SenseTime: startup é a maior de um conjunto de gigantes de inteligência artificial chinesas que podem estar na mira de Washington (SenseTime/Divulgação)
Lucas Agrela
Publicado em 10 de abril de 2018 às 05h55.
Última atualização em 10 de abril de 2018 às 06h42.
São Paulo – A SenseTime é a startup de inteligência artificial mais valiosa do mundo na atualidade. Nesta semana, ela arrecadou 600 milhões de dólares da Alibaba Group Holding e outros investidores. Isso fez sua avaliação atingir a marca de 3 bilhões de dólares, de acordo com a Bloomberg. Outra rodada de captação de fundos já é negociada e pode levar a empresa ao valor de 4,5 bilhões de dólares.
Mas o que vale tanto dinheiro? O seu rosto.
A startup tem uma tecnologia de análise de rostos e imagens em ampla escala.
A SenseTime tem apoio da Qualcomm, conhecida por seus processadores para smartphones e pela sua atuação em redes, e almeja o posto de empresa líder de inteligência artificial até 2030.
O sistema de monitoramento da China funciona com sua tecnologia de análise de dados. Quem já andou em alguma cidade por lá pode ter tido o rosto escaneado, uma vez que a SenseTime tem implementação em mais de 100 milhões de dispositivos.
O dinheiro captado pela startup será usado para a criação de um sistema chamado Viper (víbora, em inglês), que servirá para o monitoramento massivo no país. Para isso, serão instalados, ao menos, cinco supercomputadores para o processamento de todas as imagens em tempo real. A meta é analisar 100 mil vídeos ao mesmo tempo.
As imagens virão não só de câmeras de segurança, mas também de scanners de reconhecimento facial de empresas e de caixas eletrônicos.
À NPR, a startup diz que fornece seu sistema de monitoramento a 40 escritórios de segurança pública e que eles estão aumentando o nível de segurança das cidades chinesas graças a sua tecnologia.
Segundo a CNN, a SenseTime afirma que a polícia chinesa usou o seu sistema de reconhecimento de rostos apenas para encontrar criminosos. Porém, os críticos dizem que o uso de inteligência artificial para identificar pessoas é uma violação da privacidade e que essa ferramenta pode ser usada contra dissidentes políticos.
Para a startup, a tecnologia de monitoramento com reconhecimento facial será algo indispensável no futuro.
Como indica uma reportagem do site Quartz, ao se aliar com a SenseTime, a Alibaba se torna a empresa chinesa mais alinhada com os objetivos do governo.