Tecnologia

Legitimação de Bitcoin dispara seu valor e provoca dúvidas

Em janeiro, uma Bitcoin valia US$ 13, hoje US$ 785. A moeda já é aceita como pagamento por empresas como Wordpress, agências de viagens e até universidades


	As Bitcoin não estão controladas por um banco emissor que pode imprimir quantidades ilimitadas de dinheiro, mas se autogerem e têm um nível limitado de moedas em circulação, no máximo 21 milhões
 (Flickr.com/zcopley)

As Bitcoin não estão controladas por um banco emissor que pode imprimir quantidades ilimitadas de dinheiro, mas se autogerem e têm um nível limitado de moedas em circulação, no máximo 21 milhões (Flickr.com/zcopley)

DR

Da Redação

Publicado em 24 de novembro de 2013 às 14h10.

Washington - A moeda virtual Bitcoin, nascida em 2008, viu seu valor e sua popularidade subirem como espuma, enquanto as instituições se interessam cada vez mais por um experimento promissor e arriscado fora do controle regulador e dos bancos centrais.

'As moedas virtuais capturaram a imaginação de alguns, provocado o medo entre outros e confundiu o resto', disse o senador democrata Tom Carper na primeira das duas audiências esta semana no Senado sobre as Bitcoin.

Esta semana o Congresso dos Estados Unidos examinou o papel das Bitcoin no sistema financeiro e analisou os temores sobre o uso desta divisa para lavar dinheiro ou realizar compras ilícitas graças ao seu anonimato, que a transformam em equivalente ao dinheiro 'de verdade'.

O presidente do Federal Reserve (Fed), o banco central americano, Ben Bernanke, enviou uma declaração ao Comitê de Segurança Nacional do Senado na qual reconhece que o banco emissor não tem controle sobre as Bitcoin, mas 'existem áreas nas quais representa oportunidades'.

Apesar das dúvidas, o Departamento de Justiça garantiu nesta segunda-feira que as Bitcoin são um 'meio legal de troca', um sinal verde que disparou o valor desta divisa virtual.

Mythili Raman, a procurador-geral assistente da divisão criminal de Justiça, afirmou na primeira audiência do Senado sobre as divisas virtuais que projetos como Bitcoin 'têm o potencial de promover um comércio global mais eficiente'.

Em janeiro, uma Bitcoin valia US$ 13, hoje US$ 785, o que levou fundos de investimentos a participar desta euforia virtual e consolidar uma moeda que já é aceita como pagamento por empresas como WordPress, agências de viagens e até universidades.


Criada em 2008 por um programador misterioso que se identificava como Satoshi Nakamoto, a Bitcoin utiliza um protocolo descentrado, apoiado em redes peer to peer e um sistema de assinaturas digitais codificadas para criar uma divisa única, cujo valor frente a outras moedas tradicionais se estabelece pela mesma lei de oferta e procura de todo sistema de fixação livre de preços.

As Bitcoin não estão controladas por um banco emissor como o Federal Reserve, que pode imprimir quantidades ilimitadas de dinheiro, mas se autogerem e têm um nível limitado de moedas em circulação, no máximo 21 milhões, e até o momento se criaram 12 milhões.

Segundo Tony Gallippi, fundador da BitPay, um portal de pagamentos com Bitcoin, o protocolo de funcionamento da divisa virtual é seguro e mais prático que outros métodos utilizados na internet.

'Pensem por um minuto: para que daria a alguém acesso completo a uma linha de crédito de US$ 20 mil para fazer um pagamento de 20?', explicou Gallippi para expor o perigo que supõem os cartões de crédito no pagamento online.

No entanto, as Bitcoin também têm seus riscos. O sistema de pagamentos com Bitcoin é vulnerável a ataques de hackers, que chegaram a roubar de um só portal de internet US$ 1,2 milhão.

Além disso, a moeda digital permite realizar transações de maneira anônima, o que motivou a criação de mercados negros como 'Silk Road', uma internet 'subetrrânea' na qual se podiam adquirir drogas, armas ou outros produtos ilegais.

Em outubro, as autoridades americanas bloquearam 'Silk Road' e confiscaram US$ 28 milhões do Bitcoin obtidos com transações ilegais e anônimas.

Outro dos portais nascidos graças às Bitcoin, 'Mercado de Assassinatos', é uma portal que dá preço à cabeça de altos líderes no mundo todo e promete pagar a quem demonstrar a autoria do assassinato o montante arrecadado por doadores anônimos.

Ben Bernanke, atual presidente do banco que controla o valor da primeira divisa mundial, é o que lidera a lista de recompensas, com 124 Bitcoins, o equivalente hoje a mais de US$ 97mil.

Embora o 'Mercado de Assassinatos' pareça uma piada, a possibilidade de que se realizem transações deste tipo de maneira anônima está viva e preocupa as autoridades americanas.

'Com o advento das divisas virtuais são facilitadas as transações com organizações criminosas', indicou o Departamento de Segurança Nacional perante o Senado.

Na opinião de Patrick Murck, de Bitcoin Foundation, a moeda virtual pode facilitar as 'transações anônimas', mas isso não significa 'imunidade'.

Por enquanto, Wall Street e outros investidores estão encantados com a Bitcoin, embora como disse o senador Chuck Schumer na terça-feira 'para legitimar o florescimento da Bitcoin deveremos separar o joio do trigo'. EFE

Acompanhe tudo sobre:BitcoinInternetMoedas

Mais de Tecnologia

ServiceNow lida com crise e saída de COO em meio a expectativas de balanço positivo

CrowdStrike dá vale-presente de US$ 10 a funcionários que resolveram apagão cibernético

CEO do Spotify confirma que assinatura "deluxe" com áudio de alta fidelidade chegará em breve

CrowdStrike: o bug em mecanismo de segurança que causou o apagão cibernético

Mais na Exame