EXAME.com (EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 12h26.
George Samenuk não tem do que reclamar quando o assunto é vírus de computador. Ele é o executivo-chefe Network Associates, dona da marca McAfee, uma das principais do crescente mercado de antivírus. No ano passado, a empresa teve faturamento de 963 milhões de dólares. E o mercado é crescente, pelas contas de Samenuk. Os dois primeiros meses de 2004 viram o surgimento de três novos vírus de alcance mundial - e isso é bom para os negócios da Network Associates. Samenuk falou a EXAME, no início de março, por telefone.
EXAME - O ano tem sido muito agitado, não?
Samenuk - Sem dúvida. Tivemos um alerta de nível médio nesta e na última semana. Os dois últimos meses têm sido superocupados. No verão do ano passado (inverno no Brasil), houve uma onda de ataques, com dois vírus de grande alcance. Agora, começou tudo de novo.
EXAME - A sensação é de que os autores dos vírus estão sempre um passo à frente. Até quando vai ser assim?
Samenuk - Estamos investindo em tecnologias que nos permitam bloquear a entrada dos vírus nas redes corporativas. Compramos duas empresas que fazem software justamente com essa finalidade: Intruvert e Entercerpt. Os produtos dessas duas empresas já estão integrados ao nosso portfólio e são utilizados por muitas empresas. Mas é claro que o combate aos autores dos vírus não pode parar, inclusive do ponto de vista policial.
EXAME - É viável procurar os autores de vírus?
Samenuk - Sim, não dá para desistir. Criar vírus é um crime. Nós temos contatos semanais com o FBI e outros investigadores. Mas isso, infelizmente, não vai parar os ataques. Há muitas pessoas dedicadas a escrever vírus, em todas as partes do mundo.
EXAME - Os vírus estão mais perigosos hoje?
Samenuk - Eles certamente circulam mais rapidamente. Antigamente, um vírus demorava até um dia inteiro para circular por todo o mundo. Hoje, alguns conseguem se espalhar por todo o planeta em dois ou três minutos. Mas a maioria ainda exige que os usuários cliquem em um arquivo anexado, por exemplo. Ou seja, o fator humano ainda é muito importante.
EXAME - Há quem diga que só existem vírus para programas da Microsoft. O senhor concorda?
Samenuk - Todas as plataformas que se tornem populares como a Microsoft serão alvo de vírus. O fato de haver mais vírus para Windows não quer dizer que o sistema seja menos seguro. Significa apenas que ele é o mais utilizado. Assim que o Linux tornar-se um sistema mais difundido, pode ter certeza de que surgirão vírus para ele também.
EXAME - Qual é a perspectiva para este ano? O que consumidores e empresas devem fazer para se proteger?
Samenuk - A receita não mudou. É preciso manter os sistemas antivírus atualizados e estender a proteção cada vez mais para a própria rede, e não só nos computadores. Outro ponto que merece atenção é o do spam. Essas mensagens são cada vez mais uma porta de entrada para hackers. O mundo dos criadores de vírus e dos spammers estão se misturando.
EXAME - Com tantos problemas, há algum risco de o e-mail perder sua eficiência como meio de comunicação?
Samenuk - Não acredito. Pelo contrário. Com a difusão do acesso em alta velocidade, as mensagens eletrônicas vão se tornar cada vez mais úteis para quem está conectado à internet. Além disso, ainda há uma mudança cultural acontecendo. Temos estatísticas que mostram que entre 30% e 40% das empresas mantêm seus sistemas antivírus em dia.