Tecnologia

Nikon D750

Como qualquer máquina, câmeras de alto desempenho geralmente tendem para uma ou outra especialidade. Olhando apenas para as Full Frame da Nikon, por exemplo, há uma divisão clara entre a alta resolução da D810 e a agilidade da D4s. Não é todo dia, portanto, que encontramos uma câmera muito versátil nessa classe profissional. Com algumas […]

D750 1

D750 1

DR

Da Redação

Publicado em 3 de agosto de 2015 às 17h32.

logo-infolab

Como qualquer máquina, câmeras de alto desempenho geralmente tendem para uma ou outra especialidade. Olhando apenas para as Full Frame da Nikon, por exemplo, há uma divisão clara entre a alta resolução da D810 e a agilidade da D4s. Não é todo dia, portanto, que encontramos uma câmera muito versátil nessa classe profissional. Com algumas reservas, a D750 é essa câmera.

Nota: realizamos os testes com a objetiva 24-70 f/2.8G ED.

Sensor e latitude

Embora a D750 se posicione como uma intermediária entre a D610 e a D810, engana-se quem pensa que ela tem mais em comum com o modelo mais barato só porque ambos têm uma resolução de 24 MP. Na verdade, em alguns sentidos, o CMOS da D750 é melhor que o da D810.

Foto por: Leonardo Veras

Por exemplo, o sistema de foco é em grande parte herdado do modelo mais caro, mas com algumas melhorias significativas no mais novo. Como a D810, a D750 oferece 51 pontos de AF, 15 dos quais são em cruz. A diferença é que ela consegue focar em cenas bem mais escuras. Em geral, é possível dizer que o autofoco da D750 consegue focar em níveis de luz até -1 EV mais baixos que a D810, mas quando há um contraste razoável na cena, essa diferença cai para até -3 EV ao usar um ponto em cruz.

Naturalmente, o AF da D750 não se equipara ao da D4s (especialmente em foco contínuo), mas ela possui uma vantagem clara sobre a D810 e está em outra classe em comparação com a D610. No entanto, a cobertura dos pontos de AF me pareceu ligeiramente mais estreita na D750 em comparação com a D810. Em algumas situações, isso me forçou a recompor mais vezes que o normal, mas não é nada que não possa ser contornado com algum tempo de prática (quem estiver acostumado com sensores APS-C pode até se sentir liberado).

Foto por: Leonardo Veras

Além do AF aprimorado, o sensor mais novo oferece maior resistência aos efeitos do ruído em ISOs altos do que a D610 e uma gama dinâmica consideravelmente mais ampla que a da D810. Nas fotos da D750 prevalece aquele jogo de tons que só é possível com câmeras de sensor grande, no qual o preto sutilmente se transforma em branco sem encurtar o amplo leque de cores da cena. Quanto ao ruído, ele só se torna um problema a partir do ISO 6400, quando ruído de chroma começa a se insinuar. Nesses dois pontos, a D750 está entre as melhores câmeras do mercado atual de máquinas Full Frame, perdendo apenas para a D4s.

Grande parte de nossos testes práticos foram realizados no Anime Friends, um evento que acontece no Campo de Marte. Esse tipo de cenário costuma ser desafiador porque a composição favorece aberturas amplas (para separar o retratado das outras pessoas) e a região é muito ensolarada (que leva a um risco de superexposição). Normalmente, é aconselhável usar um filtro de densidade neutra nesses casos. No entanto, a D750 capta tanta informação nas partes escuras da imagem, que é possível abaixar o nível de sombras durante o pós-processamento quase impunemente.

Foto por: Leonardo Veras

Aliás, pudemos notar algo muito curioso durante o processamento das imagens: a D750 oferece tanta latitude de exposição que há pouca diferença de nível de ruído entre alterar o ISO no momento da captura e alterar o valor de exposição mais tarde (naturalmente, aspectos como gama dinâmica variam). Você pode notar isso no exemplo abaixo. Tirei as duas imagens com a mesma configuração (1/60 s, f/2.8) exceto pelo ISO e apenas alterei o valor de exposição da primeira para se equiparar ao brilho da segunda.

