Da Redação
Publicado em 16 de abril de 2012 às 12h49.
A charmosa 1J1 marca a estreia da Nikon entre as câmeras híbridas, as máquinas com corpo compacto, lentes intercambiáveis e operação baseada em ajustes automáticos. A qualidade das fotos é boa, mas um pouco inferior à de equipamentos similares. Nos testes, as cores em ambiente aberto ficaram um tanto saturadas e houve perda de nitidez em objetos cem texturas sutis. Um dos destaques é a agilidade do foco automático. Outro são os recursos de filmagem. Durante a gravação de vídeo em 1080p é possível bater várias fotos da cena sem atrapalhar o registro em movimento. Mas divertido mesmo é brincar com o efeito de câmera lenta em alta velocidade. Com ele, a máquina grava sequências de vídeo de 5 segundos com uma taxa de 400 ou 1200 quadros por segundo. Exibido em velocidade normal na câmera ou no PC, o clipe em slow motion fica com 3 minutos e 20 segundos de duração. Só que a resolução dos vídeos é bem, bem baixa: 640 x 320 pixels e 320 x 120 pixels, respectivamente.
Não espere encontrar na J1 a mesma qualidade de imagem e versatilidade que tornam os modelos híbridos de outras marcas tão impressionantes. O sensor que serve de retina à câmera é de formato CX (13,2 mm x 8,8 mm), ou seja, um pouco maior que o que costuma habitar câmeras compactas, mas ainda distante do APS-C das DSLR tradicionais. O resultado, talvez um tanto óbvio, são fotos evidentemente melhores do que as produzidas por compactas avançadas, mas aquém daquelas gravadas por outras híbridas. Um dos principais problemas que encontramos durante nossos testes foi a inexatidão do balanço de branco no modo automático.
Além do sensor relativamente pequeno, outro fator que coloca a J1 em desvantagem é a densidade de pixels. Um sensor CX com 10,1 MP atinge uma densidade de quase 8,7 MP/cm2. Apesar disso, o desempenho dessa câmera em fotos de ISO alto é relativamente bom. Até o ISO 800 o ruído mantém-se aceitável e a queda na definição das imagens não se torna tão abrupta conforme a sensibilidade do sensor aumenta. A J1 é uma câmera que faz bom uso de toda extensão de ISO oferecida (100 a 3200), algo que não se pode dizer da maioria das compactas.
Apesar de demorar um pouco mais que a média para ligar (cerca de 2,4 segundos), essa máquina é relativamente rápida no gatilho. Ao longo de nossos testes, atingimos uma média de 3,5 frames por segundo no modo de disparo contínuo. O tempo de foto individual também foi curto: por volta de 0,13 segundo se passa entre o disparo e a renderização da imagem.
A lente que vem por padrão com a J1 é uma Nikkor com zoom de 3x, ou seja, uma objetiva de distância focal que varia entre 10 mm e 30 mm. Como o CMOS da câmera é relativamente pequeno, o fator de corte sobre a imagem assume proporções consideráveis (2,7x). Isto leva a uma distância focal efetiva de 27 mm a 81mm, o suficiente para garantir um grau de versatilidade razoável para uma lente básica. Em outras palavras, pode-se utilizar a J1 para gravar um número relativamente alto de situações: desde fotos que procuram capturar a família inteira até retratos individuais. Quanto aos defeitos do sistema óptico, não encontramos nada significante. As imagens gravadas na faixa da grande angular apresentam o típico efeito olho-de-peixe que, dependendo da intenção do fotógrafo, é até desejável. Em situações pontuais, pode-se notar uma ligeira aura magenta nos objetos retratados, mas não se trata de nada sério.
