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Novas espécies de animais marinhos são descobertas no Brasil

Pesquisadores identificaram 18 espécies de animais com menos de meio milímetro, que vivem entre grãos de sedimentos do mar

São Sebastião: das 18 espécies novas identificadas, 15 foram descobertas durante um workshop sobre taxonomia e diversidade da meiofauna (Getty Images)

São Sebastião: das 18 espécies novas identificadas, 15 foram descobertas durante um workshop sobre taxonomia e diversidade da meiofauna (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 6 de novembro de 2014 às 09h54.

São Paulo – Pesquisadores do Brasil e do exterior descobriram 18 espécies de animais integrantes da meiofauna (composta por organismos com menos de meio milímetro e que vivem entre grãos de sedimentos do mar) no litoral brasileiro.

Das 18 espécies novas identificadas, 15 foram descobertas durante um workshop sobre taxonomia e diversidade da meiofauna do Brasil, realizado em outubro de 2012 no Centro de Biologia Marinha (Cebimar) da Universidade de São Paulo (USP), em São Sebastião, no litoral paulista, com apoio da FAPESP.

As espécies de animais foram descritas em uma edição especial da revista Marine Biodiversity dedicada ao evento, que acaba de ser publicada.

“A ideia do workshop foi promover um intercâmbio entre pesquisadores brasileiros e internacionais em meiofauna, diversidade que tem sido pouco estudada e explorada no mundo, em razão da falta de taxonomistas especializados em diferentes grupos desses animais”, disse Gustavo Fernandes Camargo Fonseca, professor do Instituto do Mar da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), à Agência FAPESP.

“Durante as duas semanas de duração do encontro, os pesquisadores coletaram conjuntamente materiais no entorno do Cebimar. Essa colaboração resultou não só na descoberta de 15 espécies de animais da meiofauna, como também na capacitação de pesquisadores em diferentes metodologias usadas hoje na área”, avaliou Fonseca, que realizou um projeto com auxílio do programa Jovens Pesquisadores em Centros Emergentes, da FAPESP.

De acordo com o professor, a meiofauna compreende pelo menos 25 filos do reino animal, podendo chegar a densidades acima de 1 milhão de indivíduos por metro quadrado.

As 18 espécies novas relatadas na edição especial da revista abrangem alguns desses diferentes grupos, como o de vermes milimétricos conhecidos como nematoides, e de outros filos menores. “Estima-se que existam 1 milhão de espécies de nematoides e aproximadamente só 30 mil foram descritas até agora”, disse Fonseca.

Na revista, um grupo de pesquisadores do Departamento de Biologia da Ghent University, na Bélgica, descreveu em um artigo duas novas espécies tropicais do gênero Rhynchonema Cobb pertencente ao filo nematoide.

Denominadas Rhynchonema cemae sp.n. e R. veronicae sp. n., as duas novas espécies foram encontradas no istmo de Olinda, em Pernambuco, e são as primeiras do gênero Rhynchonema observadas no lado leste da América do Sul.

“A ideia da edição especial da revista não era se restringir a dados sobre a meiofauna brasileira obtidos durante o workshop. Por isso, ela incluiu outras descobertas recentes feitas por pesquisadores participantes do encontro”, disse Fonseca, um dos autores do editorial da revista, ao lado de Jon Norenburg, pesquisador do Smithsonian National Museum of Natural History, dos Estados Unidos, e de Maikon Di Domenico, que realiza pós-doutorado no Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) com bolsa da FAPESP.

Os 15 animais bentônicos descobertos durante o encontro pertencem aos filos Gastrothicha, Kinorhyncha, Platyhelminthes e Rhadbocoela.

Dois animais do filo Gastrothicha foram identificados na Ilha do Tamanduá, em Caraguatatuba, por pesquisadores da University of Massachusetts em Lowell, Estados Unidos, e na costa da Bahia, por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em colaboração com colegas da Università di Urbino, Itália, e da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri.

Já um pesquisador do Museu de História Natural da Dinamarca e da University of Copenhagen descobriu três das primeiras espécies de animais do filo Kinorhyncha nas imediações do Cebimar.

Por sua vez, um pesquisador da Università di Sassari, na Itália, descobriu também durante o evento 9 espécies do filo Platyhelminthes. E um grupo de pesquisadores da Hasselt University, em colaboração com colegas da Ghent University, também na Bélgica, descobriu duas primeiras espécies de animais do gênero Carcharodorhynchus do filo Rhadbocoela no Brasil.

“Essas descobertas se devem aos fatos de que há poucos pesquisadores estudando a meiofauna e os lugares onde esses animais foram descobertos ainda não haviam sido muito explorados”, avaliou Fonseca.

Mais pesquisas

Os editores da publicação destacam que as 15 espécies descobertas durante o evento mostram o potencial da costa brasileira para revelar novas espécies e testar hipóteses em larga escala sobre processos ecológicos relacionados à meiofauna em razão de possuir um litoral extenso e muito heterogêneo, moldado por manguezais, restingas, praias arenosas, baías, estuários, costões rochosos, recifes de coral, ilhas e uma extensa plataforma continental.

Apesar de a diversidade de espécies na meiofauna na costa brasileira ter sido estudada desde o início do século passado, somente na última década os pesquisadores brasileiros na área têm publicado estudos em revistas científicas de forma mais consistente, ponderam.

“A publicação de pesquisas brasileiras em meiofauna ainda é modesta, totalizando 14 artigos por ano em revistas indexadas, mas o número de citações dobra a cada quatro anos”, apontam.

“Os pesquisadores brasileiros na área ainda estão nos estágios iniciais desse esforço [de aumento do impacto internacional de suas pesquisas] e devem se beneficiar significativamente de colaborações internacionais, tendo em vista o déficit mundial de conhecimento sobre a meiofauna”, avaliam.

Embora extremamente diverso e abundante, esse grupo de organismos microscópicos responsáveis pela decomposição da máteria orgânica tem sido pouco explorado no mundo, especialmente em termos de adaptações morfológicas e distribuição das espécies, apontam.

“Algumas das principais razões para isso é a falta de taxonomistas especializados em diferentes grupos e as dificuldades metodológicas para identificá-los”, afirmou Fonseca.

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