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L’Oréal pretende começar a imprimir pele humana em 3D

A empresa anunciou que fará parceria com startup para descobrir como imprimir pele viva em 3D para testar seus produtos


	Pele: esta não é a primeira vez que a L'Oréal tenta produzir pele
 (Divulgação)

Pele: esta não é a primeira vez que a L'Oréal tenta produzir pele (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 18 de maio de 2015 às 16h35.

A L'Oréal precisa de pele humana. E de muita. Por isso, o colosso francês dos cosméticos anunciou que vai fazer uma parceria com a startup de bioimpressão Organovo para descobrir como imprimir derme viva em 3D que possa ser utilizada para testar a toxicidade e a eficácia de produtos.

“Somos a primeira empresa de estética a trabalhar com a Organovo”, disse Guive Balooch, vice-presidente global da incubadora de tecnologia da L'Oréal.

Esta não é a primeira vez que a L'Oréal tenta produzir pele. Para tentar evitar os testes em animais, a empresa começou a cultivar derme já na década de 1980.

Em Lyon, França, ela dirige laboratórios com instalações do tamanho de três piscinas olímpicas que são dedicados exclusivamente à produção e à análise de tecidos humanos. Cerca de 60 cientistas trabalham no local e cultivam mais de 100.000 amostras de pele por ano.

Isso equivale aproximadamente a cinco metros quadrados de pele por ano ou ao couro de uma vaca. Cada amostra mede 0,5 centímetro quadrado.

As mais grossas têm 1 milímetro de espessura.

Conforme o método atual, as amostras de pele são cultivadas a partir de tecidos, doados por pacientes que se submeteram a cirurgias plásticas na França, que são cortados em pequenos pedaços e reduzidos a células.

Essas células são colocadas em bandejas, alimentadas segundo uma dieta especial e patenteada, e expostas a sinais biológicos que imitam os recebidos pela pele verdadeira.

“Criamos o ambiente mais parecido possível com estar dentro do corpo de alguém”, disse Balooch. Em aproximadamente uma semana, as amostras se formam, acrescentou ele, “porque a pele tem diferentes camadas e é necessário cultivá-las de modo sucessivo”.

A L’Oréal utiliza cerca de metade da pele que produz e vende o restante a empresas farmacêuticas e a concorrentes do setor de cosméticos. A empresa não quis revelar os preços atuais, mas, em 2011 ela disse à Bloomberg que cada amostra custava 62 euros (US$ 70,62). Há nove variedades de pele disponíveis, que abrangem diversas idades e etnias.

Produção de pele

Com a ajuda da Organovo, que tem sede em San Diego, a L’Oréal pretende acelerar e automatizar a produção de pele nos próximos cinco anos.

A pesquisa do projeto será realizada nos laboratórios da Organovo. A L’Oréal contribuirá com conhecimentos sobre pele e todo o financiamento inicial e a Organovo, que já trabalha com empresas como a Merck na impressão de tecidos do fígado e do rim, vai oferecer a tecnologia.


A L’Oréal, que é uma empresa muito mais tecnológica do que as pessoas imaginam, investe cerca de 3,7 por cento de sua receita – mais de US$ 1 bilhão anualmente – em pesquisa e desenvolvimento.

É quase o dobro do padrão no setor, disse Deborah Aitken, analista da Bloomberg.

Um exército de aproximadamente 3.800 cientistas da L’Oréal, em cerca de 50 países, trabalha para criar inovações no campo da estética.

À disposição deles estão máquinas especialmente projetadas que fazem coisas como lavar o cabelo repetidas vezes ou fornecer imagens 3D de células que exibem distintos materiais, como colágeno e queratinas.

No ano passado, a empresa chegou a lançar um aplicativo chamado Makeup Genius que permite que você se veja, em tempo real, usando produtos que não estão de fato em seu rosto.

A L’Oréal terá direitos exclusivos sobre a pele impressa em 3D que será desenvolvida com a Organovo para usos relativos a produtos de venda livre destinados aos cuidados com a pele.

A Organovo reterá os direitos sobre os modelos de tecido para testar a eficácia de remédios prescritos, testes de toxicidade e o desenvolvimento e o teste de tecidos terapêuticos ou transplantados cirurgicamente.

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