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O Australopithecus que preferia comer casca de árvore

Estes hábitos alimentares do Australopithecus sediba foram revelados pelos dentes do primata, sujeitos a extensos testes por uma equipe internacional de pesquisadores

Escultura feita a partir do esqueleto de um Autralopithecus afarensis: ele se alimentava de uma forma bastante semelhante aos chimpanzés da savana africana de hoje (©AFP/Getty Images / Dave Einsel/arquivo)
DR

Da Redação

Publicado em 27 de junho de 2012 às 17h09.

Paris - Um pequeno Australopithecus sul-africano, parente distante do Homem, tinha uma dieta à base de madeira e casca de árvores, enquanto a maioria dos outros hominídeos preferiam folhas e plantas mais tenras.

Estes hábitos alimentares do Australopithecus sediba - dois desta espécime foram descobertos em 2008 em uma caverna perto de Joanesburgo - foram revelados pelos dentes do primata, sujeitos a extensos testes por uma equipe internacional de pesquisadores, que ficaram surpresos com o resultado.

"O Au. sediba tinha uma dieta muito diferente da de outros hominídeos que foram estudados até agora. Devido a sua morfologia muito semelhante, esperávamos que fosse mais ou menos parecido com outras espécies de Australopithecus, ou mesmo com os primeiros homens. Na verdade, ele consumia muito mais comida de habitat arborizado e fechado, incluindo alimentos duros", explicou à AFP Amanda Henry, do Instituto Max Planck de antropologia.

Para alcançar esta descoberta, os pesquisadores começaram pelo bombardeamento dos dentes com um laser para extrair carbono acumulado no esmalte.

Diferente dos dentes de 81 outros hominídeos testados até hoje, que continham uma forma de carbono característica de folhas e plantas, os do Australopithecus sebida continham carbono das árvores e arbustos.

Remoção de tártaro nos dentes

A descoberta sugere que este primata comia, pelo menos durante parte do ano, casca e outros tecidos lenhosos.

"A casca, especialmente a casca do interior das árvores, pode ser bastante nutritiva. Todos os nutrientes de uma árvore passam por sua casca interna. Por exemplo, o xarope interno do bordo não é senão uma versão concentrada da resina que flui no interior da casca do bordo", afirma Amanda Henry.


Para verificar este resultado inesperado, os cientistas recorreram a uma nova técnica: recolher dos dentes um pouco de tártaro, a placa mineralizada dentária familiar para os dentistas modernos, e analisar os minúsculos fragmentos vegetais fossilizados que permaneceram presos por dois milhões ano.

Foram encontradas casca e madeira.

Tal dieta nunca foi atribuída à hominídeos africanos até este momento. Para Paul Sandberg, da University of Colorado Boulder (Estados Unidos) que participou do estudo publicado nesta quarta-feira pela revista Nature, o Australopithecus sediba se alimentava de uma forma bastante semelhante aos chimpanzés da savana africana de hoje.

Segundo Sandberg, "é uma descoberta importante porque a dieta alimentar é um dos aspectos fundamenais do animal , é o que dita seu comportamento e seu nicho ecológico".

"Parece que há cerca de dois milhões de anos, havia várias espécies de hominídeos que utilizaram diferentes ambientes de diferentes maneiras, cada espécie estava bastante focada em seu ambiente específico com um determinado comportamento", acredita o pesquisador.

"Não muito tempo depois, vimos a chegada do Homo erectus, uma espécie que era capaz de se mover e se virar em todos esses ambientes diferentes, o que foi uma grande mudança", conclui.

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Paris - Um pequeno Australopithecus sul-africano, parente distante do Homem, tinha uma dieta à base de madeira e casca de árvores, enquanto a maioria dos outros hominídeos preferiam folhas e plantas mais tenras.

Estes hábitos alimentares do Australopithecus sediba - dois desta espécime foram descobertos em 2008 em uma caverna perto de Joanesburgo - foram revelados pelos dentes do primata, sujeitos a extensos testes por uma equipe internacional de pesquisadores, que ficaram surpresos com o resultado.

"O Au. sediba tinha uma dieta muito diferente da de outros hominídeos que foram estudados até agora. Devido a sua morfologia muito semelhante, esperávamos que fosse mais ou menos parecido com outras espécies de Australopithecus, ou mesmo com os primeiros homens. Na verdade, ele consumia muito mais comida de habitat arborizado e fechado, incluindo alimentos duros", explicou à AFP Amanda Henry, do Instituto Max Planck de antropologia.

Para alcançar esta descoberta, os pesquisadores começaram pelo bombardeamento dos dentes com um laser para extrair carbono acumulado no esmalte.

Diferente dos dentes de 81 outros hominídeos testados até hoje, que continham uma forma de carbono característica de folhas e plantas, os do Australopithecus sebida continham carbono das árvores e arbustos.

Remoção de tártaro nos dentes

A descoberta sugere que este primata comia, pelo menos durante parte do ano, casca e outros tecidos lenhosos.

"A casca, especialmente a casca do interior das árvores, pode ser bastante nutritiva. Todos os nutrientes de uma árvore passam por sua casca interna. Por exemplo, o xarope interno do bordo não é senão uma versão concentrada da resina que flui no interior da casca do bordo", afirma Amanda Henry.


Para verificar este resultado inesperado, os cientistas recorreram a uma nova técnica: recolher dos dentes um pouco de tártaro, a placa mineralizada dentária familiar para os dentistas modernos, e analisar os minúsculos fragmentos vegetais fossilizados que permaneceram presos por dois milhões ano.

Foram encontradas casca e madeira.

Tal dieta nunca foi atribuída à hominídeos africanos até este momento. Para Paul Sandberg, da University of Colorado Boulder (Estados Unidos) que participou do estudo publicado nesta quarta-feira pela revista Nature, o Australopithecus sediba se alimentava de uma forma bastante semelhante aos chimpanzés da savana africana de hoje.

Segundo Sandberg, "é uma descoberta importante porque a dieta alimentar é um dos aspectos fundamenais do animal , é o que dita seu comportamento e seu nicho ecológico".

"Parece que há cerca de dois milhões de anos, havia várias espécies de hominídeos que utilizaram diferentes ambientes de diferentes maneiras, cada espécie estava bastante focada em seu ambiente específico com um determinado comportamento", acredita o pesquisador.

"Não muito tempo depois, vimos a chegada do Homo erectus, uma espécie que era capaz de se mover e se virar em todos esses ambientes diferentes, o que foi uma grande mudança", conclui.

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