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"O LP é perfeito"

Charles Gavin, baterista dos Titãs e produtor musical, fala sobre o revival dos discos de vinil em plena era digital

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 29 de outubro de 2009 às 16h49.

O músico Charles Gavin, 49 anos, começou a ouvir música colocando LPs nas vitrolas. Na adolescência, quase furou de tanto ouvir as velhas bolachas de Led Zeppelin, Black Sabbath e Emerson, Lake & Palmer, entre outras. Hoje, acompanha com grande interesse o revival dos discos em vinil, que estão batendo recordes de vendas em mercados como o dos Estados Unidos. Além de baterista dos Titãs, Gavin especializou-se em garimpar pérolas perdidas no acervo das gravadoras para relançamentos e apresenta programas sobre música na rádio Eldorado, de São Paulo, na TV a cabo, no Canal Brasil. A seguir, a íntegra da entrevista:

Num disco, cabem mais ou menos 40 minutos de música. Esse é um tempo que se encaixa melhor no tempo disponível de atenção de um ouvinte. Para as bandas, é também o tempo suficiente para apresentar um bom repertório. Nesse sentido, não inventaram ainda formato melhor que o bom e velho LP.

Mas o CD não tem a vantagem de ampliar esse limite de tempo?

Teoricamente, sim, pois dá para botar num CD uns 80 minutos de música. Na prática, porém, isso virou uma desvantagem. Nos tempos em que se gravava para o LP, as bandas selecionavam o que havia de melhor em seu repertório no momento para caber nos dois lados de 20 minutos. Com o CD, todo mundo, inclusive os Titãs, resolveram gravar tudo para aproveitar o espaço maior. O problema é que nem tudo merece realmente ser gravado e apresentado ao público.

A qualidade sonora do LP é realmente melhor que a do CD, como defendem vários audiófilos?

Essa é uma história muito questionável. Existem CDs com qualidade de gravação igual à dos melhores LPs. A gravadora alemã ECM, especializada em jazz, por exemplo, produz CDs com uma qualidade de som de primeira linha.

Que tipo de fascínio os jovens da era digital encontram hoje nos vinis?

Minha geração, que nasceu nos anos 60, viveu pautada por uma espécie de pacote básico: um filme, um livro e um disco. Então, posso dizer que nunca perdi o interesse pelo assunto, mesmo quando o CD chegou nos anos 80 fazendo todo aquele estardalhaço. Para os mais jovens, o LP propõe uma audição diferente. Você não pode levá-lo para nenhum lugar. Não dá para levar para a pista de cooper, para a praia, para o metrô. Tem que ouvi-lo na sala. E a audição requer aquele ritual, de tirar o disco da capa, botar na vitrola, descer a agulha... Muita gente está descobrindo agora que essa é uma forma diferente e bacana de degustar as bandas que eles tanto admiram.

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