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Nasa comprova que "motor impossível” funciona

EmDrive produz movimento sem interagir com nada. Livros de física terão que ser reescritos para explicar como

EmDrive é visto como uma possível revolução em viagens espaciais (Divulgação/Nasa/Superinteressante)

EmDrive é visto como uma possível revolução em viagens espaciais (Divulgação/Nasa/Superinteressante)

Fernando Pivetti

Fernando Pivetti

Publicado em 22 de novembro de 2016 às 10h36.

Última atualização em 22 de novembro de 2016 às 11h15.

É uma máquina simples: emite-se um feixe de microondas dentro de uma câmara de ressonância – um cone truncado de metal, fechado em todos os lados.

Isso produz movimento na direção oposta da base do cone. Sem que nada saia dele, nem o feixe de microondas.

Não é preciso ser físico para ver como essa máquina parece absurda. Para que uma coisa se mova, é preciso que interaja com outra coisa.

O jato move o avião forçando ar contra a atmosfera atrás dele. O foguete expele gases, exercendo força contra esses próprios gases – o que explica como funciona no vácuo.

É Terceira Lei do velho e bom Isaac Newton, uma parte de sua física que está longe de ser aposentada. A famosa ação e reação: o movimento é a reação que acontece ao se empurrar outra coisa – a ação.

Mas, como diria Galileu: “no entanto, se move”. A Nasa acaba de provar que o EmDrive produz uma força de 1,2 millinewtons por kilowatt no vácuo. Não é lá grandes coisas: o Hall Thruster, um foguete avançado de plasma, produz 60.

Mas o Hall Thruster precisa, como todo o foguete, de um propelente – isto é, gases a serem expelidos. E esses gases precisam ser carregados até o espaço, tornando o foguete mais pesado e exigindo mais gases ainda para sair da Terra.

Esse é o maior custo e o maior empecilho para viagens espaciais, principalmente de longa distância. O EmDrive está em seus primeiríssimos passos: acabam de provar que ele existe. Talvez ele tenha um potencial bem maior, que ainda não conhecemos.

Então chegamos à pergunta de um milhão de dólares: como funciona? E a verdade é que ninguém faz a menor ideia. A Nasa tentou um palpite arriscadíssimo: a máquina está empurrando o vácuo, o que seria possível por meio de uma interação quântica.

O problema é que, para isso ser válido, seria preciso se adotar toda uma explicação heterodoxa para a física quântica, a teoria da onda piloto.

Basicamente abandonada nos anos 1930, ela afirma que a incerteza quântica não existe. Isso vai de encontro a tudo o que se entende por física quântica, atirando pela janela o gato de Schrödinger e 80 anos de conhecimento.

O EmDrive não é só uma possível revolução em viagens espaciais, mas algo que está, já agora, só por existir, bagunçando o coreto aqui na bolinha azul.

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