Tecnologia

Tecnologias são usadas para lembrar Hiroshima e Nagasaki

Site feito em parceria com o Google lança mapa 3D que mostra onde os sobreviventes estavam no momento que a bomba atômica explodiu

Site Nagasaki Archive, que mostra mapas 3D sobre os ataques a Hiroshima e Nagasaki (Reprodução)

Site Nagasaki Archive, que mostra mapas 3D sobre os ataques a Hiroshima e Nagasaki (Reprodução)

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Da Redação

Publicado em 6 de agosto de 2010 às 12h15.

Tóquio - Os últimos sobreviventes do ataque atômico dos Estados Unidos sobre o Japão, há 65 anos, são hoje idosos que resistem a ideia de que suas lembranças morram com eles, situação que tentam evitar com a ajuda da tecnologia.

No Japão ainda restam 235 mil "hibakusha" (sobreviventes da bomba nuclear em Hiroshima e Nagasaki), com uma média de idade de 75 anos. Muitos sofrem de doenças relacionadas às radiações recebidas quando eram crianças por causa da explosão nuclear.

Boa parte deles dedicou a vida a lutar para que o massacre não caia no esquecimento com conferências, entrevistas e excursões pelo mundo a fim de divulgar, como símbolos vivos da tragédia, sua eloquente mensagem contra as armas nucleares.

Mas os "hibakusha" são cada vez menos e com eles se extinguem os relatos sobre o que ocorreu em 6 de agosto em Hiroshima e em 9 de agosto em Nagasaki, quando duas bombas atômicas arrasaram as cidades e acabaram com a vida de dezenas de milhares de pessoas.

No final de 1945, 140 mil pessoas morreram em Hiroshima e 74 mil em Nagasaki nesses ataques, embora as vítimas por causa das radiações nos anos posteriores foram mais numerosas.

"Vi uma chama de intensa luz púrpura e branca, as janelas explodiram e o teto veio abaixo. Os gritos dos feridos ecoavam por todas as partes", conta Naoyuki Okuma, um trabalhador de Mitsubishi Electric que tinha 19 anos quando a bomba caiu em Nagasaki.

"Como meus ferimentos eram menores do que os dos outros, me pediram para eu transportasse os feridos. Haviam pessoas atingidas por estilhaços de vidros, com braços e pernas quebrados, gente com a pele em carne viva", lembra Okuma.

Seu relato ficou perpetuado no chamado "Nagasaki Archive", uma iniciativa digital que conta com a ajuda do Google Maps. Trata-se de um mapa em 3D da cidade com fotos dos sobreviventes nos locais onde estavam no momento do ataque associados a depoimentos.


O site (http://en_nagasaki.mapping.jp/p/nagasaki-archive.html), que entrou no ar há menos de um mês, pretende "guardar a trágica experiência do passado e transformá-la em dados acessíveis às futuras gerações", afirmam os responsáveis pelo projeto, para o qual colaborou a Universidade Metropolitana de Tóquio.

"A atenção da imprensa e dos educadores e a oportunidade de tratar o tema da bomba atômica está diminuindo gradualmente, e a memória começa a desaparecer", advertem.

Pelo tag (#nagasaki0809) do microblogging Twitter é possível que qualquer usuário envie uma mensagem aos sobreviventes, as respostas aparecem sobrepostas no mapa.

Os sites dedicados aos "hibakusha" se multiplicaram nos últimos anos no Japão, onde durante décadas as vítimas de Hiroshima e Nagasaki levaram como um peso o estigma da discriminação, pois era disseminada a ideia de que os efeitos da radiação poderiam ser contagiosos.

Entre os locais emblemáticos que utilizam a internet para divulgar mensagens está no Memorial da Paz de Hiroshima, muito perto do local onde caiu a primeira bomba atômica da história.

Depois que no ano 2000 o diretor mostrasse sua preocupação pela contínua redução do número de visitas, o centro decidiu criar um "museu virtual" para que, de qualquer cantinho do mundo, seja possível fazer uma visita interativa por suas instalações (www.pcf.city.hiroshima.jp/index_e2.html).

Os responsáveis pelo museu realizaram um grande trabalho para recolher nas últimas décadas cerca de 130 mil relatos dos sobreviventes, os quais digitalizaram grande parte.

Traduzidas até agora para inglês, chinês e coreano, nesta semana o museu anunciou a próxima versão de vários testemunhos em outros sete idiomas.

O objetivo é manter viva a lembrança da tragédia para as gerações futuras. Porque, como assegura o lema do Museu de Hiroshima: "Se ninguém fala, nada muda".

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