Tecnologia

Livro descreve tensões internas do WikiLeaks

Daniel Domscheit-Berg, ex-braço direito de Julian Assange e autor do livro, expõe seu rompimento com o chefão do Wikileaks

Julian Assange, fundador do WikiLeaks: segundo jornalistas britânicos, hacker se disfarçou de uma idosa por mais de 2 horas (Ben Stansall/AFP)

Julian Assange, fundador do WikiLeaks: segundo jornalistas britânicos, hacker se disfarçou de uma idosa por mais de 2 horas (Ben Stansall/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de fevereiro de 2011 às 20h21.

Londres - O ex-braço direito de Julian Assange à frente do WikiLeaks lançou na quinta-feira um livro em que descreve Assange como um valentão irresponsável e autoritário, que chegou a ameaçá-lo de morte.

Em "Inside Wikileaks: My Time with Julian Assange at the World's Most Dangerous Website" ("Por dentro do WikiLeaks: meu período com Julian Assange no site mais perigoso do mundo"), Daniel Domscheit-Berg diz ter abandonado o WikiLeaks em setembro por discordar da gestão do projeto e por ter sido falsamente acusado por Assange de ter promovido o vazamento de documentos internos e secretos do próprio site.

O WikiLeaks tem provocado irritação dos EUA e de outros governos nos últimos anos ao divulgar documentos sigilosos, como um recente lote com mais de 250 mil comunicações diplomáticas norte-americanas.

Mas o livro insinua que o WikiLeaks foi afetado em sua capacidade de fazer novas revelações porque um programador descontente desligou um componente que garantia o anonimato de quem pretendia entregar materiais - algo que ativistas e jornalistas que trabalharam com o site confirmaram à Reuters.

Nem Assange nem outras pessoas ligadas a ele responderam a pedidos feitos por email pela Reuters para que comentassem o livro. Mas Kristinn Hrafnsson, porta-voz do WikiLeaks, confirmou em nota à revista Forbes que o sistema de recepção de documentos está sendo reformulado, e criticou Domscheit-Berg por ter supostamente exagerado seu envolvimento com o site. Acrescentou que o WikiLeaks processará Domscheit-Berg por sabotagem.

Uma fonte familiarizada com o conteúdo do livro disse que Domscheit-Berg levou consigo vários documentos que estavam em poder do WikiLeaks e ainda não haviam sido divulgados.

No livro, ele mostra como dois amigos íntimos acabaram por se detestar. "Havia momentos em que (Assange) me ameaçava muito intensamente, ameaçando me perseguir e me matar, ou, no final, ir com a polícia para levar todos nós presos", disse Domscheit-Berg numa entrevista coletiva em Berlim.

Domscheit-Berg disse que Assange nunca deliberou com seus colegas sobre como proceder, e "várias vezes divulgou materiais apesar de acordos internos em contrário". "São dados que ainda não foram editados e que podem ainda incluir informações sobre as fontes", explicou. "Isso é simplesmente irresponsável."


Domscheit-Berg recentemente anunciou que criaria um site "concorrente" do WikiLeaks, chamado OpenLeaks.org, com apoio de um ex-programador do WikiLeaks, supostamente alemão, com maior habilidade informática do que o próprio Assange.

Não se sabe exatamente quanto material enviado ao WikiLeaks está atualmente em poder de Domscheit-Berg e do programador, conhecido apenas como "O Arquiteto".

Domscheit-Berg não deu pistas sobre o conteúdo ou volume do material, mas insinuou que poderá no futuro devolvê-lo a Assange.

O novo site não se propõe a publicar ou analisar os vazamentos recebidos, e sim servir como veículo para a divulgação de parceiros do site, o que pode incluir meios de comunicação, ONGs e sindicatos.

Em uma entrevista à revista alemã Stern, Domscheit-Berg declarou que os dados ainda em poder de Assange são antigos e "completamente não-espetaculares".

Acompanhe tudo sobre:InternetJulian AssangePersonalidadesSitesWikiLeaks

Mais de Tecnologia

Bluesky testa recurso de trending topics e promete implementação gradual

Computadores quânticos estão mais perto de nossa realidade do que você imagina

Proibição do TikTok nos EUA pode deixar 'buraco' no setor de compras via redes sociais

Irã suspende bloqueio ao WhatsApp após 2 anos de restrições