Foto por: Leonardo Veras

Foto por: Leonardo Veras

Como você deve estar imaginando, essa característica proporciona uma tremenda flexibilidade durante o processo de edição. Comparando, câmeras da Canon, por exemplo, costumam ser altamente dependentes a amplificação de hardware, o que significa que uma simples alteração de valor de exposição nunca vai produzir um resultado tão bom quanto usar o ISO adequado no momento da captura.

Por fim, a D750 usa o hardware de fotometria mais sofisticado que a Nikon oferece no momento. Trata-se do mesmo sensor RGB de 91 mil pixels encontrado na D810 e na D4s. A alta resolução dá espaço para alguns truques interessantes, como a possibilidade de reconhecer e priorizar rostos em modo de fotometria matricial. Ainda assim, vale notar que a Canon oferece soluções ainda mais avançadas nesse ponto, como é o caso do sensor de 150 mil pixels da EOS 7D II.

Foto por: Leonardo Veras

Foto por: Leonardo Veras

Obturador e processamento

Um dos componentes que a Nikon escolheu para cortar custos na D750 é o obturador. O menor tempo de exposição oferecido pela câmera é 1/4000 s (1/200 s em sincronia com flash). Quase não existem situações em que uma velocidade de captura de 1/8000 s é útil, mas é preciso lembrar que essa omissão diminui um pouco o controle sobre a exposição da imagem.

Em compensação, o disparo contínuo é bem rápido. A Nikon promete que a D750 consegue capturar até 6,5 FPS, mas na verdade ela é até um pouco mais rápida que isso. Gravando RAWs e JPEGs simultaneamente, ela atinge 6,6 FPS, o que a coloca solidamente acima da D810. Aliada ao excelente sistema de foco, essa velocidade de captura permite que a D750 seja utilizada em cenas de ação. O único problema é que a Nikon manteve sua “tradição” de instalar buffers pequenos em suas máquinas: a taxa de 6,6 FPS só se mantém por 11 fotos. Depois disso, ela cai para cerca de 1 FPS.

Foto por: Leonardo Veras

Como a D810, a D750 se vale do chip Expeed 4 para processar fotos e vídeos. O conjunto de recursos é essencialmente o mesmo da D810, que já apresentava uma qualidade de vídeo excepcional. Não há grandes surpresas aqui. Como mencionado acima sobre as fotos, os filmes da D750 se beneficiam de ampla gama dinâmica e alta flexibilidade de edição. Os vídeos podem ser grados até 1080p (com bit rates de 22 e 38 Mbps) e as frame rates suportadas são 60p, 50p, 30p, 25p e 24p. Também como na D810, a D750 é capaz de exportar sinal de vídeo sem compressão (8-bit, com chroma subsampling 4:2:2) pela HDMI sem que a tela LCD se apague.

Controles e visores

Outro aspecto que não mudou é o esquema geral de controle da Nikon. Para ser mais específico, o layout de botões é quase idêntico ao da D7100. O leitor já deve ter deduzido isso, mas a ergonomia da D750 está no meio do caminho entre a D810 e a D750. Ela pode não ser tão leve quanto a D610, mas ela é muito mais sólida. Ela também é um pouco menor que a D810, mas não o bastante para prejudicar a empunhadura. É impossível prever como cada pessoa vai lidar com o design específico de uma câmera, mas pela minha experiência pessoal, ela é uma das máquinas Full Frame mais confortáveis que já segurei.

Foto por: Leonardo Veras

Digno de nota é o fato de que a D750 é muito customizável. É possível, por exemplo, alterar a direção e a escala das rodas de controle (algo que deve agradar quem está acostumado com máquinas da Canon). Cinco botões estão abertos para personalização e quatro deles podem ter funções diferentes se a câmera estiver em modo de foto ou vídeo.

Só para dar um exemplo, o sistema de controle automático de ISO é extremamente flexível. Como de praxe, é possível escolher um limite para o ISO máximo e outro para a velocidade mínima de obturador. Mas ela não para por aí: quando o tempo de exposição mínimo é configurado como automático, a câmera passa a levar a distância focal da lente em consideração, seguindo a velha regra de 1/distância para determinar que velocidade evitaria imagens borradas. Naturalmente, essa regra não vale para todo mundo, portanto a D750 também permite alterar a proporção entre a distância focal e a velocidade.

