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Mexicanos usam redes sociais para evitar guerra do tráfico

Usuários trocam mensagens para não serem vítimas do fogo cruzado de facções do narcotráfico

Home do Twitter: contas institucionais do governo mexicano tentam filtrar o que de fato acontece ou não para informar usuários (Reprodução)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.

Cidade do México - Todas as manhãs, milhares de mexicanos, especialmente do norte do país, acessam as redes sociais na internet, como o Twitter e o Facebook - às vezes de seus 'smartphones' - para evitar tiroteios nas ruas, uma rotina que mostra como a violência do narcotráfico invade cada vez mais o cotidiano do país.

"Pedestres no centro relatam troca de tiros e perseguição, alguém mais?", pergunta BalaceraGDF, conta no microblog Twitter que alerta para o que acontece nas ruas de Guadalajara, segunda cidade do México. Centenas de relatos como este são publicados para divulgar problemas de segurança.

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Algumas contas são institucionais, como as criadas por várias cidades do estado de Tamaulipas (nordeste, na fronteira com os Estados Unidos), entre os mais afetados pela violência do tráfico, e que no começo do ano decidiram divulgar em tempo real informes de seus patrulheiros.

"A intenção é estabelecer mecanismos de comunicação para terminar com boatos que saem da rede social e informar o que acontece em tempo real", explica Juan Triana, diretor do governo municipal de Reynosa, cidade de 500.000 habitantes em Tamaulipas, vizinha a McAllen, nos Estados Unidos.

"Antes de levar meu filho para o colégio, eu consulto o meu BB (Blackberry) para checar o que acontece nas ruas, para não achar uma surpresa", conta, por telefone à AFP, Rosario León, funcionária de uma loja em Reynosa.

Em Tamaulipas e no vizinho estado de Nuevo León, também na fronteira com os Estados Unidos, desde fevereiro a violência associada ao narcotráfico tem se intensificado.

Segundo um boletim do governo mexicano, o noroeste do país é alvo de uma sangrenta disputa entre o Cartel do Golfo e Los Zetas, dois dos sete cartéis que operam no país, que já deixou mais de 1.300 mortos.


"Exército patrulhando #sanfernando com blitzes imprevistas.... Bom dia a todos", diz a mensagem de um usuário identificado como 'conductorerrant' de San Fernando, povoado de Tamaulipas que foi palco, no fim de agosto, de uma chacina de 72 imigrantes das Américas Central e do Sul, atribuída a Los Zetas.

Um pouco adiante, no porto de Tampico, a conta 'infotampico' pergunta: "alguém mais soube dos 4 enforcados de hoje na ponte?". Um usuário alerta, inclusive, da Cidade do México: "mobilização policial no Periférico, evite a região".

Com uma imprensa ameaçada - pelo menos 10 jornalistas mexicanos foram assassinados este ano -, estes relatos em tempo real "estão deslocando o papel dos meios de comunicação; no México há mais notícias de primeira ordem que aparecem primeiro nas redes sociais", explica à AFP Leobardo Hernández, pesquisador da Universidade Nacional Autônoma do México (Unam).

Hernández cita o sequestro do ex-candidato à Presidência Diego Fernández de Cevallos, do qual "se soube mais nas redes do que na mídia", segundo este pesquisador, co-autor do livro "Seguridad y delincuencia en internet", e que prepara um novo texto sobre o terrorismo na rede.

Mas as redes sociais não servem apenas para evitar a violência, adverte Hernández. Os grupos criminosos também podem usá-las para ameaçar, obter informações de vítimas ou evadir a ação das autoridades.

"Este é um entre muitos usos, ninguém pode duvidar do benefício das redes sociais, mas também envolvem riscos, sobretudo porque expõem em um foro público informação privada", explica.

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