Tecnologia

Por que a Apple deve revelar o iWatch junto com o iPhone 6

Se os rumores estiverem corretos, a Apple vai anunciar o iPhone 6 junto com o iWatch no dia 9, mas o relógio só vai ser vendido em 2015. É uma manobra incomum


	Tim Cook: o CEO da Apple e sua equipe vão apresentar o iPhone 6 no dia 9
 (Reprodução de EXAME.com)

Tim Cook: o CEO da Apple e sua equipe vão apresentar o iPhone 6 no dia 9 (Reprodução de EXAME.com)

Maurício Grego

Maurício Grego

Publicado em 1 de setembro de 2014 às 16h25.

São Paulo -- Alguns relatos indicam que, no próximo dia 9, Tim Cook e sua equipe vão subir ao palco do Flint Center, em Cupertino, no Vale do Silício, para apresentar não só dois modelos do iPhone 6 mas também o iWatch. Mas o relógio inteligente da Apple só começará a ser vendido em 2015.

Essa é uma ação incomum para a Apple, que geralmente prefere dedicar cada evento de lançamento a um único produto principal. É, também, uma manobra atípica na indústria de tecnologia, onde a regra é não revelar um novo produto até ele estar pronto para ser vendido.

Só vamos conhecer com certeza os novos produtos da Apple no dia 9. Mas, supondo que esses rumores estejam corretos, eles levantam duas questões. Por que a Apple resolveu revelar o iWatch agora se ele só vai ficar pronto em 2015? E por que ela vai apresentar o iPhone 6 e o iWatch no mesmo evento?

O efeito Osborne

A primeira pergunta é fácil de responder. A razão porque os fabricantes não falam de produtos futuros é evitar o chamado efeito Osborne. Esse termo apareceu nos anos 80, quando a Osborne, fabricante pioneira de computadores portáteis, divulgou seus planos para lançar uma série de máquinas inovadoras nos meses seguintes.

Os clientes passaram a aguardar os novos modelos, em vez de comprar aqueles que estavam nas lojas. Como resultado, as vendas despencaram e a Osborne faliu. A indústria aprendeu a lição e todos os fabricantes passaram a guardar segredo sobre futuros lançamentos. 

O caso do iWatch, porém, é diferente. A Apple ainda não tem nenhum produto de tecnologia vestível. Assim, ela pode anunciar o relógio meses antes de ele estar pronto para chegar às lojas. Nenhum produto da Apple terá suas vendas canibalizadas por causa disso. 

A expectativa criada pelo anúncio pode fazer alguns consumidores desistirem de comprar um relógio inteligente de outra marca. Também pode acalmar o mercado financeiro, que vem exigindo algum produto realmente novo da Apple faz tempo. 

Resumindo, a Apple só tem a ganhar antecipando o anúncio do iWatch. Aliás, ela já fez essa manobra uma vez. Steve Jobs apresentou o primeiro iPhone em janeiro de 2007. Mas o smartphone só começou a ser vendido em junho.

Dois eventos em um

A segunda pergunta é mais complicada. Por que a Apple vai anunciar o iPhone 6 e o iWatch no mesmo evento? O iPhone é o produto mais importante da Apple. E o iWatch é o primeiro produto Apple realmente novo desde 2010, quando Steve Jobs apresentou o iPad original. 

Faria sentido mostrar os dois gadgets em eventos separados. A Apple ocuparia o noticiário ¬– assim como os corações e mentes dos consumidores – duas vezes, em vez de uma.

Ken Segall, ex-executivo de publicidade da Apple, discute o assunto num extenso artigo em seu blog. “É divertido imaginar os dois lados debatendo – vamos lançar esses produtos em dois eventos separados ou combiná-lo em um?”, escreveu ele. 

Segall aborda a questão como se ele ainda trabalhasse na Apple e fosse um dos debatedores. Ele observa que muita gente vem questionando a capacidade de a Apple inovar como fazia quando Steve Jobs era vivo. Um megalançamento, combinando dois produtos fortes, seria uma ótima resposta a essas pessoas:

“Há duas razões enormes para combinar iPhone e iWatch num evento. Primeiro, esse seria o maior evento na história da Apple, num momento em que as pessoas ousam duvidar de nós. Segundo, esses dois produtos são feitos para trabalhar juntos.”

“Esse vai ser o momento arrasa-quarteirão de Tim Cook, e ficará gravado para sempre na história”, prossegue Segall. “É um caso em que o todo é absolutamente maior que a soma das partes. Um evento arrasador tem mais valor que dois eventos ‘típicos’ da Apple.”

Vamos ter de esperar até o dia 9 para conferir se a apresentação da Apple vai ser tão espetacular como prevê Segall. O evento terá cobertura ao vivo de EXAME.com.

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