes e Musk já dura meses. Em 17 de agosto, o X fechou seu escritório no Brasil e demitiu funcionários, mas a plataforma segue no ar.

Como funcionaria um bloqueio ao X no Brasil?

Caso o bloqueio seja determinado, a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) seria responsável por iniciar o processo às 20h , enviando a ordem judicial para as operadoras de telefonia. Elas teriam que bloquear o acesso ao X na rede que fornecem aos clientes, impedindo que os assinantes acessem o site.

Um caso recente em que a Justiça brasileira ordenou o bloqueio de um aplicativo foi o do Telegram, em 2023, após a empresa não ter cumprido uma solicitação da Polícia Federal. As operadoras de telefonia foram notificadas para bloquear o aplicativo, e Google e Apple receberam ordens para removê-lo de suas lojas.

Segundo especialistas, o bloqueio do X seria feito por meio de IP ou DNS, impedindo a conexão dos usuários com a rede social. Contudo, o uso de VPN pode permitir que os usuários acessem o X, mesmo com a proibição.

Essa situação levanta a questão sobre a eficácia de um bloqueio total, considerando que tecnologias como servidores DNS externos podem dificultar o controle. Além disso, outros países já enfrentaram situações similares, como a Nigéria e a China, onde o X foi bloqueado, mas continuou acessível por meio de VPN.

Por fim, especialistas destacam que, no Brasil, o bloqueio seria parte de um processo judicial, diferente de contextos autoritários em outros países.

O que Musk pode fazer?

Especialistas ouvidos pela EXAME indicam que, dada a postura desafiadora de Elon Musk, o bilionário pode optar por "dar trabalho" às empresas de telecom brasileiras, criando novos endereços para o acesso do site e migrando o serviço para outras localizações.

A técnica seria semelhante às usadas por sites de pirataria, que migram seus dados constantemente.

Acompanhe tudo sobre:Twitterelon-muskAlexandre de Moraes

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