São Paulo — O futurólogo Michell Zappa, que se define como “meio sueco, meio brasileiro”, faz previsões sobre a evolução da tecnologia para clientes espalhados pelo mundo. Em entrevista a EXAME.com, ele falou de cinco tendências que, na sua visão, vão causar transformações nos próximos anos. Acrescentamos à lista uma sexta tendência, que ele discutiu num encontro sobre tecnologia na educação da empresa Webcasters, nesta semana. Veja as seis nas próximas páginas.
Tendência: Cresce a quantidade de dispositivos que possuem acesso à internet e tela para exibir informações – smartphones, tablets, TVs, painéis de carro e muitos outros. Zappa chama essa abundância de telas conectadas de “hyperscreening” (algo como “hipertelas”). Consequência: O tipo de conhecimento que as pessoas acumulam na memória tende a mudar. Saber onde encontrar determinadas informações torna-se mais importante do que ter essas informações na cabeça. Quando: Já está acontecendo.
Tendência: A computação tende a se incorporar ao vestuário. Alguns exemplos ainda incipientes são relógios inteligentes, a Nike Fuel Band; e os óculos Google Glass. Consequência: A pessoa fica ainda mais conectada. Como muitos desses dispositivos possuem sensores e registram o que acontece, ela também se torna mais consciente dos seus hábitos. “É algo sutil, mas que altera profundamente o comportamento”, diz Zappa. Quando: Está começando agora. Vai ganhar força nos próximos anos.
Tendência: Zappa chama de tecnologias “calmas” aquelas que agem sem que o usuário precise lhes dar atenção. Elas “pensam” por ele. Um exemplo é o Google Now, recurso do sistema Android que pode, por exemplo, cruzar horários de voo, informações de trânsito e mapas para avisar quando é hora de sair de casa para ir ao aeroporto pegar o avião. Consequência: A tecnologia vai se tornar mais útil e menos complicada. A expressão “assistente digital” poderá ser entendida ao pé da letra. Quando: As tecnologias calmas ainda são primitivas. Mas vão amadurecer nos próximos anos.
Tendência: O conceito de impressora 3D, que fabrica objetos de forma automática, poderá, no futuro, ser estendido a uma máquina capaz de produzir dispositivos inteligentes, em vez de apenas peças inertes. Consequência: Em vez de enviar um produto ao outro lado do mundo, será possível enviar apenas o projeto digital. A fabricação será feita lá. E estaremos perto de criar o robô que se autorreproduz. Quando: Há projetos como o do robozinho Maki (na foto), com partes plásticas que podem ser fabricadas numa impressora 3D. Mas vai demorar mais de uma década até que componentes complexos possam ser produzidos de forma similar.
Tendência: O conceito dos robôs que organizam armazéns (como os da Kiva) poderá ser estendido a todo o planeta. Um exemplo disso seria uma frota de robôs voadores transportando pacotes. Consequência: A movimentação de objetos poderá ser feita de forma similar ao tráfego de dados na internet. Todas as atividades ligadas ao transporte de carga serão afetadas. Quando: Os robôs da Kiva são um começo. A empresa americana Matternet quer montar um serviço de transporte baseado nesse conceito. Mas alguns anos ainda serão necessários para tornar o sistema adequado ao uso em espaços públicos.
Tendência: Novas ferramentas permitem que uma pessoa ensine a outras o que sabe e aprenda outras coisas com elas. Assim, o aluno é também professor. Consequência: O ensino tradicional, em que um professor transmite o que sabe a um grupo de alunos, perde importância. Quando: A educação P2P é usada pelos programadores, que trocam ideias em fóruns como o Stack Overflow. “O fórum ensina mais sobre programação do que uma universidade”, diz Zappa. O processo também é usado em sites de ensino de idiomas como o Livemocha (na imagem). Com o tempo, deve se estender a mais assuntos.
8. Agora veja as tecnologias que vão sair de cena:zoom_out_map