Kaltura quer revolucionar a entrega de vídeo na internet
Para Lars Jener, representante no Brasil do grupo responsável pelo player HTML 5 da Wikipédia, companhia é opção para quem quer ir além do YouTube
Rafael Kato
Publicado em 3 de agosto de 2014 às 15h13.
São Paulo - A Kaltura, companhia criadora da primeira plataforma de vídeo open source na web, quer expandir sua atuação no Brasil. Grupo responsável pelos players HTML5 da Wikipédia , de plataformas de treinamento de universidades norte-americanas e pelo serviço on-demand da Vila Sésamo (o Sesame Go), planeja maior atuação no Brasil depois de um aporte de US$ 47 milhões no início do ano.
INFO conversou com Lars Janer, country manager da empresa, sobre como a Kaltura quer ser uma alternativa para as empresas brasileiras que buscam monetizar conteúdo além do YouTube.
INFO: Quais soluções a Kaltura oferece?
Lars Jener: A Kaltura oferece uma solução de centralização de vídeos. O cliente pode subir tudo pela gente e a plataforma converte para 20 formatos diferentes. A Kaltura reconhece a banda e o dispositivo usado pelo usuário. Isso resolve o problema de quem contrata o serviço. É um problema comum em educação, por exemplo, pois você precisa funcionar em todos os navegadores e bandas.
Também é possível conectar com YouTube. Nós oferecemos um portal de vídeos para que o cliente tenha uma espécie de YouTube particular e instantâneo. Se o cliente possuir mil vídeos, por exemplo, todos eles estarão organizados. É um portal que vem com login e que pode ser usado para veiculação para público externo, marketing ou treinamento interno das empresas. A Philips fez, por exemplo, o portal chamado BlueTube com a gente.
Ela usa como um canal de treinamento. A Best Buy é nossa cliente nos Estados Unidos. Dá para conectar também com o sistema de videoconferência da empresa. Ao terminar uma reunião por vídeo, por exemplo, o vídeo já fica disponível no sistema. Uma única plataforma resolve todas as necessidades.
INFO: Seu modelo de negócio é cobrar pela banda ou pela quantidade de vídeos?
Lars Jener: O licenciamento da plataforma acontece cobrando pelo armazenamento e pelo streaming. Porém, se o cliente quiser usar o serviço similar ao YouTube, cobramos por milhares de logins usados. No caso de clientes educacionais, cobramos por milhares de alunos.
INFO: A ideia é que as empresas possam substituir o YouTube?
Lars Jener: A ideia não é substituir o YouTube. Uma empresa que já está lá não sairá jamais, mesmo porque se trata de algo importante para marketing. O que a gente quer é trazer o usuário do YouTube para um ambiente em que o cliente tenha controle.
É um ambiente em que o usuário termina de ver um vídeo do cliente e não vai ver a última piada do Porta dos Fundos, mas outro vídeo da empresa. Para quem trabalha com marketing, é uma maneira de criar um ambiente totalmente dele. É aí que entra outra chave do negócio, que é monetizar o conteúdo.
INFO: Foi isso que vocês fizeram com a Vila Sésamo?
Lars Jener: A Vila Sésamo foi um pouco além. Temos uma solução na qual o cliente pode cobrar uma assinatura do usuário. É um produto diferente nosso que chama media GO. Entregamos um portal com controle total. É a criação de um Netflix instantâneo. Isso é que tem sido a nossa grande demanda. Essa é a nova onda. Todo mundo está indo para esse modelo.
A Vila Sésamo cobra quatro dólares por mês ou 30 dólares por ano para que uma pessoa possa assistir no computador, no iPod, no iPhone e no iPad. Isso sem anúncio algum. Somos uma plataforma que permite ao produtor de conteúdo de qualidade chegar diretamente a quem consumir, sem intermediários. No YouTube, é bom lembrar, você divide 50% da publicidade. É uma loucura tentar ganhar dinheiro apenas ali.
INFO: E essa questão de quem é o dono do conteúdo parece central agora, não?
Lars Jener: Haverá uma revolução na entrega de conteúdo nos próximos anos. É uma preocupação de todo mundo. Seja da Globo, da Abril ou de qualquer outra empresa. A questão é: qual será o modelo? A nossa plataforma possibilita qualquer modelo, pois entrega em qualquer dispositivo. Entrega no videogame, na TV inteligente, no smartphone. A entrega de vídeo precisa ser feita onde e como o cliente quiser.