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Nintendo libera jogos para console rival pela primeira vez

Pela primeira vez na história, jogos da Nintendo poderão ser usados em hardware de outra empresa

Mario, da Nintendo: empresa liberará jogos para outras plataformas pela primeira vez (Reprodução/Reprodução)

Mario, da Nintendo: empresa liberará jogos para outras plataformas pela primeira vez (Reprodução/Reprodução)

Victor Caputo

Victor Caputo

Publicado em 6 de dezembro de 2017 às 17h01.

Pela primeira vez na história, os jogos da Nintendo poderão ser usados em hardware de jogos que não foram fabricados pela empresa japonesa.

Em uma nova iniciativa limitada à China, a Nintendo começou a distribuir os títulos clássicos do Wii e do Gamecube através do tablet de jogos Shield, da Nvidia, disse a fabricante de jogos com sede em Quioto em comunicado. O dispositivo saiu à venda no dia 5 de dezembro na China continental com três jogos clássicos da Nintendo -- “The Legend of Zelda: Twilight Princess”, “New Super Mario Bros. Wii” e “Punch-Out!!”-- que foram lançados globalmente há cerca de uma década.

Esta é uma mudança significativa para a Nintendo, que desde o início dos anos 1980 manteve seus jogos exclusivamente para seus próprios consoles de mesa e portáteis. A fabricante do Wii, do DS e do Switch só começou a lançar títulos móveis para smartphones de terceiros, relutantemente, no ano passado. Como a China ultrapassou os EUA como o maior mercado de jogos do mundo, a pressão para que a Nintendo levasse seus títulos ao continente vinha aumentando.

“Estamos muito contentes por ter essa oportunidade de permitir que nossos produtos de entretenimento levem alegria a um grande conjunto de jogadores chineses”, afirmou a Nintendo no comunicado, emitido em chinês. Mais títulos clássicos serão lançados em 2018 e receberão atualizações visuais, segundo a empresa. “Graças à excelente equipe da Nvidia, esses jogos terão portas de alta resolução.”

Um porta-voz da Nintendo disse que o acordo se limita à China e ao Nvidia Shield e não indica uma mudança estratégica mais abrangente. Ele afirmou que os esforços para levar o novo console híbrido Nintendo Switch à China continuam, independentemente da parceria com a Nvidia.

Até agora, a maioria dos jogos da Nintendo não estava legalmente disponível na China, limitando a popularidade de Super Mario e Donkey Kong, nomes famosos nos EUA, na Europa e no Japão. Na China continental os títulos dominantes de jogos de computador e aparelhos móveis são “Battlegrounds”, da Playerunknown, e “Honour of Kings”. O mercado de jogos da China gerou US$ 24,6 bilhões em receita no ano passado e o dos EUA gerou US$ 24,1 bilhões.

Ainda existem obstáculos para que os criadores de jogos estrangeiros liberem títulos na China, como a censura estatal e a necessidade de estabelecer joint ventures com parceiros locais. A Microsoft e a Sony tiveram um sucesso limitado desde que lançaram seus consoles no continente em 2014, em parte devido à queda da popularidade dos jogos de console e à ausência de títulos de sucesso, como “Grand Theft Auto V”, que são proibidos por seu conteúdo violento e sexual.

A oferta mais familiar da Nintendo poderia ter mais sorte com os censores chineses. Em setembro, a empresa anunciou planos para liberar “Honour of Kings”, da Tencent Holdings, para o Nintendo Switch. Isso suscitou especulações de que a gigante chinesa da internet e dos jogos ajudaria a Nintendo a explorar o mercado continental. O porta-voz da Nintendo preferiu não revelar quando o Nintendo Switch poderia sair à venda na China.

“Para a Nintendo, o objetivo principal é provavelmente ter sua propriedade intelectual mais conhecida na China”, disse Hideki Yasuda, analista do Ace Research Institute. Mas, como o mercado chinês de consoles é limitado, “não haverá muito impacto nos ganhos da Nintendo”.

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