Foto por: Leonardo Veras

Também notável é o grau de controle sobre o vídeo. Três modos de exposição são habilitados durante a gravação de vídeo: P, A e M. Como não poderia deixar de ser, “P” é completamente automático, “A” libera o controle sobre a abertura e “M” é completamente manual exceto pelo ISO, que pode ser automático ou não.

Um recurso particularmente interessante é o Power Aperture Control que existe desde a D800. Basicamente, ele permite que o fotógrafo designe dois botões para abrir ou fechar abertura. Isso pode soar redundante, mas na verdade é muito útil: alterar a abertura pela roda de controle durante uma sequência pode prejudicar a composição e introduzir ruídos do mecanismo. Isso é particularmente verdade em DSLRs, mas o Power Aperture resolve esse problema na D750 e outras máquinas avançadas da Nikon.

Foto por: Leonardo Veras

Ainda na temática do vídeo, a D750 é a primeira Full Frame da Nikon com uma tela traseira articulada. Esse LCD tem as mesmas especificações que a D810: 1,2 MP de resolução e uma matriz de pixels no padrão RGBW (que produz uma imagem mais brilhante porque um em cada quatro pixels não tem filtro de cor). Além de facilitar a composição de vídeos com a articulação, o software que a ocupa exibe padrões zebra (para sinalizar áreas superexpostas da cena). Só faltou alguma forma de focus peaking, que é muito importante para o foco manual.

Mas a grande estrela quando o assunto é produção de vídeo profissional é a habilidade de aplicar perfis de imagem customizáveis na imagem. Um dos presets é particularmente útil: o Flat. Esse perfil reduz muito o contraste e a saturação das cores, produzindo uma imagem inicialmente pouco atraente. A vantagem aqui é que ele captura uma gama dinâmica mais ampla que os outros perfis e serve como uma boa fundação para fazer color grading manual no software de edição.

Foto por: Leonardo Veras

Vale a pena?

A D750 é uma câmera curiosa que não deve de modo algum ser subestimada. Ela é muito mais do que uma “versão barata da D810” - na verdade não existem diferenças substanciais entre as duas excetop pela resolução extra da D810. Com sua ampla gama dinâmica, excelente sistema de autofoco, disparo contínuo ágil e controles profundamente customizáveis, é difícil pensar em pontos fracos para essa máquina. Os arquivos RAW que ela produz só não são mais flexíveis que os da D4s ou os de uma câmera de médio formato. Simultaneamente, o LCD articulado, as opções de controle de vídeo e o perfil de cor Flat fazem da D750 a DSLR mais atraente da Nikon para a produção de filmes no momento.

Em um mercado que cada vez mais exige profissionais que cobrem várias áreas de atuação, ela é uma ferramenta ideal. Contudo, quem ainda atua como especialista pode tirar mais proveito de outras câmeras, especialmente no quesito vídeo, onde existem soluções mais focadas e mais baratas.  

 

Ficha técnica

SensorCMOS Full Frame; 24 MP; ISO 100-12800
Obturador30"-1/4000
Filmagem1080p@60 FPS; bit rates de 22 e 38 Mbps; exporta vídeo sem compressão pela HDMI
VisorÓptico; 100% de cobertura; 0,7x de magnificação
Tela3,2" TFT com 1,2 MP de resolução
Peso750 g
Dimensões14,1 x 11,3 x 7,8 cm

Avaliação técnica

PrósAmpla latitude e gama dinâmica; excelente sistema de autofoco; muito customizável; bons recursos de vídeo;
ContrasBuffer de disparo contínuo relativamente pequeno;
ConclusãoIndicada para profissionais generalistas que tiram fotos em vários estilos e também gravam vídeo
Imagem9.3
Velocidade7.9
Visor9.2
Recursos9.5
Design8.5
Média8.9
PreçoR$ 12.000
Acompanhe tudo sobre:Câmeras digitaisNikon

Mais de Tecnologia

Vale a pena comprar celular na Black Friday?

A densidade de talentos define uma empresa de sucesso; as lições da VP da Sequoia Capital

Na Finlândia, o medo da guerra criou um cenário prospero para startups de defesa

Brasileiros criam startup para migrar tuítes antigos para o Bluesky