Maioria dos usuários não sabe o que o Facebook sabe sobre eles
Segundo pesquisa, 74% dos usuários do Facebook nos EUA não faz ideia de que seus interesses estão listados na rede social
Gustavo Gusmão
Publicado em 18 de janeiro de 2019 às 05h58.
Última atualização em 18 de janeiro de 2019 às 05h58.
São Paulo — Uma parcela de 74% dos usuários do Facebook nos EUA não fazia ideia do que a rede social sabia sobre eles. Quem os surpreendeu com essa “novidade” foi o instituto Pew Research Center, que, para realizar uma pesquisa, apresentou a 963 norte-americanos a página de preferências de anúncios da plataforma.
Realizado entre setembro e outubro do ano passado, o estudo tinha como objetivo avaliar o quão por dentro do funcionamento da rede social estão os usuários do país. Os participantes do estudo foram primeiro direcionados para a página mencionada, que reúne basicamente tudo o que o Facebook sabe sobre eles. Muitos se mostraram surpresos com a existência dela.
Estão listadas ali as personalidades favoritas de cada usuário, seus interesses relacionados a negócios, seus esportes favoritos e até mesmo os hobbies que ele parece ter — tudo com base em suas ações na plataforma e, por vezes, fora dela.
É possível modificar todas as informações manualmente, mas, no geral, o Facebook organiza tudo automaticamente em categorias. E a plataforma parece saber o que está fazendo: 59% dos participantes disseram que a página reflete bem seus interesses, com apenas 27% alegando que o sistema estava muito ou completamente errado sobre eles.
Mesmo “elogiando” a precisão, 51% dos entrevistados pelo Pew Research se mostraram desconfortáveis com o fato de que o Facebook categoriza seus interesses em listas. E uma pesquisa do mesmo Pew Research já mostrou o que usuários insatisfeitos podem fazer: segundo o outro estudo, 26% dos usuários da rede social já chegaram a deletar o aplicativo dela de seus celulares em algum momento, enquanto 42% “deram um tempo” na plataforma.
Em comunicado enviado ao The Verge, a empresa ao menos se mostrou disposta a conversar. “Nós queremos que as pessoas entendam como nossas configurações de anúncio funcionam”, diz o texto. “E quanto nós e o restante da indústria de publicidade online precisamos educar melhor as pessoas sobre como os anúncios na internet funcionam e como protegemos as informações delas, nós estamos abertos a conversar sobre transparência e controle.”