Tecnologia

O plano do C.E.S.A.R para ser o MIT brasileiro

Sergio Cavalcante fala sobre os planos para transformar Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (C.E.S.A.R) em referência nacional

Sérgio Cavalcante, no centro de Recife: "C.E.S.A.R precisa estar perto de clientes em todo o Brasil" (Divulgação)

Sérgio Cavalcante, no centro de Recife: "C.E.S.A.R precisa estar perto de clientes em todo o Brasil" (Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 29 de abril de 2014 às 12h06.

São Paulo - Um dos polos de pesquisa mais respeitados do Brasil, o Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (C.E.S.A.R) se prepara para estrear novos cursos de mestrado e até uma área de graduação.

Em entrevista a INFO, Sergio Cavalcante, superintendente do Centro, fala como a instituição que dirige apoia empresas que desejam inovar, conta como seus projetos de pesquisa são financiados e qual seu plano para nacionalizar a atuação do centro pernambucano e fazê-lo ter, no Brasil, prestígio e impacto similares ao que o MIT (Massachusetts Institute of Technology) possui nos Estados Unidos.

Há quantos anos o C.E.S.A.R existe e em quantos estados oferece apoio?

O C.E.S.A.R foi fundado em 96, em Recife, onde fica nossa sede e principal estrutura de pesquisa. Em maio, completamos 17 anos e já temos uma estrutura que vai além de Pernambuco. Em São Paulo, por exemplo, temos nosso escritório de negócios e mantemos laboratórios em Curitiba e Sorocaba.

Recentemente, criamos um projeto para ir a Brasília e ao Rio de Janeiro. Há muito interesse pelos serviços de C.E.S.A.R, de pesquisa, desenvolvimento e apoio à inovação em todo o Brasil e desejamos estar perto dos clientes, então, é provável que nos próximos anos nossa atuação fique ainda mais nacional.

Quando se trabalha com apoio à inovação, que é a nossa função, muitas vezes as necessidades de um produto ou serviço não estão completamente definidas. Muitas vezes, nem o problema está bem compreendido. Então, é fundamental que a gente esteja próximo ao cliente e, daí, a necessidade de expansão de nossa presença. Inovação se faz a quatro mãos. São as ideias do empreendedor, de especialistas e os insumos de estudos que permitem a um projeto prosperar. Muitas vezes dá para fazer tudo isso aqui no Recife, mas outras vezes nós temos que ir onde o cliente está.

Quem são os clientes do C.E.S.A.R e para que eles procuram vocês?

Nossos clientes são estudantes, empreendedores, executivos e pesquisadores. São pessoas e empresas que procuram o auxílio de um centro de estudos avançado para encontrar soluções criativas para implementar novas tecnologias e processos em seus produtos. Quando chegam aqui, nem sempre eles têm uma demanda clara sobre o que desejam.

Às vezes, eles simplesmente relatam algum problema que sua empresa enfrenta no mercado e pedem ajuda. Quando isso acontece, nós iniciamos um processo de análise e estudo. Observamos como aquele produto ou serviço está sendo utilizado pelos usuários, qual seu potencial, o que fazem seus competidores. Nós temos três laboratórios de usabilidade fazemos esses testes: em Recife, Curitiba e Sorocaba.

Também vamos a campo para entrevistar as pessoas que usam aquele software ou aquele equipamento para entender como ele poderia ser melhorado. Nossos psicólogos e antropólogos analisam as informações coletadas para só depois realizarmos um estudo e produzirmos protótipos dos possíveis produtos ou serviços para apresentar para os clientes.


Alguns pesquisadores do C.E.S.AR. comparam este trabalho ao que o MIT faz nos Estados Unidos. Há semelhanças entre as duas instituições?

O C.E.S.A.R é um pouco diferente, pois o MIT tem uma área educacional já consolidada, além de apoiar empresas, como fazemos, eles dão cursos, ensinam suas técnicas. Nós, na verdade, até temos uma área educacional, o CESAR.EDU, mas nosso foco principal ainda é o lado dos negócios enquanto no MIT os esforços educacionais são muito preponderantes.

Recentemente, estreamos cursos de mestrado. Neste ano, fizemos um pedido ao MEC para abrirmos uma instituição de ensino superior, o que nos capacitaria a dar cursos de graduação, como faz o MIT. Nós esperamos começar a dar cursos de graduação já no ano que vem. É um modelo um pouco diferente do americano porque nós fomos do mercado para a educação, e não da educação para o mercado (MIT). Mas a busca pela inovação e excelência é a mesma.

Essa diferença no modelo de atuação muda os resultados que o C.E.S.A.R é capaz de atingir, em comparação ao MIT?

O efeito de nosso trabalho fica um pouco diferente: temos uma conexão maior com o mercado. Não focamos apenas na formação de pessoas, mas sim na formação e capacitação de profissionais para o mercado. Neste aspecto, a gente se aproxima do MIT porque as universidades americanas têm uma conexão muito forte com o mercado. Há uma outra diferença, o MIT tem um forte componente de financiamento público que o C.E.S.A.R não tem. Nossos recursos vem do mercado privado.

O C.E.S.A.R participa de algum programa de incentivo à pesquisa do governo brasileiro?

Temos um credenciamento no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), que permite ao C.E.S.A.R realizar projetos de empresas beneficiadas pela Lei de Informática. Por esta lei, os empresários obtêm redução do IPI (Imposto de Produtos Industrializados) desde que gastem um porcentual de seu faturamento em pesquisas de desenvolvimento e inovação, que podem ser realizadas, por exemplo, no C.E.S.AR. Nesse sentido, nos beneficiamos de uma concessão pública. Mas não há financiamento direto do governo, como no caso do MIT. Temos que buscar os clientes na iniciativa privada.

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