Tecnologia

O ano em que a tecnologia começou a orientar os usuários

O movimento 'Eu Quantificado' receberá um novo impulso com a venda do relógio da Apple

Apple Watch (Reprodução)

Apple Watch (Reprodução)

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Da Redação

Publicado em 27 de dezembro de 2014 às 07h19.

Primeiro, eram capazes de medir o que fazíamos, agora nos dizem o que temos que fazer. Este ano, relógios e pulseiras que medem passos, o pulso, as calorias queimadas e outros dados foram as novidades da tecnologia usável.

Pulseiras e relógios inteligentes acompanham cada dia mais os amantes da tecnologia. Alguns chegaram a pendurar nas coleiras dos cães medalhões que informam quando os bichinhos estão dormindo demais ou correndo pouco.

Dados coletados por sensores nesses aparelhos são transmitidos para tablets e celulares, cujos aplicativos analisam as atividades de humanos e animais de estimação em função do que deveria ser uma vida saudável.

Esse movimento incipiente do "Eu Quantificado", popularizado este ano, receberá um novo impulso em 2015 com a venda do futuro relógio da Apple, simplesmente batizado de Watch.

"Costumamos nos encantar um pouco mais com as coisas que cuidam de nós mesmos", avaliou o analista Rob Enderle, da empresa Enderle Group, do Vale do Silício, na Califórnia.

Sensores instalados em acessórios usados no nosso dia a dia permitem acompanhar atividades diárias que são, em seguida, analisadas por computadores em centros de dados on-line, que um dia poderão ser capazes de se antecipar às necessidades das pessoas.

Analistas da indústria afirmam que muitas das pessoas que compram pulseiras "fitness" costumam deixá-las de lado meses depois, talvez porque com o tempo ter um aparelho que informe que deram 7.589 passos por dia deixe de ser tão emocionante.

"Os consumidores não se interessam tanto por rastrear seus dados", disse J.P. Gownder, analista da Forrester. "O que querem é informação sobre como ter uma vida melhor", continuou.

Futuro informatizado

Quando o usuário acessa pelo telefone seus e-mails, calendário ou serviços de geolocalização, os servidores da internet colocam este "Eu Quantificado" no contexto, calculando o que agrada a alguém quando está em determinado local, em determinada hora do dia.

"No final desta década, estaremos falando com todos os equipamentos conectados a nós e eles estarão respondendo", previu Enderle.

"Agora, se você quiser se casar com esta tecnologia é outra coisa e depende do seu estado mental", acrescentou.

A brincadeira do analista foi uma referência ao filme "Her" (Ela), em que Joaquin Phoenix interpreta o personagem de um futuro não muito distante que se apaixona por um sensual sistema operacional que utiliza em seus dispositivos eletrônicos.

Os aplicativos que realmente vão se destacar no campo da tecnologia serão aqueles que forem além da medição de atividades fisiológicas e conseguirem fornecer informações com assistentes pessoais que se conectem pela internet a controles de objetos como luzes, aparelhos de TV e termostatos, exemplificou o analista Ben Arnold, da companhia NPD Group.

"Imagine que são 09h00 da manhã e estou dizendo a um amigo que estou com vontade de comer churrasco na hora do almoço", disse Arnold.

"Depois, ao meio-dia, meu relógio inteligente sabe que é hora de comer e recomenda uma churrascaria próxima porque ouviu a conversa pela manhã. Esse é o objetivo", continuou.

A Google poderia alcançar essa meta com seu projeto Deep Mind, dedicado a conseguir com que as máquinas pensem como os humanos, disse o especialista.

Além disso, o software Google Now está projetado para antecipar o que os usuários de dispositivos móveis Android podem querer fazer, como por exemplo notar que alguém tem um e-mail com a confirmação de um novo e, depois, recomendar a hora de sair para o aeroporto, em função do tráfego naquela hora.

O Apple tem seu assistente virtual Siri para iPhones, enquanto a Microsoft desenvolveu o Cortana para ajudar os usuários de aparelhos equipados com o sistema Windows.

Pulseiras de fitness

A curto prazo, a pressão do mercado estará concentrada em acessórios inteligentes com as pulseiras FitBit e UP, pioneiras no conceito do "Eu Quantificado", que rastreiam os passos, o sono, a comida ingerida e as calorias consumidas.

"Estamos em um momento de grande destruição criativa", disse Gownder com relação a esta tendência. "Oitenta por cento do que vemos hoje em dia provavelmente fracassará de alguma forma. E tudo bem".

Uma pesquisa da Forrester revelou que o interesse por usar sensores, particularmente no pulso, aumentou notavelmente no ano passado.

Titãs como Samsung, Sony, LG, Motorola e Microsoft já lançaram seus relógios inteligentes. Suas capacidades vão além do controle de atividades físicas e permitem fazer ligações, ler e-mails, tirar fotos e interagir com os aplicativos dos aparelhos.

Espera-se que o lançamento do Apple Watch, no ano que vem, impulsione os relógios inteligentes ao campo da cultura dominante, graças ao poder de atração da marca com sede na Califórnia.

"Cada vez que a Apple se mete, o mercado muda radicalmente. A maré cresce e, provavelmente, elevará todos os outros barcos", disse Arnold.

Depois das pulseiras, a tendência seguinte deve ser os óculos inteligentes, como quer o projeto Google Glass. "É o passo lógico seguinte, mas não estou certo de que o mundo esteja pronto para isto", acrescentou o especialista.

Os 10 modelos mais legais do Apple Watch

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