Seguindo a média da categoria, a abertura da objetiva varia entre f3,5 e f5,6. Ter mais acesso à luz natural e controle sobre a profundidade de campo sempre é uma vantagem, mas essa Nikkor oferece um balanço de recursos aceitável para o público que a J1 procura atrair. Além disso, sempre é possível comprar uma objetiva nova. Há, entretanto, uma peculiaridade que merece atenção nessas lentes. Elas não são completamente compatíveis com o F-mount tradicional das câmeras da Nikon. Ou seja, quem já investiu em outras lentes Nikkor precisaria comprar um adaptador separadamente para utilizá-las com a J1.
Como já comentamos, a J1 tem opções de filmagem muito interessantes. Os vídeos em si, com frame rate normal de 30 FPS são bons. No entanto, é melhor ignorar a gravação em 1080p a 60i FPS. A interpolação distorce as imagens de tal forma que os vídeos se tornam completamente inúteis. Para dar mais detalhes a respeito da câmera lenta, podemos dizer que a melhor opção é a filmagem a 400 FPS, que produz vídeos em 640 x 240 de qualidade aceitável. Os filmes gravados a 1200 FPS estão mais próximos da arte abstrata do que do cinema realista.
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Vídeos e fotos podem ser salvos em cartões SD, SDHC e SDXC. Uma saída miniHDMI permite que os filmes sejam assistidos na telona mais facilmente. Quem leva a fotografia um pouco mais a sério também pode aproveitar o suporte da J1 ao formato RAW.
Como de costume em câmeras híbridas, a J1 não tem visor óptico ou EVF. O fotógrafo depende do LCD de 3 polegadas para interagir com a câmera. A qualidade da tela em si é aceitável, mas câmeras híbridas costumam oferecer um display de resolução superior a 460,000 pixels. Outra desvantagem da tela é o fato de que ela exibe poucas informações. Não há, por exemplo, um modo de visão com histograma. Nessa mesma linha, os menus do visor oferecem uma interface bem fácil de ser usada para quem não tem o hábito de lidar com câmeras, mas faltam atalhos de ajuste que seriam úteis aos mais experientes.
Um exemplo evidente de limitação de ajustes é a ausência dos modos de exposição PASM tradicionais. Quem pega a J1 para tirar fotos deve escolher entre automático e automático, um mais simplificado que o outro. Em compensação (se for possível considerar tal recurso como compensação), há uma série de filtros que podem ser aplicados às imagens. Aliás, pode-se até mesmo criar um vídeo de cerca de 5 segundos que exibe a foto com uma música de fundo.
Bem mais interessantes que esses enfeites são as opções de organização dos arquivos. O fotógrafo pode discriminar cada captura de foto ou vídeo em até cinco categorias. Há ainda algumas formas de edição simples na interface da própria câmera. Pode-se, por exemplo, mudar a proporção das imagens e realizar cortes secos nos vídeos.
A J1 é leve para os padrões de uma câmera híbrida. Nossa balança marcou apenas 390 g quando a pesamos. Contudo, a empunhadura é muito desconfortável. A Nikon optou por um revestimento excessivamente liso que torna a J1 escorregadia. Como se isto não bastasse, os pontos de apoio também são escassos. Definitivamente a J1 não é capaz de reproduzir a sensação de segurança que uma DSLR transmite para quem a segura.
Pixels efetivos | 10,1 MP |
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Zoom óptico | 3x (10 mm a 30 mm) |
Filmagem | 1080p |
LCD | 3 |
Peso | 390 g |
Prós | Compacta; fácil de operar; ágil com o autofoco; realiza filmagens a 400 FPS ou 1200 FPS (com limitações significativas de resolução); |
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Contras | Empunhadura ruim; ausência de visor óptico; qualidade de imagem inferior à de modelos similares; |
Conclusão | A J1 é incapaz de satisfazer os desejos dos fotógrafos mais experientes; amadores, no entanto, encontram nela uma alternativa definitivamente mais avançada do que as compactas comuns; |
Imagem | 7,7 |
Velocidade | 7,5 |
Objetiva | 8,0 |
Visor | 6,9 |
Recursos | 8,1 |
Design | 7,7 |
Média | 7.6 |
Preço | R$ 3149 |