guerra civil (Reuters)
Da Redação
Publicado em 4 de março de 2015 às 08h01.
Uma estiagem causada pelo aquecimento global estimulou a guerra civil na Síria, segundo um estudo publicado na segunda-feira (2).
Usando dados meteorológicos, pesquisadores da universidade da Califórnia descobriram que a estiagem ocorrida entre 2007 e 2010 não foi natural, mas relacionada ao aquecimento global causado pelo homem no último século.
Apesar de a região ser historicamente propensa a períodos de estiagem, Colin Kelley, líder da equipe de cientistas que organizou o estudo, afirma que "uma seca tão severa tornou-se duas ou três vezes mais provável" graças à mudança climática gerada pelos gases do efeito estufa.
Os autores do estudo admitem que a guerra civil na Síria foi causada por outros fatores, como corrupção e desigualdade social. Mas os pesquisadores consideram que a estiagem teve um "efeito catalisador" para o conflito, que já matou 200 mil pessoas no país.
Estudos anteriores revelam que a seca, aliada às políticas frágeis de distribuição de água na Síria, fez com que 1,5 milhão de pessoas saíssem do campo em direção às grandes cidades do país, por não terem o que plantar.
O imenso fluxo migracional agravou a crise socioeconômica do país, que levou à revolução contra o presidente Bashar al-Assad, em 2011.
Essa não é a primeira vez que um estudo afirma que as mudanças climáticas estão relacionadas com conflitos armados.
No ano passado, a ONU alertou que as alterações no clima do planeta podem levar ao aumento de disputas por terras e recursos naturais. O Pentágono, também em 2014, afirmou que as mudanças climáticas são um "multiplicador de ameaças", que podem aumentar a instabilidade política no mundo.