Mercado de jogos amadureceu, diz presidente da Brasil Game Show
Para Marcelo Tavares, os videogames se tornaram mais poderosos e número de mulheres gamers aumentou nos últimos 12 anos
Lucas Agrela
Publicado em 2 de outubro de 2019 às 05h55.
Última atualização em 2 de outubro de 2019 às 05h55.
São Paulo – A Brasil Game Show, maior feira de jogos digitais da América Latina, será realizada em São Paulo de 9 a 13 de outubro. Neste ano, o evento reunirá as três principais marcas de videogames do mercado global: Microsoft , Nintendo e Sony .
A Brasil Game Show recebeu mais de 300 mil visitantes em 2018 e espera superar essa marca neste ano. Serão mais de 400 expositores reunidos no Expo Center Norte, na capital paulista.
Em entrevista a EXAME, Marcelo Tavares, presidente da Brasil Game Show, diz que o encontro das empresas em um só evento demonstra a importância do mercado brasileiro no contexto internacional. Tavares afirma, também, que o amadureceu globalmente e que público do evento se tornou mais diverso, com maior número de mulheres entre os visitantes do evento. Leia a entrevista a seguir.
Em 2019, a Brasil Game Show chega à sua 12ª edição. Ela segue relevante no mercado brasileiro de jogos digitais?
Sim. O evento é fundamental para o mercado de games brasileiro. Ele funciona como uma vitrine do setor para quem não é gamer e para o mercado internacional funciona. A BGS também é ponto de encontro da indústria com fãs na América Latina. Buscamos mostrar ao público novos jogos antes do lançamento global e, anualmente, trazemos pessoas importantes do mercado. A feira é uma plataforma de lançamento importante para o mercado brasileiro.
Qual é o maior desafio na organização de uma feira de games no Brasil?
Mesmo fazendo isso há 12 anos, o maior trabalho ainda é o de gerir de estantes e expositores. Cada estande se torna um evento próprio dentro da BGS. Temos estandes que ocupam mais de mil metros quadrados. Isso ajuda a feira a ser muito democrática. Cada espaço atende a um público diferente. É o desafio e, também, a força do evento.
Quais são as novidades mais importantes da edição de 2019 da BGS?
Neste ano, nem a E3, maior feira de games dos EUA, conseguiu reunir Nintendo, Xbox (Microsoft)) e PlayStation (Sony). Nós conseguimos isso em 2019. Todas essas marcas são patrocinadoras diamante do evento e contam com estantes de mais de mil metros quadrados. Esse será o grande destaque da feira. A Nintendo não tinha estande próprio há anos. Fora isso, teremos na feira um grande número de palestrantes importantes do mercado, como o trio de atores que deram vida aos protagonistas do jogo GTA; o dublador oficial de Mario e Luigi, Charles Martinet; o produtor do Street Fighter V, Yoshinori Ono; o diretor do jogo Sekiro, Hidetaka Miyazaki; o criador do jogo de tiro Doom, John Romero. A Videogame Orchestra vai tocar em dois dias do evento, trazendo repertório de músicas de games. Há, por fim, a participação inédita da Epic Games, responsável pela febre Fornite. Tudo isso além de campeonatos de Mortal Kombat, Counter Strike e CrossFire.
O que significa a volta de Nintendo para a BGS?
Acredito que esse movimento tenha vários significados. Há um fator de nostalgia. Eu mesmo comecei minha vida nos games jogando no Atari e, logo depois, joguei muito os consoles da Nintendo. É uma satisfação grande atender ao desejo do público de ver a Nintendo em uma feira de games no Brasil. O brasileiro é muito apaixonado pela Nintendo. É a mais antiga entre as empresas do mercado de games, fundada em 1889. Por outro lado, ter as três maiores empresas de consoles no mesmo evento é um sinal do quanto o mercado é importante.
Como o setor de games evoluiu nos últimos anos? Ele amadureceu?
Sim. O setor de jogos digitais evoluiu bastante globalmente. Os consoles ficaram mais poderosos. Os jogos online ficaram mais importantes em todo o mundo. A mídia física perdeu espaço para a digital, e hoje temos pessoas que jogam em muitas plataformas, como PC e smartphone. A mudança de perfil do público nos últimos 12 anos foi notável. Antes, os visitantes da feira eram mais jovens e predominantemente masculino. Hoje ele é mais dividido, são 60% de homens e 40% de mulheres que visitam a Brasil Game Show. A idade média dos visitantes, apesar de ainda ser de 21 anos, há cada vez mais adultos com 40 anos na feira, bem como crianças pequenas. O gamer envelheceu, mas não abandonou os jogos. Na década passada, as grandes produtoras de games não estavam no Brasil. Acredito que a feira tenha ajudado a atrair o olhar das empresas do setor para o mercado brasileiro.
Qual é a expectativa de visitantes para a Brasil Game Show 2019?
No ano passado, foram 325 mil visitantes em cinco dias. Não podemos relevar uma previsão, mas nossa meta é quebrar esse recorde. Tudo leva a crer que conseguiremos isso. Os ingressos para sábado se esgotaram cinco meses antes do evento. Além disso, contabilizando todos os estandes, teremos mais de 400.